15-03-2024 às 19h:39

Direto da redação

Ele disse que a capital não precisa de uma pessoa “calça frouxa”; os cidadãos de BH não precisam de alguém que não tenha pulso. E mostrou poder ao vencer dois pedidos de cassação na Câmara Municipal, insinuando ter sido vontade do prefeito Fuad Noman.

Com um discurso contundente, forte como é do seu estilo, o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo, se filiou hoje ao Movimento Democrático Brasileiro, em solenidade realizada na sede social do Pampulha Iate Clube (PIC), na Rua Cláudio Manoel, como pré-candidato à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).

Evidentemente, a essência do discurso dele foi recheada de recados para o atual prefeito, Fuad Noman (PSD), que pleiteia a reeleição, com quem teve ao longo dos meses entreveros retumbantes relacionados ao contrato que a PBH mantém com os concessionários de ônibus.

Com o salão repleto de apoiadores, tendo à frente o deputado federal Baleia Rossi, presidente do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) nacional, o deputado federal Newton Cardoso Jr, deputado federal Hercílio Diniz e o ex-secretário de Estado Nilberto Moreira, presidente da Fundação Ulisses Guimarães, Gabriel deu a entender que não faria nenhuma discussão por escrito e falou de improviso, utilizando-se de um tom forte e incisivo nas críticas ao prefeito Fuad.

Confessou-se um “radical” porque “amo Belo Horizonte radicalmente”, afirmando que a capital não precisa de “um calça frouxa”; os cidadão de BH não precisam de alguém que não tenha pulso, se sabe que estamos enfrentando com unhas e dentes essa tal de polarização. “Vocês sabem por que o Brasil está polarizado, vou falar de temas complexos, que quem vai ser vereador ou prefeito, não decide sobre temas polêmicos, como aborto; eu quero ver quem é a favor radicalmente de um plano diretor que evite deixar a economia de BH escoar para Nova Lima”.

Em certo momento, o pré-candidato disse que o atual prefeito da cidade devia disputar a Prefeitura de Nova Lima. Ele não disse, mas Nova Lima é hoje o município mais rico de Minas Gerais, ultrapassando a economia de BH.

Confessou-se uma pessoa que anda pela cidade, o que não é o caso do prefeito Fuad, “se ele anda, ninguém o viu nem o conhece”, mas Gabriel anda e vê a quantidade de buracos e de gente morando nas ruas “rua não é lugar para ninguém morar”. Disse dando a entender que caso seja eleito, os belo-horizontinos vão utilizar “ônibus de qualidade”, o que de fato não acontece em BH, apesar dos subsídios pagos aos concessionários.

O contrato da PBH com os concessionários é questionado e por mais que presidente da Câmara e o prefeito tenham batido boca, no final ambos acabaram subsidiando os donos dos ônibus para que a tarifa permanecesse em R$ 4,50, mas logo subiu para R$ 5,25.

A administração dele, caso venha a ser eleito prefeito de Belo Horizonte, será sustentada em três “T’s” – “Teto, Trabalho e Transporte".

Gabriel quer ver a Lagoa da Pampulha limpa. E toda população de BH também quer. De fato, ele tem razão ao abordar o assunto porque o faz de conta que estão despoluindo a lagoa é o que tem acontecido, entra prefeito e sai, mas com ele deverá ser diferente.

E para demonstrar o poder que tem e com os apoiadores que conta, por duas vezes o prefeito Fuad teria tentado tirá-lo da presidência da Câmara e não conseguiu. Vários dos vereadores que asseguraram a permanência dele ali estavam e o pré-candidato a prefeito citou o nome de cada um e os apontou para a plateia, sendo aplaudido em vários momentos do seu discurso.

Gabriel se vangloriou por ter “acabado com a corrupção na Câmara dos Vereadores" e insinuou que os pedidos de cassação dele aconteceram porque ele é contra a corrupção e se sente bem atualmente devido às suas ações. “Sou radical porque amo esta cidade” e possui boas ideias para tornar BH um lugar “incrível”.

Dirigindo-se ao Baleia, disse que alguém pode argumentar que ele falou mal do MDB dez anos atrás – disse dirigindo-se ao presidente nacional do partido – se for lembrar a quantidade de gente sobre a qual ele falou mal, “ficaria o dia inteiro aqui falando”. E mandou recado para os críticos deles dizendo que deviam “preparar o texto”.

Disse estar do lado do Baleia (afirmou pondo o braço no ombro dele) porque ele é radicalmente a favor de Belo Horizonte e tem ideias radicais para transformar a capital.

Gabriel lembrou Tancredo Neves apontando-o como o responsável pela redemocratização do País e se recordou também de Ulisses Guimarães, que assinou a Constituição de 1988.

Neste momento, o pré-candidato muniu-se de uma caneta e assinou a filiação ao MDB, documento que recebeu também a assinatura do presidente Baleia Rossi e do deputado federal Newton Cardoso Jr sob aplausos dos circunstantes.