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Caminho sustentável para o desenvolvimento

Caminho sustentável para o desenvolvimento

Estamos falando de um país onde apenas 30% de vias navegáveis são utilizadas, e onde os investimentos no setor têm sido historicamente baixos

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11-10-2024 às 11h:11

Fernando Neto*

Quando se fala em transporte no Brasil, é fácil pensar nas estradas e aeroportos, mas poucos percebem o potencial imenso que corre nas veias do nosso País: os rios. Em um mundo onde a sustentabilidade ganha cada vez mais espaço nas discussões globais, o Brasil tem a chance de investir em sua malha hidroviária. O transporte hidroviário interior (THI), que ainda é subaproveitado, surge como alternativa eficiente, essencial para o desenvolvimento econômico e ambiental.

Por que investir em infraestrutura fluvial? A resposta é clara: sustentabilidade, economia e eficiência. Outros modais de transporte, rodoviário e o ferroviário, são fundamentais, mas o THI se destaca por emitir menos gases de efeito estufa e consumir menos combustível. Isso não é apenas uma vantagem ambiental; é uma questão de competitividade. Países como China, Estados Unidos e membros da União Europeia já entenderam isso e utilizam suas vias navegáveis estrategicamente.

Contudo, o caminho para o desenvolvimento dessa infraestrutura no Brasil não é simples. Estamos falando de um país onde apenas 30% de vias navegáveis são utilizadas, e onde os investimentos no setor têm sido historicamente baixos. Desde 2009, houve uma redução de quase 88% dos investimentos no THI. A falta de uma política pública eficaz, somada à burocracia e à insegurança jurídica, tem sido um obstáculo significativo. No entanto, o desafio maior talvez esteja na mentalidade: é preciso ver além das rodovias e perceber que os rios podem, na verdade, impulsionar o crescimento.

Quais seriam os benefícios de um investimento massivo nesse tipo de transporte? Imagine um Brasil onde as longas distâncias são percorridas por embarcações que transportam grandes quantidades de carga a um custo muito menor, tanto econômico quanto ambiental. Em uma realidade em que acidentes rodoviários, os congestionamentos e os descartes de resíduos perigosos no meio ambiente são reduzidos drasticamente. Um Brasil onde a matriz de transporte é verdadeiramente integrada, com o modal hidroviário conectado aos modais rodoviário e ferroviário, criando corredores logísticos que dinamizam a economia e reduzem o impacto ambiental.

Esse cenário ideal depende de uma série de fatores estratégicos. Primeiro, é necessário suporte político de alto nível, com uma agenda clara e bem definida para o desenvolvimento do THI. Em seguida, a melhoria da infraestrutura fluvial, com obras de sinalização, dragagem e modernização das embarcações. Também não podemos esquecer a importância da formação de profissionais qualificados para operar e administrar essa infraestrutura.

Outro ponto fundamental é a criação de centros logísticos que permitam a integração eficaz entre os diferentes modais de transporte. Esses centros seriam responsáveis por reduzir os custos de movimentação de cargas e as emissões de gases de efeito estufa, promovendo um transporte mais verde e eficiente.

Os rios brasileiros, especialmente na região Amazônica, com seus 16 mil quilômetros de vias navegáveis, oferecem uma oportunidade única. Imagine o impacto positivo de integrar essa vasta rede fluvial ao sistema de transporte de grãos do Centro-Oeste, uma região que segundo estimativas, em breve, será a maior produtora mundial de soja. Com os investimentos corretos, o Brasil poderia escoar sua produção de maneira mais eficiente, reduzindo os custos e tornando-se ainda mais competitivo no mercado global.

O desenvolvimento do THI no Brasil não é apenas uma questão de infraestrutura. Trata-se de um compromisso com o futuro, com a sustentabilidade e com o desenvolvimento econômico. Ao investir em nossos rios, estamos investindo em um Brasil mais forte, mais competitivo e mais consciente de seu papel no cenário global.

*Fernando Neto é presidente do AtualBank

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