30-08-2024 às 09h:17

Luís Carlos Silva Eiras*

As piadas sobre a inteligência artificial são de uma falta de graça absoluta. Limitam-se a variações entre inteligência/burrice e artificial/natural.

Quando John McCarthy propôs o termo em 1956, na conferência de Dartmouth, sabia que geraria esperanças e temores desnecessários. Infelizmente os outros termos sugeridos – sistema baseado em dados, sistemas cognitivos, tecnologia de simulação do conhecimento, processamento algorítmico avançado – eram muito piores. Inteligência artificial pegou.

Porém, se as piadas sobre o tema são uma contradição – piadas sem graça – as piadas involuntárias são plenamente satisfatórias. Vejamos algumas.

Natuza Nery contou na GloboNews, que perguntou ao ChatGPT quem era “Natuza Nery” e a resposta foi que ela era uma brilhante escritora, o que a deixou chocada com o chutômetro do chat.

Arnaldo Niskier, mais modesto, escreveu na Folha de São Paulo (10/08/23), que perguntou quem era Ruth Niskier, sua esposa. O ChatGPT mandou ver: “Foi uma importante atriz do nosso teatro. Fez também cinema”. Dona Ruth nunca exerceu essas atividades.

O presidente Lula a achava desnecessária. No dia 8 de março, disse que está “cansado” de ouvir falar em Inteligência Artificial. Segundo ele, não há necessidade de investimento nesse tipo de tecnologia num País que tem “tanta gente inteligente”.

Já Ruy Castro, num artigo em 16 de abril do ano passado, com a coragem de um garoto desafiando o colega para um concurso de cuspe à distância, desafia o ChaGPT a escrever uma biografia: “quero vê-lo sair para entrevistar 200 fontes ao vivo, quatro ou cinco vezes cada uma, num total de quase mil entrevistas; checar as informações, organizá-las de forma coerente e, então, dispô-las no papel de forma clara, objetiva e verdadeira.”

*Jornalista e escritor