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Gabriel: “Tiro Belo Horizonte do marasmo”

Gabriel: “Tiro Belo Horizonte do marasmo”

Mais do que paralisada, a capital dos mineiros está ultrapassada; o Centro da cidade esvaziado e assim BH perde moradores, como Gabriel Azevedo enxerga nesta entrevista

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27-03-2024 às 09h:07

Alberto Sena*

Gabriel Sousa Marques de Azevedo, mais conhecido por Gabriel Azevedo (MDB), vereador presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, candidato do partido a prefeito da capital, tem a seu favor uma série de predicados que o tornam apto a trabalhar para requalificar a cidade onde nasceu, e que, como ele disse, mais que parada no tempo, regrediu.

Com 37 anos seria de bom alvitre para ele, nessa idade, chegar a prefeito de uma cidade como Belo Horizonte, e vice-versa, porque a capital dos mineiros entrou no processo de petição de socorro, carente de quem possa promover um “retrofit”. Que na engenharia quer dizer modernização de equipamento ultrapassado.

Sim, e se o cidadão eleitor que tiver ainda alguma dúvida, deixe o carro na garagem para fazer um “turn” pelo Centro da cidade para tirar a prova. Quem aqui chegou no início da década de 1970 não viu nada de novo acontecer no Centro da cidade, a não ser uma fuga em massa de moradores para as cidades da Região Metropolitana, e, principalmente, para Nova Lima.

Gabriel acertou na mosca, porque é justamente de um “retrofit” que o Centro e a cidade precisam, principalmente nesses dias agitados em que vivemos e com as ruas abarrotadas de carros.

As ruas continuam as mesmas de décadas e o tráfego é intenso, necessita de alguém para pôr ordem nisso, e ele, Gabriel, com o seu mestrado em “Cidades”, está com a faca, o queijo mineiro e a goiaba cascão para fazer tudo isso, mas precisa da autorização do eleitor belo-horizonte.

Quem acompanhou a primeira parte da entrevista dele ao Diário de Minas sabe que, basicamente, ele falou e fala dos seus planos para “cuidar da população” primeiro e depois Belo Horizonte.

Ali sentado à mesa, na Bonomi, estabelecimento misto de café e padaria, na Avenida Afonso Pena, nós estávamos diante de um homem cheio de conhecimentos e ideias, com formação acadêmica e cultural de deixar qualquer pessoa impressionada.

E o mais espantoso, é um camarada novo, 37 anos de idade, regurgitando ideias para aplicação já na capital dos mineiros.

(Só para se ter uma ideia da capacidade de Gabriel, eis neste parêntese um resumo da biografia dele: estudou no Colégio Militar, fez os cursos de Publicidade e Propaganda na PUC de Minas, bacharel em Comunicação Social; formou-se também em Jornalismo; estudou Direito nas Faculdades Milton Campos, onde se formou advogado e, depois, mestre em Direito; foi Secretário de Comunicação na CORED-MG e Secretário de Comunicação na FENED; foi Presidente do Diretório Acadêmico Orozimbo Nonato, na gestão Ritmo; assessor da Presidência e hoje é conselheiro do Clube Atlético Mineiro; subsecretário da Juventude do Governo do Estado de Minas Gerais, convidado pelo então governador Antônio Anastasia; Mestrado na Faculdade Milton Campos, onde   iniciou a carreira de professor, Newton Paiva e Faculdade Batista, onde lecionou Direito Constitucional e Direito Internacional Público. Além de professor, é “Head of Institutional Relations & Public Policy na Jusbrasil, startup” que busca revolucionar o acesso à justiça; conhecendo na teoria e na prática as estruturas políticas, resolveu inovar e apresentar a Belo Horizonte uma candidatura independente, como alternativa ao modelo partidário atual atrasado - Se continuarmos falando da pessoa de Gabriel, corremos o risco de ficarmos aqui o dia inteiro.).

- Podemos falar também de favelas – ele disse. E continuou dizendo: Belo Horizonte atualmente é pouco criativa quando o assunto é urbanizar as favelas. Quando o “T” for o de teto nós vamos chamar a iniciativa privada para trabalharmos juntos e injetar nas favelas meios e recursos que possam requalificar a áreas de modo a integrar os espaços ao tecido urbano.

(Peço licença ao Gabriel e ao leitor para dar um testemunho. Daqui da minha janela, no Bairro Santo Antônio, diviso o chamado “Aglomerado Barragem Santa Lúcia”. Em 1995, adquiri o apê, e a paisagem era de barracos de tábuas e adobe. Hoje, 2024, a paisagem é outra, mudou para melhor, mas tem muito que mudar. Vejo sobrados de tijolos, muitos sem reboco, e fico a imaginar que, se ganharem pinturas dentro de um critério, a paisagem poderá vir a ser um espetáculo, até para turista ver. A artista plástica montes-clarina Yara Tupinambá tem um projeto neste sentido, mas parece estar paralisado).

- Outro problema gravíssimo, está dentro do “T” de teto – Gabriel continua. É o das pessoas em situação de rua. Nós temos poucos equipamentos e uma política pouco criativa e ineficaz para fazer com que as pessoas não vivam nas ruas. Esse é o “T” de teto. A primeira coisa a fazer é aquecer o mercado desta cidade. Tiro Belo Horizonte do marasmo! A maior parte dessas pessoas que estão nas ruas serão atendidas ao reerguermos Belo Horizonte, ao qualificarmos BH. Vamos fazer o Centro e suas adjacências se adensarem e isso vai fazer o aquecimento da cidade; isso nos levará ao segundo “T”, o de Trabalho, gosto de experiências.

- Cita um exemplo.

O porto de Recife, em Pernambuco, um grupo lá optou por reter capital humano. Eu não aguento mais perder amigos que vão embora daqui porque não vê oportunidade. Não vê mercado de trabalho bem constituído. Temos a UFMG, a PUC e outras universidades e centros de excelência e precisamos estar conectados no mercado. Nós temos que desburocratizar as coisas, alguém quer abrir uma padaria, um bar, não precisa de uma papelada quilométrica, como é hoje. Temos de tirar qualquer tipo de obstáculo para quem quer empreender, para a gente não só reter talentos, mas atrair talentos.

- E no “T” de Transporte, o que pretende fazer?

- Por fim, no terceiro “T”, o de transporte ... Mais do que falar, eu faço. No próximo mandato de prefeito, duas coisas serão muito importantes: a discussão do Plano Diretor da cidade; e um contrato novo, diferente do atual, com os concessionários de ônibus. Conclui o meu Mestrado em “Cidades” e o tema é como colocar as pessoas de volta aos ônibus de Belo Horizonte. As pessoas precisam reaprender a usar o transporte coletivo. E para isso não precisa forçar, criar maneiras de restringir o uso do carro. A ação é incentivar as pessoas a usarem os ônibus.

- Como fazer?

- Eu aponto em meu Mestrado algumas medidas que podem funcionar bem nessa direção e já até apliquei na cidade, mudar a lógica de remuneração de passageiro para quilometragem, faixas exclusivas, modo inteligente de pagamento, integrar a Região Metropolitana. Então, esses três são os carros-chefes.

- E mais?

- Posso falar também de Sustentabilidade, a criação, no Parque Metropolitano da Serra do Curral, de um bolsão verde de contenção de expansão urbana, reorganização do Movimento Metropolitano, do plano de manejo, apadrinhamento de praça e de parques. Posso falar também de cultura, acho que o potencial da nossa cidade é sensacional, mas nós estamos perdendo no Brasil porque não temos grandes espaços, porque dificultamos para quem quer empreender na gastronomia, no entretenimento. Estamos perdendo espaço. E vou parar por aqui porque senão não para.

- Você ainda anda de bicicleta pela cidade?

Amo andar de bicicleta. Tenho quatro no meu apartamento. Amo pedalar pelas ruas de Belo Horizonte. Sendo eleito prefeito, serei o que mais terá feito ciclovias na cidade. Mas as ciclovias precisam respeitar alguma lógica, o que o prefeito Fuad faz na Avenida Afonso Pena está errado. Não se constrói uma via ciclovia no centro da pista da avenida. Eu reservaria o centro da avenida para o “transporte leve sobre trilhos” (VLT), para retirar dessa via de grande potencial o número excessivo de ônibus. Então, usaria a parte central, onde o prefeito constrói a ciclovia, como ambiente para o VLT, desde a Praça Rio Branco, até a Rua Professor Morais onde o VLT, pela parte íngreme da Avenida Afonso Pena iria mais à direita para chegar na bandeirantes, e, assim concluir na Praça da Bandeira, porque a parte que vai da Avenida do Contorno-Rua Inconfidentes, até a Praça da Bandeira tem momentos de espaços muito íngremes e então seguiria o trecho da ciclovia nessa direção, e a ciclovia na Avenida Afonso Pena propriamente, eu colocaria de um dos lados da calçada. Quem caminha pelo Parque Municipal percebe que a calçada tem cerca de dez metros. Muito facilmente se pode colocar ali uma pista de ciclovia no sentido duplo, que se conecta de um jeito mais inteligente com a rede de ciclovias sem estar no centro da Avenida Afonso Pena, onde os ciclistas acham que é o melhor lugar para pedalar.

(Aqui termina a segunda parte da entrevista de Gabriel Azevedo ao Diário de Minas, como o candidato do MDB a prefeito de Belo Horizonte. Claro, ainda tem mais, mas nem por isso vamos gastar toda a munição de uma vez. O leitor vai continuar com o gostinho de “quero mais”. E terá muito mais.).

*Alberto Sena, Editor Geral do DM, com a colaboração do Diretor-Executivo Soelson Barbosa Araújo.

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