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Gabriel quer transformar BH numa esponja

Gabriel quer transformar BH numa esponja

A intenção dele é utilizar uma maneira inteligente de guardar toda água de chuva, de modo a não desperdiçar nem um pingo. Água de chuva para uso em vasos sanitários e ajardinamento

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02-04-2024 às 15h:36

Alberto Sena*

A importância de o vereador Gabriel Azevedo ter conhecido outros países do mundo, é que deu a ele a visão mais clara para solucionar os cruciais problemas de Belo Horizonte, ainda mais em tempo de mudanças climáticas, que a gente não sabe do que vem por aí.

Por exemplo, ele pretende transformar a capital dos mineiros numa cidade esponja. Quer dizer, que venha a se utilizar da captação das águas de chuva que se perdem na sarjeta, para usos vários, como descarga em vasos sanitários e jardinagem.

Quer saber de outra coisa? Ele é autor do projeto de “Crédito Verde”. São 70 itens que funcionam como um “cashback” de dívida ativa do Município. Quem instalar um painel fotovoltaico, ou de captação de água de chuva, ou teto verde, vai ajudar a transformar a cidade em lugar mais sustentável. E terá benefícios.

Um bom exemplo está relacionado com as chuvas, que viraram um drama para Belo Horizonte, entre ano sai ano. Na década de 1970, usaram o método de construção de canais. Atualmente, para estancar as enxurradas e enchentes é captar toda a água sem desperdiçar um pingo. E adeus transtornos.

E outra coisa é destampar os nossos ribeirões. 

Mas vamos deixar o candidato falar. E a primeira pergunta é a seguinte:

- BH tem alguns pontos que poderiam ser transformados em parques ecológicos. Tem um lá no Bairro Jardim América e outro em Venda Nova, que estão sob o risco de exploração imobiliária. Você tem alguma coisa pensada para Belo Horizonte neste sentido?

(Ele quer utilizar na capital a prática do “Crédito Verde”, projeto de sua autoria que funciona como um “cashback” de dívida ativa do Município). 

- Na verdade, o tecido urbano de Belo Horizonte já errou bastante no passado justamente por se espalhar; se tivesse um adensamento dentro da Avenida do Contorno, seria muito mais inteligente. Manhattan com os seus prédios gigantescos é mais sustentável do que Los Angeles, nos Estados Unidos, que tem só casinhas espalhadas ao longo de um vasto território. Na medida em que não adensa a vegetação e não sobe com os prédios, isso vai ganhando território e tirando mata, e uma vez que tem estabelecido na capital um conjunto já urbano, o que precisa é adaptar esse conjunto às regras de sustentabilidade. Eu sou autor do projeto do “IPTU verde”, perdão, do “Crédito Verde”, são 70 itens que funcionam como um “cashback” de dívida ativa do Município. Então, se você instalar painel fotovoltaico, ou captação de água de chuva, ou teto verde, você vai transformando a cidade em lugar mais sustentável. Por exemplo, questão de chuvas e enxurradas e enchentes, a construção de canais é o método dos anos 1970 de resolver a questão. O método atual é transformar a cidade em uma cidade esponja, a água que cai no telhado de uma casa, a água que cai no quintal não pode ir para a rede pública, ela tem de ficar retida ali para ser reutilizada como água de descarga, como água de ajardinamento. Se todo espaço tiver sua coleta própria, isso pontua e você não tem a enxurrada. E outra, nós precisamos ser ambiciosos para fazermos como em algumas cidades, nós precisamos fazer retornar para alguns lugares e eu sei que isso não acontece da noite para o dia, os cursos d’água para os seus leitos tampados, como outros fizeram, e destamparam os seus rios. É ridículo ver os nossos rios transformados em esgoto.

(Outra medida importante que ele deverá tomar é destampar os nossos córregos e ribeirões, como fizeram lá fora, nos países desenvolvidos. Primeiro eles fecharam os seus cursos d’água, depois de constatado o erro, abriram tudo, enquanto nós fechamos),

- Lá fora eles fecharam os rios e depois abriram e nós repetimos os erros deles.

- Belo Horizonte é cheia de nascentes de água potável que é desperdiçada e vai para a rede pluvial. Eu (Soelson) moro no Bairro Dona Clara, na Região da Pampulha, a nossa praça lá, Santa Catarina Bulier, ela tem duas nascentes maravilhosas, mais de 30 espécies de pássaros mais de 15 árvores frutíferas e a água não é utilizada de uma forma ideal para a população do bairro e vai toda para as redes pluviais e o prefeito atual começou várias reformas das praças de Belo Horizonte e abandonou o projeto. Não faz mais nada nas praças. Ele prometeu um projeto de 500 mil para a Praça Santa Catarina. Você, como candidato a prefeito, tem alguma coisa neste sentido?

- As pessoas precisam entender uma coisa: praça pública, não necessariamente é praça estatal. Qual é a diferença? Você conhece alguns lugares que são repletos de vida, pessoas se amontoam e isso é muito bom. Mas para isso é preciso fazer sentido lá. Por exemplo, a Praça do Papa, a Prefeitura, sem nenhum respeito ao patrimônio público, meteu uma placa na frente da obra de um artista que está puto. Qualquer pessoa, quando vai mexer em um prédio que é patrimônio, vai levar três/quatro anos para aprovar alguma coisa no Conselho do Patrimônio, e a PBH dando mau exemplo, pôs lá, sem avisar ninguém, na própria praça e acha que aquilo é próprio para praça, não é qualquer turista que chega para visitar a Praça do Papa, ele chega lá e fica parado. Por quê? Porque no entorno tinha de ter um parque, um restaurante apropriado. Lá, não. São barraquinhas em um lugar que tem uma das melhores vistas da cidade. Se você vai para a Europa, praça em Praga, Paris, Londres, o que tem no entorno dessa praça? Um conjunto enorme de cafés, de bares, de restaurantes e por isso a praça é lotada assim, porque é um ponto de encontro, aliás, eu vivo falando com meu prefeito Ângelo Oswaldo, de Ouro Preto, que os carros na Praça Tiradentes, não tem o menor sentido, é uma coisa que tem de ser removida com urgência e deixar a praça aberta para as pessoas caminharem. Então, não adianta dar um tapinha, uma maquiagem eleitoral, ela precisa ter vida no seu entorno para as pessoas circularem e isso é uma busca ativa permanente. Por exemplo, uma das coisas que eu fiz o prefeito de Belo Horizonte fazer é a demolição do Sulacap-Sulamérica, para resgatar a Praça da Independência, é uma paixão minha. É requalificar a Praça da Independência, abrir vitrines, ali para a Avenida Afonso Pena. Tem que dar condições especiais para as pessoas colocarem lojas lá e é preciso atrair as pessoas para o Centro. Eu estou falando de uma política tributária agressiva no entorno de praças, diminuir mesmo a cobrança. Você que vai colocar uma loja ali vai pagar menos, mas quero uma vitrine aberta 24 horas por dia e as pessoas vão ter olhos para a calçada. Então, não adianta maquiar, você tem que fazer.

(Neste ponto, ele sugeriu consultar o livro “Morte e Vida das Cidades Americanas”, de Jane Jacobs, que “escreve sobre o que torna as ruas seguras ou inseguras; sobre o que vem a ser um bairro e sua função dentro do complexo organismo que é a cidade; sobre os motivos que fazem um bairro permanecer pobre enquanto outros se revitalizam).

- Fazer como fizeram lá no Porto Digital de Recife, em Pernambuco (O Porto Digital é um dos principais parques tecnológicos e ambientes de inovação do Brasil e é um dos representantes da nova economia do Estado de Pernambuco)

- As lojas lá fizeram a regeneração da área, atraindo gente para morar, para abrir comércio pungente e melhores condições de investimentos.

Esta é a quarta parte da entrevista que o candidato do MDB à Prefeitura de Belo Horizonte, vereador presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo, deu ao Diário de Minas. Mas ainda tem mais. Aguardem. 

*Alberto Sena é Editor Geral do DM, com a colaboração do Diretor-Executivo Soelson Barbosa Araújo

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