
A pastora Mariann deixou o presidente dos Estados Unidos a refletir sobre os seus atos CRÉDITOS: Divulgação
Na missa realizada na Igreja Episcopal de St. John, em Washington, a Reverenda Mariann Edgar Budde trouxe o sermão.
23-01-2025 às 07h04
Daniel Rocha*
Ela – a Reverenda Mariann Edgar Budde – fez o presidente dos Estados Unidos engolir a sua própria pequenez, ao dizer a ele o que disse e o levou ao afirmar que ela devia pedir desculpa. Sem querer, querendo, ele cria um problema com o Rei da Inglaterra, Charles, o representante maior da religião Anglicana.
A pastora, acredito, não pedirá desculpa porque ela foi iluminada ao dizer o que disse ao presidente Trump, merecidamente. O Rei da Inglaterra tampouco irá exigir dela um pedido de desculpa. E ele não exigindo isso dela estará dando o necessário apoio à pastora de sua igreja.
É possível que Trump, como se fora um “fachadista” – aquele profissional que trabalha no alto de edifícios sentado numa cadeirinha presa em duas cordas, uma ao lado da outro – neste episódio fica lá em cima de sua arrogância, com a brocha na mão.
Leia abaixo o artigo do pastor Daniel:
A PASTORA QUE NÃO SE CALOU…
Depois de passarmos o dia vendo um homem embevecido pelo poder, seduzido por sua vaidade, deslumbrado de seus feitos, sim, depois de ouvi-lo dizer cheio de soberba e vanglória que “nós não precisamos de ninguém”, era preciso alguém com coragem para lembra-lo do homem falho e pecador que é.
E foi, então, naquela igreja, diante daquele ser que desperta temor de todos, que uma mulher de pequena estatura e aparência frágil, não se apequenou. Não o atacou em sua pessoa, em sua honra… Simplesmente pregou-lhe o evangelho.
Na missa realizada na Igreja Episcopal de St. John, em Washington, a Reverenda Mariann Edgar Budde trouxe o sermão. E na Igreja, sentado na primeira fila com sua família, um incomodado presidente não gostou do que ouviu…
“Em nome de Deus, tenha misericórdia de pessoas que estão com medo…” “As pessoas que colhem nossos alimentos, limpam nossos escritórios, que nos limpam os pratos em restaurantes ou fazem plantão pelas noites nos hospitais. Eles podem não ser cidadãos ou tenham os documentos adequados. Mas, em sua maioria, eles não são criminosos. Pagam impostos, são bons vizinhos. Peço que tenham misericórdia de nossas comunidades cujas crianças temem que seus pais sejam levados”.
Em sua mensagem, ela ainda insistiu sobre a necessidade de se proteger “a dignidade de todos”. Pediu que não haja a “demonização do outro”. Afinal, “Jesus pediu que não só possamos amar o nosso vizinho, mas nossos inimigos…”
Criticou aqueles que dividem a sociedade entre “pessoas de bem e os outros”. “Somos todos “pessoas”, disse ela.
Ela ainda mandou um recado aos religiosos: “Deus não fica impressionado com nossas orações, se não agimos de forma correspondente”.
Parabéns à corajosa pastora. Cumpriu o seu papel de cristã, sem temor diante dos homens.
Com o seu sermão a reverenda nos lembrou que não é papel do cristão, ou de pastores, afagar os poderosos em seus malfeitos, mas confrontá-los em seus intentos naquilo que desagradam a Deus e contraria a vida.
*Daniel Rocha é pastor