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Voos das justas cautelas

Voos das justas cautelas

Ele era um touro, com participações brilhantes em Rallyes Aéreos, faixa preta de jiu-jitsu, bão de coração, cabeça e olhos, mas, ali notei e percebi encerrar todo um ciclo grandioso de uma vida sem máculas.

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07-07-2024 às 11h:01

Jose Altino Machado*

O ano era 1978 e pai me visitava, em Fortaleza, onde então eu morava. Ele era como sempre fora: um militar conservador e verdadeiro pioneiro na aviação brasileira.

À época, finalizando a década de 1920, início de seus voos, sequer carteira (licença) era exigida para ser motorista de aviões. Aliás, uma havia, expedida pelo Aero Club de France. E meu/nosso precursor no mundo alado a possuía. Em tempo dos anos de 1940, guerra acabando, o brigadeiro Eduardo Gomes, como em muitos outros países, implantou tal exigência. E pai pássaro militar avoante, obedeceu de imediato as novas regulamentações.

Ele já era um excelente piloto, tendo sido companheiro do general Falconière na demarcação da rodovia interiorana de fuga dos submarinos alemães que impediam o transporte naval costeiro. Rodovia, antes BR-4, apelidada Rio-Bahia, hoje BR-116. E o avião, se assim pudéssemos chamar aquele “trem de voar”, era propriedade de pai mesmo.

Se bem que, de nada adianta contar estas histórias neste país de desmemoriados. Os interesses dos presentes que aparecem na vida, na política e até em ramos da fortuna, obscurecem os feitos do passado, onde honra, coragem e determinação eram alicerces desta Nação agora inteiramente apolítica à suas necessidades maiores e benefícios.

Assim, regressemos ao início da prosa em Fortaleza do bom Ceará.

Sabedor de sua exigência por legalidades e estando com o exame médico vencido há poucos meses, o convenci de irmos à Base Aérea daquela capital para revalidação de seus exames de saúde.

Deu tragédia, todo aprendizado e experiências de uma vida se estancavam submetidos à “malvada lei”.

Pai nunca mais foi o mesmo e não se recuperou mais, pois lá recebera a informação que em nenhum outro lugar poderia fazer o pretendido, a não ser em caso excepcional no SEMAL do Rio de Janeiro. O motivo único exposto foi que passara dos 71 anos, não importando seus milhares de horas voadas, sua boa saúde mental, forma física etc. etc.

E ele era um touro, com participações brilhantes em Rallyes Aéreos, faixa preta de jiu-jitsu, bão de coração, cabeça e olhos, mas, ali notei e percebi encerrar todo um ciclo grandioso de uma vida sem máculas. Aquele amante companheiro de tantas artes e nuvens passadas, apesar de todos nós seus filhos homens manterem seus aviões e ainda voarem, nunca mais tocou num manche.

Como nosso passageiro, sempre demonstrava triste amargura. Afinal em sua lua de mel com aquela que seria nossa mãe, mãe de onze filhos, os dois foram de Uberaba-MG a Montevidéu-Uruguai, em um Fairchild - PT 19 de dois lugares, sequer lado a lado, mas um atrás e o outro à frente, sem cabine e cabeças ao vento. 

Estes, eram nossos pais!!!

Hoje, com dez anos a mais do que ele tinha no fatídico dia da desabilitação, tenho notado em praticamente todas as regras e regulamentações mundo afora, tremendos disparates. Não que seja um anarquista contestador a elas, pelo contrário, as acredito necessárias à humanidade, entretanto faltam as mais importantes e significativas e que trariam segurança a toda sociedade organizada em qualquer país neste mundo moderno, onde a rapidez é totalmente predominante e onde atrasos e demoras são fatais a muitas gerações...

Mas, não só os ares, se necessária permissão oficial para pilotar uma lancha, uma motoca ou algo qualquer que nos movimente, por leis, há que existir até mais que habilidade e/ou destreza. Obrigatório é outro examezinho chato paca, chamado psicotécnico. Ele está em todos os lugares, nas ruas na terra, nos céus e águas e se não for aprovardo...  “fudeu” ... (linguajar do Lula), o cidadão se torna um rejeitado diferenciado para única e legalmente poder pitar um “baseado”.

Como dizem meus coestaduanos mineiros “prestenção”, mesmo nos organizados United States, se nota pouquíssima preocupação com a guarda responsável dos máximos poderes daquele país, ameaçadoramente atomizados.

Não há e inexiste uma perfeita avaliação técnica de segurança mental para quem haverá de carregar a “porra” (fala do Lula) da maleta vermelha com poder de destruir o mundo vivo... e acabar com tudo.

Pelo visto, o atual, parece senil até no oscilante andar. Se perde, a todos os momentos, quando exposto em palcos com grandes plateias, um vexame. Já pensaram na possibilidade de ele vir a cair sobre botões errados?

O outro, aquele litigante do “América First,” desrespeitoso a extremo até com a própria justiça, demonstra ser homem brigão e perigoso. Para botar fogo no rabo de todo o mundo, será sempre daqui para ali. Acho que também não passaria no psiquiátrico.

E o francês? Meninão aprumado, com síndrome de Édipo. Suas diretivas lá se vão desestruturando uma formidável cultura de fantástico histórico. A insatisfação é total, permitindo a volta de malvada xenofobia e magna supremacia eurasiana, que se credita boa de raça. Embora por lá já se note uma maioria mulçumana que transa e procria muito mais que eles.

E tem, tem mais gente sim, que não passaria em avaliações a qualquer fim de administrações públicas e/ou comandando Nações inteiras. Povo perigosíssimo. E só Deus, para lhes perdoar por não saberem nunca o que fazem.

Num Congresso, onde há democracia, existe necessidade de muitos diferentes. É Casa disso mesmo, cada loucura e loucos com seus representantes. Mas, jamais se deve aproximar irresponsabilidades, intolerâncias e mesmo se permitir imprudências junto ao poder executivo que é e será sempre único a todos.

Estamos mesmo divididos, não em porções sociais, ou como queiram, em classes como se dizia antigamente, mas numas tais de direitas e esquerdas que sequer a grande maioria sabe o que seja. Nosso presidente, hoje um tanto parecido com o atual ocupante norte-americano, governa como se proprietário fosse do país, embora ao que se saiba, lhe foi outorgado mandato presidencial com prazo de validade e não como escritura pública de doação de uma Pátria de tantos.

Já o outro que saiu, assim como o substituído norte-americano, fica por aí para lá e pra cá, numa agitação danada, torcendo e fazendo de tudo para que o atual se “foda” (expressão do Lula) pouco importando se nós todos, a sociedade brasileira esteja bem no meio de toda essa bagunçada fuzarca. Ainda acontecendo alguns iludidos, preterindo a Nação, ficarem inocentemente, torcendo “prum” e “prouto”.

Bem demonstrado está, que aqui e mundo afora, ao volante dirigindo todo um país, pode e vale tudo de tudo. Até beber... sem receio de perder o diploma eleitoralmente inferido.

Mas, em nosso Brasil a coisa está brava demais. A esbornia é total. Dizem, dizem, que somos o paraíso dos bois, mas acho que não. Somos, nós mesmo, carneiros e incompetentes ovelhas, seguidores dos toques de guizos ilusórios, sempre a escolher desqualificados às tão responsáveis funções em que muito comprometem o futuro de nossos filhos.

Se sujeitos a exames psiquiátricos, acredito que poucos estariam aprovados ou merecedores dos cargos recebidos, inclusos aí os próprios mandatários originados naquela maquininha que chamam de urnas, que nunca exigem aqui ou acolá o tal de psicotécnico.  E essa turma, avoantes no poder, mesmo sem atestados, estando onde pouquíssimos estariam aptos a estar, voam em asas de ignorâncias e prepotências de vontades pessoais.

Parece que só mesmo meu pai, ao abandono das asas dos homens, permitiu ao espírito um voo ao Criador, levando consigo o valor da responsável utilidade, por ter aceitado e vivido dentro das cautelas determinadas...

BH/Macapá

*Jose Altino Machado é jornalista

Nota do autor:           

Colaboração aos Jornais: BH/MG DMdigital e Macapá- AP A Gazeta

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