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Patronos da pediatria

Abraão anunciou o que se esperava dele: Jeovah exigia o sacrifício de Isaque, e ele iria cumprir os costumes religiosos. Mas no momento do sacrifício do filho o milagre aconteceu

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30-07-2024 às 08h:58

Apolo Heringer Lisboa*

Diferentemente de Pasteur, ou mesmo de Jenner, que introduziram as vacinas, também Abraão deveria ser lembrado como grande benfeitor das crianças e forte candidato a patrono da pediatria. Beneficiando as crianças estes homens beneficiaram os adultos, como ouvi de uma roçariana no Norte de Minas: “Quem a boca do filho beija a da mãe adoça”.

  Abraão não poderia fazer diferente dos costumes do seu povo, sem perder sua liderança e o respeito de grande patriarca. Não poderia, mas fê-lo; e com grande maestria. Javeh lhe prometera um dia, quando ainda jovem, muitas terras, e uma descendência comparável à areia das praias e às estrelas do céu, quando migrou sem destino certo de Ur, hoje Iraque. Mas a promessa corria o risco de não ser.

Rompendo com a exigência ritual de sacrificar crianças, sobretudo os primogênitos, Abraão demonstrou grande habilidade política, conhecimento antropológico, sagacidade monumental, preparo teológico, e sobretudo, incomensurável amor a seu filho legítimo Isaque, nascido, segundo a Bíblia, com Abraão centenário e Sara infecunda.

Para conseguir este grande passo na história da humanidade, e pôr fim a tanto sacrifício inútil, Abraão anunciou o que se esperava dele: Jeovah exigia o sacrifício de Isaque, e ele iria cumprir os costumes religiosos. Colocou na bagagem o cutelo amolado, uma corda, pegou o fogo e chamou Isaque e dois servos, se dirigindo para um monte na terra de Moriá. Coloca o feixe de lenha no dorso do menino Isaque, que arqueia e esfalfa-se morro acima. Chegando ao local, Abraão pôs-se a juntar pedras toscas para construir o altar do holocausto, e vai às lágrimas quando Isaque lhe pergunta: meu pai, aqui está a lenha, o fogo e o cutelo. Onde está o animal do sacrifício? De longe os servos olhavam apreensivos os movimentos de Abraão, espreitando o momento terrível. Abraão passa a corda pelo corpo de Isaque e o peia ao pé do altar. A lenha já está lá. Levanta o cutelo para decepar o pescoço de Isaque, que fecha os olhos e molha o chão com profusa lágrima. Em pranto Abraão eleva os braços a Jeovah, proclama sua fé, sua obediência e seu amor por Isaque, do qual se despede dramaticamente, quando percebe um ruído de galhos secos no mato, olha e vê um cordeiro de tenra idade preso entre as ramas, como urdira.

Então exclama: Jeovah meu Deus m’o enviou para sacrificá-lo em lugar de Isaque, pois viu a minha fé e se compadeceu de mim, seu servo fiel! Chamou os servos e ordenou que trouxessem o milagre de Deus para ser sacrificado em lugar de seu filho, se abraçaram, deslaçaram Isaque e imolaram o cordeiro no altar, deixando escorrer seu sangue pelas pedras e lenha, antes de atear fogo às carnes e gorduras em holocausto agradável ao Senhor. Naqueles tempos Deus era assim Gênesis 22.

Chegando em casa e narrado o milagre, transformaram o velório em festa, dançando, comendo e bebendo por muitos dias, e a partir daquele momento estava aberta a possibilidade do sacrifício vicariante para toda a descendência de Abraão - árabes e israelitas- e para todos os povos que ouviram falar daquele alvissareiro milagre divino. Benfeitor da humanidade, Abraão faz jus ao prestígio que desfruta ainda hoje e é um grande nome da pediatria preventiva. Ainda hoje o evento histórico é relembrado numa das maiores festas religiosas muçulmanas, o Aid El Adha.

*Apolo Heringer Lisboa é médico, Professor, Ambientalista raiz, Político e Autoridade em “Bacias Hidrográficas”.

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