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A importância do vapor exige posição da prefeitura

A importância do vapor exige posição da prefeitura

Há muita gente que considera estar o prefeito Alex, de Pirapora “enrolando” a reforma do vapor Benjamim Guimarães, que se encontra sobre “fogueiras”; leia a história da embarcação

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20-05-2024 às 09h:43

Nílton Antunes Figueira*

O vapor Benjamim Guimarães foi fabricado no estaleiro norte-americano James Rees & Sons em 1913. Navegou no Rio Mississipi nos Estados Unidos e em rios da Bacia Amazônica. Veio em seguida para a cidade de Pirapora na segunda metade da década de 1920. Em 1985 o vapor foi tombado pelo IEPHA/MG em 1º de agosto de 1985.

Trata-se de 8ma embarcação fluvial de popa quadrada, com máquina a vapor de 60 CV de potência alimentada por lenha, com capacidade máxima de estocagem de 28 toneladas de combustível; o sistema de propulsão é o de roda de pás localizado na popa, capaz de atingir até 6,5 nós de velocidade máxima (12,038 km/h). O peso descarregado é de 243,42 toneladas, podendo ser acrescido mais 66 toneladas; possui 43,85 metros de comprimento total e 7,96 metros de largura. Possui três pisos: no primeiro, encontra-se a casa de máquinas, a caldeira, banheiros, uma área destinada a passageiros e outra ao estoque de lenha. No segundo piso, doze camarotes e, no terceiro, um bar com mesas e cadeiras e área coberta.

ORIGEM DO NOME

Na segunda metade da década de 1920, a firma Júlio Guimarães adquiriu a embarcação e a montou no porto de Pirapora. Foi batizado como “Benjamim Guimarães” em homenagem ao patriarca da família: O Coronel Benjamim Ferreira Guimarães, industrial, banqueiro e filantropo, fundador do Hospital da Baleia em Belo Horizonte/MG. Nascido em 17 de dezembro de 1861 em Santo Antônio de São João Acima, atual Igaratinga/MG quando era território pertencente a Pará de Minas/MG. Benjamim Guimarães faleceu em Belo Horizonte no dia 14 de março de 1948, com 86 anos de idade

HISTÓRIA

Em Pirapora, o vapor Benjamim Guimarães passou a navegar ao longo do Rio São Francisco e afluentes até Juazeiro na Bahia. Transportava mais cargas do que passageiros. Chegou a transportar tropas do Exército Brasileiro com destino a Pernambuco e Rio Grande do Norte, que se dirigiam à Itália, na Força Expedicionária Brasileira. Segundo relatos de usuários antigos da embarcação, durante as incursões do bando de cangaceiros de “Lampião” a localidades nas margens do Rio São Francisco, houve ataque do bando ao vapor, obrigando que a embarcação, em velocidade máxima, deslocasse no sentido da margem oposta do rio, colocando passageiros, tripulantes e carga em local de segurança.

Na década de 40 a embarcação tornou-se propriedade da Empresa de Transporte do São Francisco, do empresário Quintino Vargas. Em 1942 foi incorporada à Companhia Indústria e Viação de Pirapora. Em 1955 a União encampou todas as empresas de navegação e o vapor, juntamente com 31 embarcações, foram transferidas para o Serviço de Navegação do São Francisco e depois para a Companhia de Navegação do São Francisco. Ficou décadas navegando entre Pirapora e Juazeiro, norte da Bahia.

No início da década de 1980, com a decadência da navegação no Rio São Francisco, o vapor passou a fazer viagens turísticas, cada vez menos frequentes. E, em 1º de agosto de 1985 foi tombado como Patrimônio Estadual pelo IEPHA/MG, recebendo nesse mesmo ano a sua primeira reforma, voltando a navegar em 24 de outubro de 1986. Em julho de 1987 a empresa municipal de turismo EMUTUR assume a gerência dos passeios turísticos no trecho de 460km entre Pirapora e São Francisco/MG.

Em 1995 o vapor foi interditado pela Capitania Fluvial do São Francisco por apresentar falhas na caldeira e danos no casco. Em 29 de janeiro de 1997 o vapor foi incorporado ao Patrimônio Histórico do Município de Pirapora em Termo de Transferência entre Franave e Prefeitura de Pirapora. A embarcação ficou atracada no porto da Franave por quase dez anos, voltando a navegar no dia 11 de agosto de 2004 depois de passar por outra recuperação-reforma-restauração, com supervisão do IEPHA e vistoria técnica da Capitania Fluvial do São Francisco.

A partir de agosto de 2014, por falta de concessão de Licença de Tráfego, ficou atracado no porto da Franave até novembro de 2020, uma vez que na vistoria, apresentou “deficiência no chapeamento, rasgos e furos no casco”.

Em 2017 o Ministério Público de Minas Gerais cobrou a execução do Termo de Ajustamento de Conduta assinado pelo município em 2013 para a reforma/restauração do vapor. Em dezembro de 2019 foi anunciado pelo Ministério do Turismo e Secretaria de Estado de Cultura e Turismo um convênio no valor de R$3.7 milhões para a recuperação do vapor Benjamim Guimarães. Em 30 de novembro de 2019 o convênio foi assinado com a empresa INC – Indústria Naval Catarinense para execução da obra, com vigência até junho de 2022.

Em novembro de 2020 quando da execução da docagem do vapor, ao ser içado numa rampa íngreme, ocorreu dano (flexão) em parte do casco, trazendo em consequência uma comoção popular em nível nacional.

As obras continuaram restaurando cerca de 70% do serviço, restando cerca de 30% para finalização da obra. Desde então o vapor encontra-se no canteiro de obras na orla fluvial do Rio São Francisco em Pirapora. (vide anexo fotográfico nº02).

Informações da Prefeitura de Pirapora ainda no final do ano de 2023 que soltou uma nota de que estaria financiando o restante da reforma do vapor por meio de empréstimo junto ao BDMG – Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. Ainda no final do ano de 2023, a Prefeitura de Pirapora por meio do chefe do executivo, anunciou a desistência do financiamento via BDMG, optando pela proposta da Eletrobrás via Ministério de Minas e Energia, para restauração do vapor Benjamim Guimarães no valor de R$ 2,3 milhões, consoante projeto apresentado pela Prefeitura que é proprietária da embarcação. Referido valor teria aporte, a título de fundo perdido, no programa de Revitalização dos Recursos Hídricos das Bacias dos Rios São Francisco e Parnaíba, conforme publicação em 08/12/2023 no site www.gov.br.

Entretanto, após intensas buscas na mídia digital, até o dia de hoje, 16/05/2024, não houve nenhuma divulgação do status da tramitação dessa proposta da Eletrobrás, nem no sítio da Prefeitura, iepha/MG, iphan ou gov.br.

Continuamos, todos nós, à espera de um posicionamento oficial por parte dos governos municipal, estadual e federal e dos referidos órgãos até então responsáveis pela execução e/ou supervisão técnica dos trabalhos de reforma/restauração do Vapor Benjamim Guimarães.

*Nilton Antunes Figueira é escritor, fotógrafo e servidor aposentado da Polícia Técnica de Minas Gerais

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Há que se fazer nessa relíquia de 111 anos (1913- 2024) uma adaptação aos moldes do último samurai de Tom Cruise mantendo-se a tradição do vapor combinado com um sistema de propulsão misto implementando-se motores a óleo diesel e adaptando-se tecnologia atual de radares, sonares , sistemas eficientes de comunicações incluindo-se navegação por GPS e por satélites. Marcos José Sylvestre, gerente de sistemas Portuários.

 

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