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Mineração precisa rever os seus métodos

Mineração precisa rever os seus métodos

Pensar em como valorizar a Água, que por esses tempos custará muitos mais caro que o próprio minério de ferro que os empresários se dispõem a tudo para explorar

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31-05-2024 às 10h:00

Direto da Redação

Que uma das vocações do Estado mineiro é a mineração, parece não haver nenhuma dúvida, porque se não fosse, esse território cheio de montanhas não teria o nome de Minas Gerais. Mas só porque o Estado foi batizado com essa denominação, os empresários do ramo de mineração podem ir abrindo aqui e ali buracos, irresponsavelmente, principalmente nesses tempos bicudos, quando o mundo e o Brasil, especialmente, estão vivendo os primeiros sinais dos rigores das mudanças climáticas.

O País e Minas Gerais, particularmente, já apresentam fortes sinais de seca, com afluentes do Rio São Francisco secando, e o próprio rio cortando em trechos importantes, como o município de Pirapora, no Norte de Minas. Claro que não se pode debitar tudo isso na conta da mineração, porque é necessário levar em consideração o período tradicional de seca, as mudanças climáticas e outros fatores mais.

Entretanto, a mineração, que tanto prejudica os lençóis freáticos, não está livre de sua parcela de culpa pelo quadro deplorável vivido, com a escassez de chuva e o risco de extinção da Água, motivo dessa série, em sua defesa, antes que seja tarde demais.

No tocante à mineração, é fundamental que seja praticada com o cuidado de não devastar tanto a área e buscar aproveitar ao máximo a Água, lembrando que a recomposição é uma exigência normal, mesmo sabendo ser difícil deixar a planta de mineração como era antes.

Por essas horas duas notícias importantes na área de mineração entraram no radar, sendo a primeira delas dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) de que a atividade minerária lançou na atmosfera brasileira 12,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) em 2022. O inventário do Ibram tem as emissões do CO2 propriamente dito e dos gases metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), esses dois últimos com potenciais de aquecimento global superiores ao dióxido de carbono.

Raul Jungmann, o presidente do Ibram explica que esse total representa apenas 0,55% das emissões de gases do efeito estufa do País em 2022, calculado em 2,3 bilhões de toneladas, segundo levantamento do Sistema de Estimativas e Remoções de Gases do Efeito Estufa, do Observatório do Clima.

“Mas não estamos satisfeitos com isso. Nosso objetivo é chegar até 2030 ou 2040, isso ainda não estabelecido, a zero carbono”, ele comentou.

Ainda segundo dados do Ibram, 85% das emissões de CO2, gás com menor potencial de aquecimento, ficam na atmosfera há um milênio de anos, conforme as Nações Unidas. Do restante, 10% são metano, este, sim, poderoso porque o potencial de aquecimento é 28 vezes maior que o CO2, como informa o Ibram, e fica na atmosfera dez anos, conforme apregoa a ONU.

Óxido nitroso fica com 3%, e com o poder de aquecimento 265 vezes maior que o CO2, podendo fica na atmosfera por 120 anos.

A segunda notícia é de que nesta semana próxima a nova direção da Associação de Mineradoras de Ferro (AMF) deve anunciar o cancelamento da entidade, devido ao episódio gerador do afastamento do presidente João Alberto Lages.

O Diário de Minas lamenta o fim de uma entidade que podia dar um prumo para a mineração no Brasil, a partir das ações constantes no “Manual de Boas Práticas em Sustentabilidade”. Numa época tão sensível como a atual, os mineradores, sem uma entidade para assessorar, de modo compatível com o manual referido, a mineração de ferro pode vir a continuar sendo o patinho feio da economia mineira.

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