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Gabriel tem dentro do peito um vulcão de amor por BH

Gabriel tem dentro do peito um vulcão de amor por BH

O candidato do MDB a prefeito da capital, Gabriel Azevedo, com intuito de evitar excessos, faz análise para usar as lavas vulcão em favor de si mesmo e das pessoas que estão em seu caminho.

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25-03-2024 às 08h:53

Alberto Sena*

Quando chegamos ao Bonomi, na Avenida Afonso Pena, 2600, para entrevistarmos o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo, agora no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), e candidato a prefeito da capital, pelo partido, chegamos dez minutos antes do horário marcado, 9h.

O ambiente estava movimentado. As garçonetes indo e vindo com agilidade para bem atender aos que estavam sentados às mesas, uma delas enorme.

Avistamos Gabriel sentado lá no fundo acompanhado de duas pessoas. Uma delas era o deputado federal Newtinho (MDB).

Quando nos recebeu com aperto de mão e abraço, nos convidou a sentar à uma mesa e era ele e nós do Diário de Minas, gravador ligado para conversar com Gabriel sobre Belo Horizonte, onde ele nasceu e viveu no Centro da cidade, área conhecida dele como a palma da própria mão e o coração.

E foi a partir do Centro da capital que, ao longo dos anos, expandiu seu conhecimento aos quadrantes da cidade, com olhos de ver a periferia e as favelas. Ele conhece principalmente, a pé ou de bicicleta, em exercício de observação de tudo, incluídas as mazelas.

Durante cerca de 45 minutos, Gabriel expôs o seu amor por Belo Horizonte. E o interessante é a intensidade dele ao dizer, porque parece sair do coração. As palavras carregadas de sinceridade.

Antes de pensar na capital, como uma das mais importantes do País, Gabriel vai se ocupar, como disse, com as pessoas, porque uma cidade é feita de gente humana, e dentro desse conceito, que é grego, ateniense, nem sempre observado pelos políticos, ele elegeu como plataforma de governo os três “T’s”.

O primeiro “T” é o de teto. Ele sendo eleito, vai buscar meios de dar dignidade às pessoas que estão nas ruas. São gente como qualquer um de nós – “rua não é lugar para ninguém morar”, diz e conscientizou-se disso porque tem o costume de andar nas ruas do Centro, e se incomoda como nós do Diário de Minas ficamos incomodados com as cenas e por diversas vezes denunciamos. Esse problema social nos faz pequenos, como cidadãos comuns somos impotentes para resolver. Só um governante com a cabeça e o coração que tem, além de disposição poderá encarar de frente esse problema social que sangra na paisagem urbana.

O segundo “T” é o de trabalho. Ele diz que vai investir de todas as formas na ampliação das oportunidades de trabalho. E para isso basta ter criatividade, agregar empreendimentos afins que possam gerar oportunidades e crescimento. Gabriel até criticou o prefeito Fuad Noman, dizendo que ele não soube utilizar o monumento da Praça do Papa. Se fosse ele, disse o candidato, antes criaria toda uma infraestrutura capaz de levar as pessoas a irem lá apreciar e permanecerem no lugar, bastaria incluir estruturas atrativas para os turistas e os belo-horizontinos.

O terceiro “T” é dos transportes coletivos e uma das primeiras coisas que devem acontecer na administração dele é o fim do rumoroso contrato da PBH com os concessionários de ônibus coletivos. Quem acompanhou se recorda de que houve até bate-boca com o prefeito, que parecia estar do lado dos concessionários e só depois de quase meio bilhão de reais de subsídios, a passagem voltou aos R$ 4,50, mas nos dias de hoje já está a R$ 5,25.

1ª PARTE DA ENTREVISTA

A primeira pergunta foi sobre a resistência dele ao enfrentar dois processos de cassação, como presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). Demonstrou com isso que possui poder, apoio e compreensão de quem o valoriza pelo que ele é. Enfim, para ele foram duas boas lições.

- Quais lições você tirou desses dois pedidos de cassação, Gabriel?

- Acho que a cidade inteira percebeu, o que estavam querendo fazer comigo. Foi uma sacanagem, não havia motivo plausível para uma pessoa que ama tanto a cidade e dedica tanto ao mandato de vereador fosse cassada. Mas, dar a tudo isso ares de que a culpa é de todos eles e eu não tive culpa nenhuma, seria injusto da minha parte. Preciso admitir que eu cometi erros.

- Quais?

- Acho que todos esses erros podem ser resumidos numa incapacidade de controlar o que eu digo. Os dois pedidos de cassação são conectados a falas minhas, sobretudo. No primeiro eu fiquei muito chateado porque uma vereadora tirou o relatório de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a Lagoa da Pampulha. Eu amo a Lagoa da Pampulha. Acho que deixar uma CPI acabar sem uma conclusão, não permitir a limpeza daquele cartão postal, me chateou profundamente. Da mesma maneira, da outra vez, uma área como aquela lá do Bairro Padre Eustáquio, a do aeroporto Carlos Prates, que está sendo subutilizada em matéria de ideia, também me deixa bastante chateado. Então eu critiquei a vereadora, critiquei duramente alguns vereadores de outros partidos. Estes foram o estopim de dois pedidos de cassação.

- E as lições?

- Ocorre que por mais que eu ame (BH), seja apaixonado, intenso, eu preciso dosar tudo isso. Então, logo após o início do primeiro processo de cassação, eu tomei a iniciativa de me submeter a análise. Toda quarta-feira, pontualmente, às 8h, eu faço análise e estou achando muito positivo porque eu cheguei lá, e o analista me perguntou: “Por que você está aqui? E a minha primeira resposta foi: “Porque eu preciso entender o porquê de este vulcão existir dentro de mim, e uma vez ou outra ele entra em erupção. E isso não pode acontecer. Senão essa lava de vulcão, além de me derreter, vai derreter quem estiver no meu caminho”. Eu sempre ouvi dos meus amigos: “Você é repleto de qualidade, mas se não souber controlar isso, você vai se prejudicar”.

(Evidentemente, antes de ir ao encontro de Gabriel para entrevistá-lo, fizemos uma pesquisa sobre a biografia dele e, confesso, ficamos impressionado com o preparo dele, humano, intelectual e cultural. Mas ele precisava mesmo de encontrar uma maneira de controlar a si mesmo. Somos muito mais antigos do que Gabriel e até disse, no meu caso, que me via nele em termos de reações e rebeldias próprias dos anos 1970, quando ele nem era nascido. Mas com o tempo a gente mesmo vai aprendendo a ser mais cometido e é o que ele tirou de lição dos dois pedidos de cassação.

- Marcelo Aro (o secretário-chefe de Estado da Casa Civil do governador Romeu Zema, de Minas Gerais) andou complicando um pouco a sua vida?

- Não! – disse peremptoriamente. E emendou: - Ele ajudou, muito, preciso agradecê-lo!

- É?

- É. Preciso agradecê-lo porque ao tentar acabar comigo, ele me transformou em uma pessoa muito melhor.

- Foi trampolim?

- Não diria trampolim, mas uma oportunidade para conhecê-lo melhor...Ahhh! Eu não quero perder tempo falando dele, de verdade não quero, mas preciso dizer: o que ele fez, me ajudou a ser uma pessoa melhor e olho para frente. Então, eu o conheci melhor e o mundo político também o conheceu melhor. Tudo isso deixou as coisas mais claras e o que eu quero é seguir e cuidar de Belo Horizonte que amo.

- O que você vai fazer com Belo Horizonte? Não é só Belo Horizonte. A cidade possui uma população, e é essa população que precisa ser atendida.

- Você tocou em um ponto interessante. Porque a palavra política significa cuidar das pessoas da cidade. Em Atenas se dizia que eram os atenienses que construíam e constituíam a cidade. Atenas era os atenienses. Então, os belo-horizontinos são o que mais importa; mais do que Belo Horizonte. E eu tenho um mote, que chamo de “Santíssima Trindade Urbana”, os três “Tês”. Acho que a nossa cidade, pior do que estar parada no tempo, ela está regredindo.

(E Gabriel passou a desfraldar a bandeira do primeiro “T”).

- Nós tempos uma elite, temos pessoas com bons recursos financeiros, que optam por morar em condomínios fechados. Preferem abandonar a nossa cidade por Nova Lima. Lamentavelmente, optaram por uma maneira equivocada de morar, no sentido em que gastam horas de casa para o trabalho e horas do trabalho para casa. Fazem isso em geral. Não circulam na cidade, não caminham pelas ruas da cidade, não interagem com as pessoas e se isolam fora da capital. Isso é muito ruim!  Quando uma cidade tem uma elite que se isola do mundo real. Então, essas pessoas precisam voltar para a área central, voltar para onde elas caminhavam; voltar para ir aos parques, teatros, museus. Essas pessoas quando vão a Paris, elas caminham pelas ruas, elas vão aos parques e vão aos museus? Elas usam o metrô, ônibus. Isso é uma elite.

(Gabriel deixou subentendido que essa elite pode fazer tudo que faz lá fora, aqui, em BH, para não deixar o Centro da capital morrer. Nos ares da Bonomi a fumaça não era de nenhum vulcão, mas do aroma de café quente. Do cappuccino.  O vozerio era típico de quem frequenta o agradável lugar. Do lado de fora vinha o ronco dos motores dos veículos subindo a Avenida Afonso Pena).

E Gabriel continuou dizendo, com o seu vulcão interior controlado:

- Em segundo lugar, a classe média está com fortes problemas de adquirir, aqui, uma residência. Por quê? O Código de Construção de nossa cidade, o Plano Diretor e toda a legislação dificulta o retrofit (“retrofit” é um termo utilizado principalmente em engenharia para designar o processo de modernização de algum equipamento já considerado ultrapassado ou fora de norma) para novas unidades residenciais serem construídas no Centro, e então vão sendo expulsos de Belo Horizonte, também, essas pessoas de classe média para outras cidades da Região Metropolitana. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) informa que nós diminuímos enquanto a Região Metropolitana cresceu. Enquanto terceira capital, BH vai indo na direção da décima, e outras vão passando a gente. Nós temos uma área central planejada, baseada nas melhores experiências urbanas do século 19. Belo Horizonte é um pouco de Madrid; é um pouco de Paris; é um pouco do Central Park. Mas ainda é um tanto baixa, porque temos dois prédios altos, o Acaiaca e o JK são de década de 1940/50. Há muito a ser adensado no Centro da cidade.

(Esta é a primeira matéria de uma série sobre as intenções do presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, vereador Gabriel Azevedo (MDB) como candidato do partido para a Prefeitura de BH. E para deixar o leitor com o gostinho de “quero mais” e não encompridar tanto o texto, esta primeira parte termina aqui, neste ponto. Muitos outros importantes pontos estão reservados para o leitor do DM. É um candidato cheio de ideias, novo, experiente em matéria de Belo Horizonte e bem preparado sob todos os aspectos não há como negar tudo isso.).

*Editor Geral do DM, com a colaboração do Diretor-Executivo Soelson Barbosa Araújo

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A reportagem, de maneira cirúrgica, digna do Mestre Machado de Assis, traça o perfil, conhecimentos e intenções de um candidato a Alcaide de Belo Horizonte. Aborda com maestria, os aspectos contidos na tríade dos três "T", deixando o leitor, mesmo de outra cidade, inteirado da proposta do Entrevistado.

A matéria sobre o candidato a prefeito,Gabriel Azevedo, vem reafirmar qualidades demonstradas em sua trajetória política.Político nato, apresenta plataforma de governo pautada em soluções de reais necessidades da cidade de Belo Horizonte.

"Manda brasa Gabriel" . Irei aí votar em você.

 

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