23-01-2024 às 07:27h.

Bento Batista*

Neste exato momento desta manhã, chove.

É uma chuva bem-comportada. Pingos consideráveis, mas tranquilos.

Debruçado no parapeito da janela, assistir a magia dos pingos de chuva caindo sobre a copa das árvores frondosas do Parque Santo Antônio, ao lado do prédio onde estou, é um espetáculo que enche os olhos e vai ao imo de mim.

Mais espetacular é contemplar a alegria das andorinhas.

Elas, para mim, que aqui fico a observá-las detidamente, são os pássaros mais alegres, dentre a passarada.

Andorinhas demonstram essa alegria a partir do voo tortuoso, porém, de comemoração de alguma coisa, de felicidade, assim vislumbro.

Elas sobem, elas descem, elas fazem uma série de piruetas, como se estivessem se desviando dos pingos e ao mesmo tempo catando insetos no ar; atmosfera densa, agora, devido à chuva, que neste momento, já se afinou.

Ainda assim, devagar, bem devagarinho, os pingos de chuva na copa das árvores do parque ainda me fazem ouvir os ruídos característicos, salutares que, se fecho os olhos, durmo ou entro em sintonia e deixo a quietude invadir a alma.

E as andorinhas festejam a chuva enquanto fazem verão. Um verão diferente de outros verões vividos, este mais quente devido aos fenômenos das mudanças climáticas.

Este, até aqui, parece avisar como será o rigor do inverno.

Os arco-íris duplos nos chamam a atenção para as mudanças climáticas do porvir. E vieram.

A beleza deles esconde uma notícia nada alvissareira.

Felizes são as andorinhas, com elas o tempo é sempre bom. Só querem é fazer verão.

Nós veremos.

*Jornalista e escritor.