Uma brincadeira que se tornou uma arma, cerol
Não bastam as notícias na mídia para inibir o uso de cerol nas linhas, necessário se faz tratar disso nas escolas públicas e particulares do ensino fundamental para que as crianças possam deixar de usar esse artifício.
06-07-2024 às 09h:19
Direto da Redação
É no mínimo um espanto a gente constatar que uma simples brincadeira de criança se tornou uma arma mortal, transformada pelas próprias crianças, muitas delas necessitadas de acompanhamento psicológico para controlar a agressividade. O tema são as pipas de papel, chamadas também de papagaios e araras, dependendo da região de Minas Gerais, empinadas com o uso de cerol, que costuma cortar pescoços e outras partes do corpo humano de motociclistas e até mesmo de transeuntes
Muitos dos motociclistas costumam colocar uma antena de rádio como meio de defesa contra o cerol das linhas de pipas. Vários casos já aconteceram com vítimas e convém ficar esperto para não ser atingido, porque está começando a temporada, com os ventos e o clima seco, e a moçada, em férias escolares, darão asas à meninice.
Não bastam as notícias na mídia para inibir o uso de cerol nas linhas, necessário se faz tratar disso nas escolas públicas e particulares do ensino fundamental para que as crianças possam deixar de usar esse artifício.
O menino que deve habitar todo adulto e que na infância teve o privilégio de empinar pipas, sabe bem do quanto é gostoso, relaxante, a experiência sensorial de segurar uma linha livre de cerol e percorrê-la até chegar ao apetrecho e corresponder com a comunicação das nuvens e ser receptáculo de energias do alto.
Impressionante mesmo é quando os ventos elevam a pipa em uma espécie de redemoinho e ela sobe coroando quem está no comando. A sensação é marcante porque está relacionada à alma e as lembranças de quem teve infância no interior dessas minas que são gerais e devem ser tratadas com respeito.
Ainda bem que, com a aproximação das férias escolares, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública ( Sejusp) vai dar início a uma campanha que devia ser levada às escolas o ano inteiro, intitulada “A vida por um fio”, campanha que irá conscientizar a moçada para os perigos do uso e da venda de linhas cortantes.
A situação chegou a tal ponto, que uma brincadeira aparentemente inofensiva, como iniciamos esta narrativa, provocou as autoridades a instituírem o telefone 181 para receber denúncias de fabricação e comércio de cerol e congêneres.
Mesmo em casa, é de bom alvitre que pais controlem os impulsos dos filhos que pretendem fazer uso de cerol. Os pais podem resgatar a inocência do ato de empinar papagaios. Se a brincadeira for de laçar uma as outras, que sejam, mas sem linha de cerol.
Para informação de quem interessar possa, neste ano de 2024, o recesso escolar na rede municipal de Belo Horizonte será de 15 a 26 de julho; e de 22 de julho a 2 de agosto nas unidades do Estado.
Importante também é orientar para que não empinem suas pipas debaixo de fiação elétrica, porque um choque em fio de alta tensão mata na hora e pode trazer uma série de transtornos para muitas famílias.
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