29-05-2024 às 10h:10

Anes Otrebla*

O engenheiro Marcos Aurélio Nunes, de capacete alaranjado na cabeça, esboçou um sorriso quando lhe perguntei se o anexo entre as torres Sulacap-Sulamérica, na Avenida Afonso Pena seria implodido. Respondeu ele:

- Não. Abaixo dele tem pontos de serventia e não é o caso.

- Então...

- Então vai ser na mão mesmo – disse o engenheiro.

Ele é o responsável pela obra e disse que vai durar seis meses, porque a demolição só está começando.

Ao final, com a obra pronta, a Praça da Independência será resgatada e quem estiver nela terá uma bela visão entre os dois prédios, do Viaduto Santa Tereza, com os seus balaústres enormes por onde já houve quem se arriscasse a subir por ele e descer do outro lado.

 Um tapume vermelho delimita a área, que será demolida e do lado de fora se ouve o martelar dos operários já pondo abaixo alguma coisa lá dentro, na área do anexo, que na verdade foi um intruso e esse intrometimento na obra do arquiteto italiano Roberto Capello, em estilo “protomoderno”, provocou, à época, reação contrária do professor Darcy Ribeiro.

A Praça da Independência, ali sufocada pelo anexo, existe desde a    década de 1940, e agora faz parte do programa de requalificação da região central, da responsabilidade da Prefeitura de BH, dentro do projeto “Centro de Todo Mundo”.

O movimento nos prédios das torres, se tiver algum dentro da normalidade, está prejudicado pela obra desde segunda-feira, 27, no anexo intruso. Para bem localizá-lo, fica no quarteirão entre as ruas da Bahia e dos Tamoios, no Centro de BH.

Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, o resgate da Praça da Independência vai custar aos cofres públicos algo como R$ 3.039.999,67.

*Jornalista e escritor