Português (Brasil)

Com a presença do espectro de “Marão”

Com a presença do espectro de “Marão”

A família do doutor Mário Ribeiro da Silveira comemorou o centenário dele no sítio “Tira-Teima”, em Montes Claros, como ele merecia; foram lançados o livro sobre ele e o de Ucho Ribeiro, sobre “Escrituras Catrumanas”

Compartilhe este conteúdo:

24-09-2024 às 10h:34

Alberto Sena*

Foi como se o espectro eletromagnético de “Marão” estivesse ali, de mesa em mesa, a conversar com cada um de nós, com o seu jeito característico de falar, meio taquara rachada, mas de uma sinceridade, honestidade e autoridade como de sempre.

Mário Ribeiro da Silveira, aquela figura humana impoluta, médico, dava consultas muitas vezes na rua, quando era encontrado andando ou no “O Jornal de Montes Claros”, na Rua Dr. Santos 103, hoje uma agência bancária, onde ia com frequência para conversar com o jornalista papa do Jornalismo norte-mineiro, Waldyr Senna Batista, diretor de Redação, autor da coluna “do Secretário”.

Sem dúvida, “Marão” estava ali, a fim tirar teima, e participar dos festejos dos seus 100 anos de nascimento, comemorados com a sua maneira espontânea de ser, com cada um de nós, entre as árvores divinamente conservadas do sítio, onde se encontravam cerca de uma centena de pessoas que com ele tiveram o privilégio de conviver.

E de tão presente estava, ele mesmo lançou o próprio livro que dele trata, intitulado “Marão, Mário Ribeiro da Silveira – Um visionário progressista do Norte de Minas”, organizado pelo antropólogo João Batista de Almeida Costa. Editora Poiszé, revisão de Noêmia Coutinho Pereira Lopes. Projeto gráfico de Chorró Morais; capa de Márcio Leite; e fotos de Fábio Marçal e arquivo de família.

Um livro digno da estatura tanto física como em progressão geométrica rumo cósmico do seu espectro eletromagnético, e também do seu irmão, o grandioso Darcy Ribeiro, que ali no meio de nós estava vendo por entre as árvores os lampejos da Lua, quase tão vermelha como o Sol tem nascido enfumaçado devido às criminosas “queimadas”.

O conteúdo do livro é uma coletânea de textos de vários autores, inclusive um de minha autoria, o mais simples de todos, mas privilégio meu de tê-lo ali, porque a publicação, sei eu, vai correr Brasil e o mundo e alguém irá ler a minha gratidão e de muitos outros ao Marão. Sim, porque Marão, com toda a sua simplicidade nata, foi um exemplo de inteligência e competência.

Já disse em outra ocasião, todo básico para a formação de uma sociedade, tem os dedos das mãos de Marão, a partir da saúde porque médico sanitarista ele era; na Educação, na criação de universidade, na Cultura, no Esporte, no lazer. Ele foi e é porque o espetro dele ali esteve no meio de nós, uma das personalidades que fizeram a Montes Claros de hoje, com toda essa potência desenvolvimentista, capital de fato do Norte de Minas.

A FESTA

Mesas redondas espalhadas entre a sede do sítio e as árvores frondosas, lá onde meio século atrás era longe da cidade – região da Malhada Santos Reis – atualmente faz parte da urbanidade de Montes Claros, com restaurantes e bares, numa efervescência de alegria, como se o mundo se resumisse só a esses espaços.

No sítio foi uma satisfação enorme, oportunidade de encontros com pessoas importantes como Francisco Ornelas, Virgínia de Paula, Graça Torres, Luiz Ribeiro, Jacy Ribeiro, viúva de Mário; Berta Ribeiro e dr. Paulo de Tarso, marido; Patrícia Ribeiro e Rui Barbosa; Fred Ribeiro; Ucho Ribeiro e Denise Lima, namorada; Marquin; Mônica Ribeiro e Raimundo Neto, marido; Márcia Ribeiro; João Batista Almeida Costa (Joba) e a irmã, Mercês Antonieta; dr. Hubert Caldeira; dr. Fernando Colares; Sidia Paculdino;  dr. Walter Lima; Márcia Maia, viúva de Felipe Gabrich, e filha, Lara Gabrich; Carine Almeida e Cláudia Almeida, sobrinhas de Jacy e tantas outras mais.

Nas mesas tudo aquilo que Marão gostava de comer, ali era servido, como pastéis de carne, bolinho de bacalhau, pernil, dourado assado, empadinhas, cerveja e uísque, numa fartura que, certamente alguém deve ter saído dali um pouco mais gordo depois de comer tanto.

Em certa altura da noite, de repente, algumas pessoas distribuíram o livro sobre Marão de mesa em mesa e também o do filho dele, Ucho Ribeiro, intitulado “Escrituras Catrumanas”, com belíssimas ilustrações de Silvana Soriano.

Em um certo momento algumas pessoas fizeram uso do microfone numa espécie de palanque e contaram histórias e peripécias de Marão, inclusive Dona Jacy, viúva dele, e o filho Ucho Ribeiro.

A descontração e alegrias predominaram no ambiente numa profusão de encontros com gente que não se via há décadas.

E não se pode deixar de mencionar, Marão foi o anfitrião do seu próprio centenário de nascimento, porque excepcionalmente, obteve licença de onde está para cumprimentar a cada um dos seus amigos, que tanta vida a ele deram quando marcou presença no meio de todos nós para sempre.

O espectro eletromagnético dele esteve presente entre nós e os mais sensíveis perceberam isso, com certeza.

*Editor do DM

Compartilhe este conteúdo:

 

Synergyco

 

RBN