08-04-2024 às 09h:11

Se a competição da Stock Car vier a acontecer mesmo ao redor do Estádio do Mineirão, na Pampulha, o prefeito Fuad Noman (PSD) estará pavimentando a própria derrota nas eleições de outubro. A habilidade dele, comprovadamente por este episódio, está mais para um burocrata do que político, porque não foi capaz de enxergar que mexeria com um vespeiro.

Uma amostra disso, ele teve neste sábado, 6, quando manifestantes armados de cartazes, faixas e todo tipo de comunicação, principalmente o refrão “Fora Stock Car” gritado em uníssono. A impressão que se tem é a de que, se o evento for mesmo ao redor do Mineirão, vai bastar aos manifestantes eleitores mudarem o refrão e a reeleição do prefeito estará pavimentada na pista asfáltica a ser construída ali.

E por falar em pista, o prefeito Fuad errou desde o início ao aceitar a ideia de realizar uma competição dessa no local mais inadequado. Depois do aceite, ele concordou com o corte de 55 árvores adultas ao redor do Mineirão, sem ao menos refletir sobre o momento de mudanças climáticas que estamos vivendo. E foi como se nada ele tivesse feito, chegando a ser chamado de Fuad “motosserra”, porque logo em seguida passou na Praça Raul Soares.

Já estão dizendo por aí que a escolha dos arredores do Mineirão foi de um empresário de BH, cujo filho corre com a Stock Car. E que não passa de um capricho de ambas as partes, quer dizer do empresário e do prefeito.

Apesar dos males já apresentados pelo evento, ainda há tempo para mudar de endereço, porque se for realizado ali, a reação tende a crescer e politicamente, o prefeito Fuad Noman poderá “tirar o cavalinho da chuvas”, chuva de protestos e até dor de cabeça porque a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), demandam ação judicial contra a etapa de Belo Horizonte da Stock Car no entorno do Mineirão, com base nos impactos que pode causar para a instituição.

A competição está marcada para acontecer do dia 15 18 e agosto, e a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida fez questão de afirmar em entrevista passada, que não é contra a corrida, só quer que não seja nas imediações do campus da Pampulha.

 A reitora chama a atenção para um ponto de fundamental importância: o terreno onde está construído o estádio Mineirão pertence à Universidade. “Há muitos anos houve uma cessão para o Estado, mas sempre foi acordado que, qualquer coisa a ser feita no Mineirão, a UFMG seria comunicada e haveria a concordância da instituição.”

Pior ainda: “A prefeitura tem esse documento.” E, no entanto, aceitou a realização do evento e assinou contrato desde o ano passado.

Um dos principais impactos que essa corrida poderá causar é a questão do acesso, porque quatro das entradas do campus vão sofrer bloqueio por 19 dias. A entrada para a Escola de Veterinária dá direto para o Mineirão, e é a única entrada para o Hospital Veterinário.

Para que o hospital funcione precisam ser atendidos: “Acesso fácil, condições de silêncio, de infraestrutura para os animais. Pela legislação, os seres vivos devem ser tratados com os mesmos critérios éticos que os seres humanos”, afirmou.

Ademais, a área de aquacultura será afetada, toda a pesquisa que é feita com animais também. Ela chamou a atenção porque na UFMG tem biotérios, que são espaços de criação de animais para pesquisa, e são criados em condições especiais para experimentos, e a sensibilidade auditiva deles é muito grande, como disse a reitora Sandra Goulart, e o barulho da corrida pode, pôr em risco experimentos relativos a pesquisas feitas há 20 anos. “A pesquisa da vacina da COVID foi feita nesses espaços e temos outras em mandamento”, disse.