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Agro cresce, mas a escassez de Água é maior

Agro cresce, mas a escassez de Água é maior

A velocidade do secar dos nossos rios pode ser medida com base no aumento de área agrícola, o que poderia ser evitado com o aumento da produtividade, sem desmate de novas áreas.

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29-05-2024 às 09h:35

Direto da Redação

Estamos, aqui, no DM falando de escassez de Água, e nos chega a notícia de que a agropecuária mineira baterá o recorde em termos de expansão de área agrícola, de 1,8%, em comparação com 2023, e irá faturar R$ 127,1 bilhões este ano.

Plac, plac, plac! Evidentemente, batemos palmas por isso, mas não podemos evitar fazer uma reflexão, com algumas indagações que os ventos devem levar aonde devem chegar. Dessa grana toda que os produtores irão levar, será que alguma coisa eles podiam deixar – pensando nos outros – para evitar que gente da raça humana não viva debaixo de marquises e a morrer de fome?

Seria estulto da nossa parte querer impedir o avanço agrícola e da pecuária. O que precisa ser encarado, levado a sério, dentro até da seara jurídica, na figura da “legítima defesa putativa”. Para criar um desenho dessa figura, é o seguinte: o camarada achou que o outro ia sacar uma arma para lhe dar um tiro e sacou antes dele e o matou.

Estamos diante deste quadro. Ou seria outro, o da “legítima defesa própria” de todos nós? É preciso responder à seguinte pergunta: neste mesmo espaço do ano anterior não seria possível produzir essa mesma quantidade de grãos e carne – ou até mais – sem que fosse necessário ampliar a área?

A gente sabe que estamos no País dos desperdícios, inclusive de sabedoria para contornar os problemas, porque estamos diante de crucial escassez hídrica, e na medida que a agricultura avança, os produtores podem ganhar mais, mas ao final todos nós perderemos porque aumentar área significa desmate. E a gente sabe, sem árvores não há rios, e sem rios não há Água.

O que se pode ganhar no momento poderá significar uma perda não só para quem produz, mas para toda a sociedade, que, além de corporalmente ser formada de Água, não terá como repor. E o corpo perece. Sem comer até dá para aguentar por um certo tempo, mas sem Água, compadre, sem Água, comadre, não dá.

Então, nada contra o aumento da produção agrícola e pecuária. Mas a gente sabe que a maneira de se criar gado, aqui, no Brasil é diametralmente oposta à dos pecuaristas europeus. Lá eles criam gado estabulado, aqui o gado é criado no pasto.

E pasto a gente sabe, uma ou outra árvore é conservada só para fazer sombra para os animais. No Norte de Minas, por exemplo, quando o Sol começa a rachar a moleira do gado, os animais fazem uma rodinha debaixo da árvore.

O importante não é aumentar a produção em termos de área e sim aumentar a produtividade. É uma atitude inteligente e racional porque a devastação ambiental patrocinada pelo agronegócio é responsável maior pela progressiva escassez hídrica em Minas Gerais e outras regiões brasileiras.

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