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Alzheimer acometeu o “Memorial da Anistia”

Alzheimer acometeu o “Memorial da Anistia”

Aquela estrutura toda montada e sem uso dá má impressão que a direção da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), responsável pela construção do memorial, nem imagina.

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27-01-2024 às 07:00h.

Direto da redação

O chamado “Memorial da Anistia”, que seria construído em 2016 para homenagear os perseguidos pela ditadura militar, parece com um feto natimorto porque acabou por ser envolvido por tantos problemas inimagináveis.

Quem passa pela Rua Carangola esquina com Rua Primavera, no Bairro Santo Antônio depara com um grande lote fechado e vazio tendo ao fundo um prédio que seria reformado para dar lugar ao memorial. Por fora o prédio está todo tomado de andaimes de ferro, aparentemente pronto para dar início às obras de reforma, desde 2016.

Aquela estrutura toda montada e sem uso dá uma má impressão que a direção da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), responsável pela construção do memorial, nem imagina. O quadro do mato e o esqueleto de ferros são um retrato do espectro do que talvez nunca será construído ali.

Obras que jamais foram iniciadas, e o que se sabe por ouvir dizer e ler na internet, é que o memorial, estimado em R$ 5 milhões, já teria consumido R$ 28 milhões e nada foi feito ali, cujo aspecto é de um lugar abandonado. O lote ao lado com um portão de ferro está todinho tomado pelo mato.

E o mais interessante é que a então ministra de Direitos Humanos, em 2016, hoje senadora Damares Regina Alves (Republicanos), havia decretado o fim do projeto em 2019, no governo de Jair Bolsonaro, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em março de 2023 disse que retomaria a construção do memorial.

Do dia do anúncio do presidente sobre a retomada das obras, que de fato nem foram iniciadas, até o dia de hoje estamos próximo de completar um ano e nada aconteceu. Até parece que os perseguidos na ditadura continuam sendo perseguidos porque nem o memorial, que seria para homenageá-los, saiu.

Só para rememorar o caso, em 2016, quando se esperava que as obras fossem iniciadas surgiu uma denúncia em um contrato de cooperação firmado entre o Ministério da Justiça e a Universidade para a construção do Memorial da Anistia Política do Brasil.

A Polícia Federal entrou no caso e ao final 11 pessoas foram apontadas como suspeitas e a Justiça acabou por anular o processo e nada mais aconteceu a não ser o capim que, alimentado pelo adubo NPK das chuvas, encheu a área de verdor.

Enquanto isso, o prédio antes destinado a “preservar a história política do período da ditadura militar e homenagear os perseguidos pelo regime”, está lá na Rua Carangola com Rua Primavera, uma via sem saída – para carros.

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