26-06-2024 às 09h:19

Direto da Redação

Montes Claros vive em efervescência. A impressão é de que a cidade vai partindo para a terceira geração urbana, com espigões brotando no chão árido, inclusive com um prédio ameaçado de cair devido certamente a problemas de cálculo. As ruas da cidade permanecem estreitas como de origem, afinal, a cidade surgiu de uma fazenda em um tempo em que os meios de transportes eram a cavalo, carro de boi, charrete e bicicleta.

Mas a qualidade do asfalto das ruas é a melhor possível, podendo ser comparada à dos países do chamado primeiro mundo, onde os carros deslizam na pista, o que leva a entender que foi implantado em grossa camada, diferentemente de outros da capital mineira, onde o asfalto está mais para paralelepípedo do que outra coisa.

No hotel onde nos hospedamos, a dois passos da famosa Catedral de Nossa Senhora Aparecida, vê-se um largo em frente à igreja, onde ocorrem eventos religiosos e outros. O largo fica próximo da casa onde morava o artista plástico Godofredo Guedes, um baiano mais montes-clarino que já conhecemos, homem de vários instrumentos, que deixou quadros em todas as casas de gente apreciadora da arte plástica.

Godofredo inventava instrumentos e afinava piano, além de ser um grande compositor de chorinhos. Infelizmente, se se pode dizer, há anos ele não mais está no meio dos montes-clarinos, mas deixou herdeiros como o famoso compositor e cantor Beto Guedes, que encantou o Brasil com sua voz de falsete, e conviveu com Mílton Nascimento e outros astros da música brasileira.

O largo da Catedral passa neste momento por uma requalificação, onde um trator está retirando o piso antigo, para substituí-lo. Obra da administração Humberto Souto, ex-deputado e um dos políticos que souberam atravessar o período do regime de chumbo, e sempre sonhou ser o administrador de sua terra natal.

Conseguiu concretizar o sonho não uma, mas duas vezes, porque foi reeleito e está em final de governo. Os comentários por aqui é de que ele vem fazendo uma boa administração e só não pode ser considerado o melhor prefeito da cidade porque no caminho está o nome do ex-prefeito Toninho Rebello, autor das obras de estrutura da cidade, que foi expandida por ele, e de lá para cá nenhum outro conseguiu superar o que fez por Montes Claros.

Enquanto a cidade cresce, ameaçando subir pelos montes claros, o que é proibido, vê-se surgir um fantasma que poderá atrapalhar a vida de uma população que daqui a pouco chegará a meio milhão de pessoas. Que fantasma é esse? O leitor do Diário de Minas fica com a interrogação na cabeça. É o fantasma das mudanças climáticas. A aridez do clima, árido por natureza, tende a aumentar, dentro do princípio de que onde é úmido ficará mais e onde é árido ficará ainda mais seco.

O Rio Verde Grande, tributário do Rio São Francisco, está praticamente seco, enquanto o Velho Chico também seca em partes e está fadado a secar de vez até 2030, vítima da insensatez humana, segundo estudos científicos feitos por cientistas de universidades nordestinas.

De uma maneira quase geral, as pessoas fazem ouvidos moucos quanto às ameaças climáticas. O poder econômico, o responsável maior por tudo isso, continua fazendo as mesmas coisas e aumentando ainda mais a sua participação e, certamente, só deverá cair na real quando o fantasma enunciado ganhar corpo.

Entretanto, por aqui, Montes Claros vai se firmando cada dia mais como a capital do Norte de Minas, de fato, mas não de direito, por enquanto, até que, por si mesma, assuma essa condição porque tem tudo de polo de desenvolvimento a partir do seu parque industrial.