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Mineração fatura, mas se não assumir a sustentabilidade perecerá

Mineração fatura, mas se não assumir a sustentabilidade perecerá

E uma maneira de assumir a sustentabilidade é adotar o “Manual das Boas Práticas de Sustentabilidade” lançado pela AMF, agora sob a nova direção de um jovem empresário com mais vigor.

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08-05-2024 às 09h:18

Alberto Sena*

A mineração de ferro comemora bom faturamento, 25%, já no primeiro trimestre. E as perspectivas são de mais faturamento bom. Todavia, os empresários do setor, a essa altura, diante das mudanças climáticas, não podem mais pensar nem trabalhar só para faturar, sem se importar com as consequências da atividade no meio ambiente.

Recentemente, os empresários mais em sintonia com a realidade ambiental, aqui e em todo lugar, criou uma entidade, Associação de Mineradores de Ferro (AMF), com o discurso de respeitar o ambiente e buscar fazer com que os seus associados adotem, daqui para frente, medidas que, se devidamente seguidas, certamente irão acabar com a quase eterna briga entre empresários do minério de ferro e os ambientalistas.

Para ficar mais claro ainda, se o comportamento predador dos mineradores continuar, as gentes do povo serão capazes de reagir. Sim, porque hoje em dia há muito mais esclarecimento a respeito e, individualmente, as pessoas estão sentindo, as consequências pelo nariz, pela boca e pelos ouvidos, e não irão admitir mais isso.

AMF lançou, inclusive, um “Manual de Boas Práticas em Sustentabilidade”, e quando já se achava que era o começo da mudança, ao assumir o lema “compromisso hoje com o amanhã”, eis que o presidente da entidade, João Alberto Paixão Lages acabou se envolvendo em um episódio que gerou o seu afastamento do grupo.

Mas a AMF é uma entidade criada para reunir os empresários empreendedores dentro da percepção desses tempos que aí já estão e muito ainda virá – nós não podemos nem imaginar. Se se pudesse fazer o caminho de volta ao estado integral de antes, esta seria a opção. Mas...

Nas Minas Gerais não se pode impedir a mineração, mas que ela seja feita de mineira a menos degradante possível, para inclusive nunca mais ocasionar desastres como os da Vale em Mariana e Brumadinho.

Esse Manual de Boas Práticas é como uma constituição para o setor minerário, que não tem alternativa senão dele participar sob o risco de, se não seguir essas boas práticas, não sobreviver. Para usar uma imagem antiga, da infância saudável, é como na brincadeira de “gata parida”, o minerador vai ser espirrado fora do mercado.

O essencial dos compromissos assumidos não se diluiu a partir do infeliz episódio, porque à frente da entidade, que nasceu cheia de bons propósitos, está um jovem empresário Lucas da Costa Laborne Salazar, que assumiu a direção com o necessário vigor, de modo a salvaguardar a AMF e implementar com o apoio dos associados, os ditames da Organização das Nações Unidas (ONU) e ESG, tendo em vista as mudanças climáticas.

Diante do quadro mundial, o empresário do setor de mineração que não praticar as instruções ESG, estará fadado a perder mercado porque as pressões neste sentido virão de fora do País tanto quanto de dentro, porque há um clamor público em relação a tudo isso. As pessoas estão mais esclarecidas quanto a necessidade de preservação do ambiente, e ninguém irá aceitar mais a maneira predatória da atividade.

Não serão mais aceitáveis os métodos utilizados décadas atrás, como o da famigerada Minerações Brasileiras Reunidas (MBR) hoje Vale S.A. A MBR abriu atrás da Serra do Curral um buraco de mais de 200 metros de profundidade, buraco esse que está se enchendo de água e poderá se tornar uma bomba relógio, caso as águas do lago vençam os contrafortes da serra.

A Serra do Curral, se as pessoas a conhecessem, podia ser explorada turisticamente, dentro das intenções de vivenciar a Cordilheira do Espinhaço, a qual pertence.

Diante do que estamos assistindo no Rio Grande do Sul, com as chuvas que estão desabando sobre o estado, nada pode ser ignorado daqui por diante e as pessoas de modo geral precisam fazer o “mea-culpa” porque o que vem acontecendo não é obra de uma natureza maldosa, mas das maldades que o poder econômico, principalmente, fez e ainda faz ao meio ambiente.

Diante de tudo isso, convém aos empresários do ferro cuidarem de adequar as suas atividades ao momento vivido, e para que possam ser bem representados, a sugestão é acreditar na AMF, tendo em vista o “Manual de Boas Práticas em Sustentabilidade”, que, simbolicamente, é a alma da entidade. Um corpo se foi, mas a alma permanece íntegra e pode ser a salvação do setor diante dos tempos bicudos que virão.

Quem conhece o lado da mineração e o ambiental sabe, nunca se viu da parte de uma entidade de mineradores um manual dessa natureza, condizente com o equilíbrio ambiental.

*Editor Geral do DM

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