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Mirem-se no bom clima da “Confraria do Fogão”

Mirem-se no bom clima da “Confraria do Fogão”

Acredito que esse espetacular espaço surgiu há anos para satisfazer desejo oculto de Roberto Gontijo de reviver tudo isso e acabou indo longe, nem ele sabia até onde ia chegar.

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03-05-2024 às 09h:10

Alberto Sena*

“Confraria do Fogão” foi “fondo, foi fondo”, como diria aquele jogador do Atlético? Ou seria do Cruzeiro? Há quem diga que era do América. Mas o que quero dizer é que a “Confraria do Fogão”, agora Instituto Roberto Gontijo, é um lugar “suis generis” porque lá a democracia é o regime, mas não há espaço para discussões e mal querências.

Lá onde as reuniões se dão fica nos fundos da casa, no Bairro Santa Lúcia, em um espaço que lembra os que vieram ao mundo em meio a famílias grandes, de antigamente, onde as casas, por consequência, eram enormes, a mesa do almoço e do jantar precisava acolher todos sentados em bancos de madeira dos lados para caber a filharada. Pai e mãe ocupavam as cabeceiras.

Desconheço a descendência de Roberto Gontijo, mas sou capaz de dizer que ele – assim como eu também – veio de uma grande família e se sentiu na necessidade de criar a “Confraria do Fogão” para satisfazer um desejo oculto de reviver tudo isso e acabou indo longe, porque nem ele sabia até onde ia chegar.

Se é que já chegou em algum lugar, porque o melhor de toda caminhada é o percurso, que a gente deve viver com toda atenção, porque quando se chega em algum lugar o que acontece depois é a volta. E muitas das vezes as voltas não são boas. O que não é o caso dessa “Confraria do Fogão”, onde estive em carne e osso, a segunda vez.

E foi muito bom, porque lá estava um time de gente da melhor qualidade, na noite do dia 1° de maio. Houve mais uma reunião da confraria, da qual participaram o confrade maior, Roberto Gontijo e a sua assessora eficiente e eficaz, há 16 anos, Dona Helenita, que nos serviu “moqueca de peito de frango”, com aquele caldinho delicioso, que, escorreitamente, desceu devagar, para demorar acabar, pela garganta.

Estava tão delicioso o prato e ao pormenorizar o trato dele quase me esqueci dos demais confrades: procurador do Ministério Público de Contas e seus assessores Ronaldo Jayme Machado e Helder Pacas; o escritor Henrique German, com dezenas de livros publicados (ele chegou com uma sacola média de livros – só faltaram os seis de literatura infantil), Soelson Barbosa Araújo, presidente do Diário de Minas; Paulo Roberto Cardoso, professor, doutor e presidente do Conselho Editorial do DM; Tito Guimarães Filho, jornalista, diretor de Redação do DM; e o autor destas linhas, mais o jornalista Márcio Fagundes, que chegou depois. Ele, grande profissional, competente, respeitável e simpático como sempre.

O escritor Henrique e Soelson Barbosa confabulavam animadamente, e quem de fora visse os dois ali sentados à mesa, nem percebia ser o primeiro 99% cego. Sim, ele tem uma doença nos olhos chamada “retinose pigmentar”, doença degenerativa, mas ainda assim escreve em computador porque fez curso de datilografia no passado e os dedos dele sabem onde estão as letras, mas a tela do computador deve ser escura e os caracteres brancos.

Henrique German é candidato a uma vaga na Academia Mineira de Letras (AML) e certamente será bem sucedido porque é um tipo, como diria o professor Paulo Roberto Cardoso, “bela alma”, no conceito grego de enxergar a beleza do interior das pessoas.

O Roberto Gontijo não se deixava abater por um problema de saúde que ele deve encontrar solução proximamente, mas cuidava de forrar o estômago para ingerir os remédios do receituário médico, intercalando uma coisa com as outras, como a troca rápida de conversa com dona Helenita e com os confrades. Ele era o que mais se movimentava, indo para lá e para cá, cuidando de dona Helenita e ela dele, o anfitrião.

Foi uma noite memorável, regada à comedida degustação de vinho, cerveja e cachaça envelhecida em uma enorme garrafa transparente, que chama atenção sobre uma mesa de pedra ao lado do fogão, onde uma barrica de madeira guarda alguma coisa misteriosa porque ninguém perguntou o que há lá dentro nem ele tomou a iniciativa de informar. Mas dá para imaginar.

O gostoso de tudo, além da “moqueca de peito de frango”, é saber que a “Confraria do Fogão” é no mínimo uma boa ideia e por ser uma ideia boa já vem vindo há anos, e recebendo gente de todo tipo e tribo, sem levar em conta religião, ideologia política nem função exercida.

O que vale mesmo lá é a moeda da simpatia, do respeito, da alegria e da riqueza das conversas, porque ali, sentados frente a frente, as pessoas dialogam olhando nos olhos e acabam tendo boas ideias e maneiras de resolver ou dar seguimento a negócios.

O Roberto Gontijo funciona como um ímã. Ele atrai as pessoas com o jeito característico de ser e é também atraído pelas pessoas.

É aquele negócio baseado no retorno cósmico das ações humanas. O que a gente faz de bom vai e volta melhor ainda. O contrário não é a mesma coisa. Mas isso simplesmente não existe lá na “Confraria do Fogão”

Editor Geral do DM

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  2 comentários

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MuitoBom! Gostei de ver!!!

Aos queridos proprietários, editores, redatores, colaboradores e amigos do grande DM, o mais antigo diário informativo do nosso estado, em circulação desde o longínquo 1866; ao estimado “amigo de infância” Alberto Sena, os meus cumprimentos mais sinceros pela matéria de homenagem à importantíssima Instituição Fogão Mineiro, que congrega, nos seus 18 anos de existência, as mais interessantes figuras do mundo acadêmico, político, judiciário e de negócios dessas Minas Gerais, em ambiente sempre de encontro sadio e profícuo. O Roberto, hospitaleiro, amistoso e acolhedor, congrega com maestria ao redor do fogão aceso mineiros de todas as origens e estirpes, fazendo do conjunto deles uma única Minas harmoniosa, unida e forte . Deixo aqui registrados o meu apreço e os meus agradecimentos.

 

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