Português (Brasil)

Tempos de governos e de paixões

Tempos de governos e de paixões

Buscando ser bem fiel à matéria reproduzo “ipsis-litteris” o que lá foi escrito há 32 anos, o que eu dizia naqueles tempos agitados sobre o atual presidente, e lá se vai mais que uma geração.

Compartilhe este conteúdo:

30-06-2024 às 11h:01

José Altino Machado*

Jornal do Brasil, domingo 09 de fevereiro de 1992. Envolvido em questões fronteiriças com os vizinhos venezuelanos que haviam abatido um avião de companheiro em área de limite discutível, ainda sequer demarcada, fui deferido por esse jornal com praticamente uma página do noticiário. Os bate-bocas com autoridades daquele país, ainda os arrogantes eurasianos antes de Chaves, eram frequentes. O embaixador deles aqui então, um tal de Alegrett, era um esnobe pedante, tal qual galãs de cabarés.

Bom, o caso não é este, será outro bem diferente do que minha memória vingativa trouxe agora de lembranças tão vividas, ao viajar em páginas do passado.

Neste mesmo noticiário do JB, elaborado por Rita Tavares, fizeram questão em veicular opiniões de um líder garimpeiro como se referiram a mim, sobre temas variados. Indo de Sarney a Lula.

Buscando ser bem fiel à matéria reproduzo “ipsis-litteris” o que lá foi escrito há 32 anos, o que eu dizia naqueles tempos agitados sobre o atual presidente, e lá se vai mais que uma geração.

Ao primeiro citado: Luiz Inácio Lula da Silva - ela dizia, referindo-se a mim: - que votou no candidato do PT no segundo turno por uma única razão: “O povão jamais teve a chance de administrar esse País”.

E Rita continuou: “De acordo com Altino, a experiência seria boa sob qualquer ângulo. Se desse certo, seria um bom modelo de administração. E se assim não fosse, o brasileiro aprenderia a votar para o resto da vida”.

Pois é, e assim o foi, ou deveria ter sido...

Ainda outro dia, nestes novos tempos desembestados, tive a oportunidade, assim como a brasileirada toda, em ouvir, assistindo o mesmo Lula, novamente presidente, bem demagogo, sentar o cacete na classe rica nacional. Instigando mesmo para valer um retorno de lutas classistas à política nacional.

Como hoje é bem sabida a esterilidade política processada por seu governo, sem nenhuma mensagem aceitável pela sociedade produtora, copiando o mau exemplo da odiosidade semeada pela revolução francesa, chama a pobreza para confronto e antagonismo para com a riqueza. Como se esta última fosse crime ou pecado.

Lembro-me bem que em bons tempos, políticos velhos buscavam votos e aceitação pública em palanques, prometendo empregos a todo mundo. Era o que mais se ouvia “vou arrumar empregos “prosceis todos”. E isso em um reconhecido paraíso de oportunidades como o Brasil de antanho.

Aliás, até hoje o é. Entretanto, esse discurso sequer convence e nem mais atrai votos, nada ajudando a um delírio de governante, por existir sempre dependências dos tais “malfalados ricos” para criarem opções e oportunidades aos desprovidos. Razão esta, fulminante e decididamente contrária a verborragia presidencial.

O grande paradoxo vivido por este senhor, transformado em tão somente em um presidente malvado e politiqueiro, foi o mesmo que em um primeiro mandato, indiscutivelmente foi o maior distribuidor de riquezas em todo o País.

Retirou mesmo das “Cortes Paulistanas”, o monopólio controlador da economia e da fortuna nacional.

Queiram ou não queiram, foi mesmo dele todas as aberturas de possibilidades proporcionadas como oportunidades, acontecessem centenas de milhares de grandes novos empresários e formadores de grandes conglomerados de comércio e indústrias nacionais.

Se coube aos governos militares o progresso em serviços de tecnologias e avanço das grandes fronteiras agrícolas (com um mineiro porreta à frente, Allison Paulinelli), a Lula coube o  mérito de términos monopolistas a muitos grupos altamente dominantes da economia e mercado brasileiro.

Suas viagens para lá e pra cá, a todo tempo, sempre acompanhado de desconhecidos e emergentes empreendedores idealistas, deram tão certo que nem ele próprio se deu conta. Talvez, porque nenhum deles tenha voltado para agradecer. Só pode...

E quanto a isso, é fácil verificar que sequer a grande e costumeira migração do Nordeste para o Sul e do próprio Maranhão rumo a Amazônia, se não cessaram totalmente, deram uma freada tão brusca, que todos bem se ajeitaram.

O Lula à época foi o estopim e causador disso tudo, embora não fosse ele o executor, era o líder acompanhado por gente que sabia o que fazer e o que construir em proveito. E o citado Nordeste, depois dele, como ainda agora, é bem outro, após seu primeiro mandato.

Mas, sempre tem um, “mas”. No Brasil então, esse, mas, vem sempre acompanhado de um “entretanto”. No caminho não havia uma pedra, como na poesia. Apareceu um “juiz” e uma cadeia, meio especial, mas a prisão é demorada.

Se antes, final de seu segundo mandato, a experiência de executivo maior, mesmo através das absurdas responsabilidades de um cargo, erroneamente tão centralizador, não lhe trouxe cuidados para indicar uma sucessora medíocre, na sequência, a perda da liberdade, não fez por menos, esculhambou o homem e político.

De uma casa de detenção, onde se encontrava por decisões referendadas por colegiados, saiu por desembaraço de um único homem, indicado e nomeado ao Supremo por sua sucessora. Algo moralmente discutível. Não é este o propósito deste escrito.

A verdade é que tudo mudou demais neste homem e popularesco político, ainda mais que ressuscitou ao mundo com comportamentos, preocupações, objetivos e discursos que nunca foram seus. É verdade.

Dizem, não sou eu, mas dizem que a paixão muda o homem. E este antes Lula, agora sr. Inácio Lula da Silva está para lá de apaixonado. Ali, lá ou acolá, aonde quer que vá, a paixão antes recolhida por outras regras de convívio, está com ele. E sem cargo ou voto, para se chegar a ele, haverá que se passar por ela.

Sábios dizem que duas coisas muito modificam os coração e mentes dos humanos: a perda de um filho e privação injusta de liberdade. Ensinam também que à frente tudo será sempre diferente.

Andei de mãos dadas às duas. Nem sei se diferente me tornei, mas com sinceridade, passei muito a observar aos outros e com eles, muito me importar. É estranho, muito mesmo, este “modificado” presidente...

O Lula de discurso a pobres e necessitados, jamais, JAMAIS, fez um único discurso, que dirá “porra nenhuma” (linguajar dele), em relação aos refugiados da sociedade moradores de ruas e tantos dependentes do mundo das drogas, agora com abastecimentos garantidos oficialmente, ainda que indevidamente, por nosso Supremo Tribunal Federal.

Nada, nem uma ação autorizada ou palavra de alento ou cuidado. Muito pelo contrário, ainda se permite campear com autoridades armadas pela Amazônia, buscando aumentar, além de desocupados, sua fila de ossos e abandonados pelos cuidados do Estado.

Suas maiores preocupações são ares, nuvens, paus e árvores, tão diferentes a se ter preocupações naturais quando acompanhados e apaixonados por mulheres bonitas, cheirosas e carinhosas.

E a dizer, que, apesar disto, assim estar, seus eleitores foram humanos e nele acreditaram... pra que?

Ainda mais que nos sobraram apenas tempos de governo com novas atrações não muito boas e extremadas paixões...

BH/Macapá

*José Altino Machado é jornalista. 

Compartilhe este conteúdo:

  Seja o primeiro a comentar!

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Envie seu comentário preenchendo os campos abaixo

Nome
E-mail
Localização
Comentário

 

Synergyco

 

RBN