
Presidente Lula e demais chefes de estado na reunião G7 no Canadá créditos: divulgação
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20-06-2025 às 08h28
Direto da Redação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou sua agenda no Canadá com reuniões focadas em comércio, mudanças climáticas e geopolítica. Segundo fontes oficiais, o encontro com o primeiro‑ministro Justin Trudeau abordou acordos comerciais, a luta contra as mudanças climáticas e a importância de uma posição unificada diante de conflitos globais, especialmente no contexto da guerra na Ucrânia.
Na sequência de uma viagem diplomática à Rússia em maio de 2025, Lula e sua equipe avançaram em propostas de cooperação com a estatal russa Rosatom para exploração de urânio no Brasil e desenvolvimento de reatores nucleares modulares (SMRs). A iniciativa visa fortalecer a matriz energética brasileira, além de elevar o país a um novo patamar de autonomia nuclear.
Um tema sensível reacendeu nos bastidores: a possibilidade de o Brasil enriquecer urânio iraniano. Lula foi questionado se poderia atuar como depósito ou processador desse material. Ele foi categórico: “O Brasil não trabalha com a hipótese de ser depositário do urânio do Irã”, afirmando que, se fosse necessário, esse tipo de serviço deveria ser realizado por países “mais próximos” do Irã, como Turquia ou Rússia.
Esse cenário remete ao acordo de 2010, quando Lula e o então chanceler Celso Amorim intermediaram um swap entre Irã, Turquia e Brasil para troca de urânio‑alvo por combustível nuclear enriquecido – proposta esta que acabou não seguindo adiante devido à pressão dos EUA e críticas de que deixava o Irã com urânio suficiente para fins militares.
A posição atual de Lula reflete uma linha de argumentação que defende o direito de países de desenvolverem energia nuclear para fins pacíficos, conforme previsto pelo Tratado de Não‑Proliferação Nuclear (TNP) – mesma defesa que era adotada em ocasiões anteriores, como o apoio ao Irã nesse contexto.
Por outro lado, a retomada de parcerias com a Rússia no setor nuclear — especialmente a exploração e produção de urânio — deve ser vista com atenção. Ao mesmo tempo em que aumenta a autonomia energética do Brasil, reforça sua inserção em blocos diplomáticos que incluem governos com forte protagonismo na arena geopolítica.
A visita de Lula ao Canadá e as negociações nucleares ecoam o objetivo de reposicionar o Brasil como ator diplomático mais independente e voltado à multilateralidade energética. No entanto, a rejeição explícita ao processamento de urânio iraniano demonstra atenção às sensibilidades internacionais — especialmente sobre possíveis usos militares — retratando o governo brasileiro em um equilíbrio entre ambição energética e responsabilidade geopolítica.
Fonte: intellinews.com+15agenciabrasil.ebc.com.br+15noticias.uol.com.br+15.