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Falando de Téo Azevedo

Falando de Téo Azevedo

Foi um domingo em que choramos ao lado de seus filhos sofrendo a partida do pai - e em pleno sagrado do Dia das Mães. Estávamos ali, em meio ao povo, à cantoria dos foliões de Reis

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14-05-2024 às 09h:18

Eduardo Brasil*

Domingo, 12 de maio de 2024, foi uma passagem em que a dor veio avassaladora, estridente. Deu pra ouvir. Machucou demais. Resultado da tristeza que tomou nossas almas nos últimos dias. Foi um domingo em que acompanhamos Téo Azevedo na sua derradeira caminhada rumo à morada eterna, no coração de Alto Belo, seu torrão natal neste sertão que tem a sua cara. Foi um domingo em que nos despedimos do bom amigo, dividindo com sua família a mesma dor. Sim, Téo era nosso irmão, um paizão. Continua sendo e sempre será.

Foi um domingo em que choramos ao lado de seus filhos sofrendo a partida do pai - e em pleno sagrado do Dia das Mães. Estávamos ali, em meio ao povo, à cantoria dos foliões de Reis, todos chorosos, ao descansarem o guerreiro de Alto Belo.

Mas também foi um dia bonito. De nuvens brancas como a paz e de céu azul. A natureza, exuberante, foi como uma saudação ao bravo, com o Sol exibindo os seus últimos raios. E logo a noite desceu sobre o pequeno e amado povoado de Alto Belo. Com ela, vieram as estrelas. E foi aí que nós vimos: Téo estava entre elas. Já era uma delas. A nossa estrela catrumana.

Aqui, sob os astros brilhando do infinito, o sertão parece temer não ser o mesmo sertão enraizado sem Téo Azevedo. Talvez assim seja. Quanto a nós, certamente já não somos as suas mesmas crias e criaturas. Somos os órfãos de Téo. Para sempre nos faltará o irmão e paizão e teremos de conviver com essa falta física. Ou não. Podemos e devemos resistir (resistência era uma de suas bandeiras) ao vazio, preenchendo-o exatamente com o legado de Téo. Fazendo permanecer sua história e seus feitos, a herança cultural que nos deixou.

Que bom que o nosso coração tenha sido mais esperto que o vácuo ameaçador e logo nos deu Téo Azevedo de vez - e o guardou bem no fundo, onde estão os nossos amados que o saúdam: Bem vindo, Téo Azevedo.

É daí, do nosso coração, que ele continuará presente no cotidiano dos que o amam. Fica aí, Téo, para o resto de nossas vidas que uma hora também serão eternas.

Encerro repetindo palavras que todos os dias ele nos enviava ao fim de suas mensagens pelo zap:

"Paz de Cristo, Brasil. Téo Azevedo".

Amém, Téo. Fica com Ele...

*Eduardo Brasil é jornalista, radialista e cineasta em Montes Claros

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