Português (Brasil)

Supersecretário hoje escuta o silêncio no Sertão

Supersecretário hoje escuta o silêncio no Sertão

Nilberto Batista Moreira foi um secretário de Estado de grande influência no governo de Newton Cardoso, ao ponto de ser chamado de supersecretário

Compartilhe este conteúdo:

22-05-2024 às 09h:07

Alberto Sena*

Para falar um pouco mais do supersecretário Nilberto Batista Moreira, personagem de grande influência no governo de Newton Cardoso (1987-1991), não se pode deixar de fazer uma referência ao livro dele intitulado “Landri Sales”, no estado do Piauí, onde ele nasceu, e que em 2010 completou 200 anos, acrescido de 24 atuais.

Convém dizer que o livro é uma espécie de registro da árvore genealógica dele, piauiense tanto quanto o então governador Francelino Pereira (Arena) que ganhou notoriedade pela vivência no Norte de Minas, Montes Claros.

Mas, a essa altura, com 84 anos e com a disposição de um jovem senhor, Nilberto e Valéria cuidam da fazenda onde criam 100 cabeças de gado, produção de leite e de corte. Eles só deixam a fazenda quando têm algum compromisso, e preferem viver ali na escuta do silêncio dos dias e das noites.

Qualidade total de vida em meio a uma floresta heterogênea cortada pelo córrego tibuna, um afluente do Rio das Velhas, onde não se houve sequer o mínimo barulho de motor de carro, longe de toda estrada de asfalto.

A cozinha da casa dispõe de todos os instrumentais necessários como se estivessem na cidade, com a diferente de ali estar instalado um belo fogão a lenha onde saem pratos deliciosos. O casal está afastado do dia a dia na cidade, mas dispõe de meios de comunicação que o deixa conectado com o mundo.

Uma das passagens registradas no livro de Nilberto, a que mais chama a atenção do leitor que é de forasteiro do Piauí, é “A Coluna Prestes em Landri Sales”, o que se deu de 1925 a 1927. Nilberto conta que “foi um movimento político/militar, a partir dos tenentes do Exército Brasileiro, iniciado em São Paulo e Rio Grande do Sul, inconformados com a ação governamental oligárquica dos presidentes do Brasil”.

Na ocasião, o Brasil era governado por Arthur Bernardes, mineiro de Viçosa, na zona da Mata de Minas. “Foram líderes do movimento os tenentes Luiz Carlos Prestes, Juarez Távora, Miguel Costa Prestes, Siqueira Campos, Cordeiro de Faria, entre outros. A Coluna percorreu, a cavalo e a pé, 25 mil quilômetros por 13 estados do Brasil pregando liberdade política, voto secreto e justiça social”.

Adiante ele conta mais: “Os principais líderes do movimento estiveram no Piauí por duas vezes quando vieram do Sul e quando voltaram do Ceará. Em ambas as vezes passaram por Jerumenha. Nesse retorno, estiveram em Landri Sales, naquela época chamada de Brejo do Maroto, quando identificaram o delegado local – Zaqueu Moreira – e o prenderam. Saiu amarrado ao rabo de um cavalo”.

Zaqueu foi libertado às margens do Rio Tocantins, quando o grupo estava atravessando os animais, a nado, e a burra de estimação do tenente Joaquim Timóteo afastou-se dos demais, descendo rio abaixo. Zaqueu, que era exímio nadador, ao observar o descontrole do militar, disse-lhe, espertamente, com o xará bíblico:

- Se o senhor me libertar, eu salvo a sua burra.

- Vá – respondeu o tenente.

Zaqueu pulou na água e, em pouco tempo, saiu com o animal do outro lado do rio são e salvo. O militar cumpriu a promessa, libertou Zaqueu, que retornou a sua residência, depois de muitos meses, com a barba bastante crescida.

O que não sabia sobre o supersecretário Nilberto é que ele é paisagista e foi amigo pessoal de Burle Marx. Uma prova da competência dele como paisagista foi o arranjo que fez no centro da mesa da sala principal da casa, com todo material de produção própria.

*Editor Geral do DM

Compartilhe este conteúdo:

  Seja o primeiro a comentar!

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Envie seu comentário preenchendo os campos abaixo

Nome
E-mail
Localização
Comentário

 

Synergyco

 

RBN