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Urge requalificar a capital mineira

Urge requalificar a capital mineira

Encontrar alguém de terno e gravata na Praça Sete não é mais comum. Pode até encontrar, mas o comum é ver uma porção de gente em trajes os mais diversos e com mochilas às costas.

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01-07-2024 às 09h:27

Bento Batista*

A missão do próximo prefeito de Belo Horizonte, seja ele quem for eleito no pleito de outubro, uma das ações que deverá tomar imediatamente, é o cuidado com a população e a requalificação do Centro da cidade. Se não fizer isso, concomitantemente, a capital mineira vai perder as estribeiras.

Eu me recordo, não como se fosse hoje porque as lembranças vêm cobertas por uma tênue película transparente, mas me recordo quando cheguei a Belo Horizonte para ficar em definitivo, em fevereiro de 1972.

A Praça Sete ainda era o ponto nevrálgico mais efervescente da cidade. Até pela sua localização, toda pessoa ao sair de casa tinha de passar pela Praça Sete, tudo isso arquitetado pelo esquadro de Aarão Reis.

Lá, e nos seus arredores estavam livrarias, cafés e o comércio em geral. As pessoas que ali se encontravam estavam vestidas de terno e de chapéu na cabeça, como se aqui fosse algum lugar da Europa, porque essa moda vinha de lá.

Hoje em dia, encontrar alguém trajado de terno e gravata na mesma Praça Sete não é mais comum. Pode até encontrar um ou outro, mas o comum é deparar com uma porção de gente em trajes os mais diversos e com mochilas às costas. Os homens geralmente com bonés nas cabeças; e dependendo da direção da aba do boné, significa umas e outras tribos.

Observo isso e tento explicar para mim mesmo de várias maneiras. Não há dúvida do empobrecimento do povo brasileiro de modo geral e o belo-horizontino não ficaria de fora. Mas, além disso, o advento dos shoppings centers retirou dali as casas comerciais mais atraentes e, por outro lado, o mineiro encontrou o seu próprio modo de se vestir, de acordo com o clima nosso, de país tropical.

Até a década de 1980, a Praça Sete ainda tinha um movimento singular, inclusive me recordo de quando a Câmara Mineira do Livro, sob a presidência do jornalista, escritor, professor André Carvalho fazia “feira do livro” na Rua Rio de Janeiro, no quarteirão fechado.

Quem acompanha o fenômeno do fechamento de livrarias de ruas percebe que talvez as pessoas não estejam deixando de ler livros e por comodismo estão grudadas no visor do computador ou encomendando livro pela internet, comportamento esse estimulado pelos mais de dois anos de pandemia da covid-19.

Mas que a capital mineira está necessitada de uma urgente requalificação, disto nenhum cidadão que transita diariamente pelo Centro da cidade, depois de uma vivência local de meio século, tem dúvida. Plano existe, mas quando será que os governos irão mostrar que estão fazendo isso?

*Jornalista e escritor

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