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Em Biribiri, o que era de graça agora é pago

Em Biribiri, o que era de graça agora é pago

Sem justificativa, para ir à Vila de Biribiri almoçar e beber alguma coisa, o turista vai gastar um pouco mais a partir da entrada: R$ 10 por pessoa

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02-04-2024 às 09h:08

Alberto Sena*

Frequentamos a Vila de Biribiri na região de Diamantina (MG), há muito tempo, desde quando para ir aos bares e restaurantes, gastar o dinheirinho suado, não era necessário pagar R$ 10 por pessoa para entrar na área, como acontece nos dias atuais. Acompanhado de mais cinco pessoas, fomos, no sábado de Aleluia comer alguma coisa e beber cerveja lá na vila.

Havíamos ido ao Parque Biribiri e entramos todos sem nada pagar. Havia uma pessoa que anotava a placa dos carros e os turistas ávidos por natureza arbórea, água, serras lindas características do Sertão mineiro, todos curtiram de graça o lugar. Na verdade, o parque é um clube a céu aberto receptivo a toda classe de gente humana. Muito democrático.

Foi depois de vivermos toda essa beleza da Cordilheira do Espinhaço, é que fomos à Vila Biribiri a fim de buscar comer o melhor pastel de carne que nós servimos em toda nossa vida. E não encontramos. Mudaram a direção.

Antes, porém, achamos ser um acinte da parte de quem inventou essa ideia grotesca de ter de pagar para entrar no recinto da vila. Trata-se de uma ganância de quem administra a Vila Biribiri, porque antes não havia isso. No parque, que poderia cobrar entrada, é gratuito; então, não se justifica pagar por pessoa R$ 10 para entrar na vila. Gastamos com isso, logo de cara, R$ 60.

Aquilo ali, na língua tupi-guarani significa “buraco fundo”, talvez por isso, devido ao nome de origem, os responsáveis pelo lugar, que, evidentemente não foram entrevistados, mesmo porque ali não estávamos com essa intenção, e só estamos fazendo isso neste momento para denunciar algo que consideramos injusto.

Mas um pouco da história do lugar é interessante aqui para ressaltar. A vila foi idealizada pelo então bispo de Diamantina, João Antônio Felício dos Santos, e gente da família dele.

O terreno acidentado foi ideal para o uso de energia hidráulica produzida por uma pequena usina. A força das quedas-d’água acionava as turbinas. Quando havia uma fábrica de tecidos, dos Mascarenhas, havia até escola para os filhos dos funcionários, pensionatos, armazém e consultório odontológico.

Em suma, a vila foi edificada em 1877 para abrigar uma fábrica de fiação e tecidos do Biribiri e, ao mesmo tempo, empregar mulheres pobres do Vale do Jequitinhonha, o povoado. Numa época da década de 1950, a região abrigou 1,2 mil habitantes.

Aquele conjunto arquitetônico já foi palco para filmes, novelas e literatura. Os proprietários são a família Mascarenhas e teve uma época que alguns da família até quiseram vender tudo ali por R$ 2 milhões, mas mudando de ideia, certamente acharam que cobrar R$ 10 para entrar rende muito mais. É aquela história que aprendemos desde criança: “De grão em grão a galinha enche o papo”.

*Editor Geral do DM

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