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Agora, a conclusão da reforma do vapor acontece

Agora, a conclusão da reforma do vapor acontece

É o que afirma o presidente da Emutur, jornalista Elton Jackson porque a Prefeitura de Pirapora conseguiu empréstimo junto ao BDMG, de R$ 2,5 milhões

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20-01-2024 às 07:37h.

Alberto Sena

Se fosse o caso de pesquisar os 55.606 habitantes do município de Pirapora, na Região do Norte de Minas, a 340 km da capital, sobre a situação atual do centenário vapor Benjamim Guimarães, ainda “sobre fogueira” já faz mais de três anos, é possível que cada um iria reclamar, porque até aqui tudo não passou de “vapor” d’água.

Mas desta vez o prefeito Alexandro Costa Cesar (PTB), Alex Cesar chamado vai mudar o panorama porque a Prefeitura de Pirapora já dispõe dos R$ 2,5 milhões, recursos necessários para terminar a obra e devolver o vapor Benjamim Guimarães ao leito do Rio São Francisco.

Quem faz a afirmação é o presidente da Empresa Municipal de Turismo (Emutur), jornalista Elton Jackson, nascido em Pirapora, de onde saiu com a família aos 9 anos de idade para se formar em Montes Claros e hoje ocupa o cargo e é sobre ele que acabam recaindo as reclamações devido à demora de conclusão da reforma.

Ele próprio admite que “está todo mundo reclamando”, mas explica que as pessoas não conhecem de perto as circunstâncias e o imbróglio que se transformou a reforma do vapor, uma obra que já podia estar pronta e o vapor deslizando nas águas do São Francisco, mas um pouco de tudo funcionou na contramão devido a disputas de egos e de pleitos eleitorais à vista. Na campanha tudo é prometido, mas logo depois se dá conta do engodo.

Mas a essa altura nem é necessário buscar culpados simplesmente porque não irá ajudar, diante de uma solução à vista. E de se admirar o empenho do jornalista Aparício Mansur, incansável defensor da reforma do vapor Benjamim Guimarães. Ele me dizia que, quando olha para ele, ali na margem do Rio São Francisco, ainda sobre fogueiras, enxerga uma grande “urna eletrônica”.

Segundo Mansur, quando as pessoas ouvem o apito do vapor, estando ele na água, têm a sensação de que o som penetra o mais profundo da alma. O Benjamim Guimarães é o maior patrimônio histórico dos habitantes de Pirapora e cada um tem guardado variados tipos de ocorrências numa viagem nele.

Mas desta vez, repito, a reforma vai ser concluída porque Elton Jackson afirma já estar aberta a licitação. A Prefeitura já dispõe dos recursos e com autorização da Câmara Municipal, o prefeito tomou emprestado ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), R$ 2,5 milhões.

Alex Cesar esteve em Brasília (DF) nesta quinta-feira em busca de uma proposta financeira, capaz de poupar o gasto pela Prefeitura de Pirapora, mas Elton Jackson acha que é “melhor contar com o pássaro que já está na mão”.

Os recursos já estão assegurados e a licitação aberta. Agora, as circunstâncias são de solução do problema da reforma do vapor, o maior monumento da cidade, “até parece que possui vida”.

A administração Alex Cesar deve terminar concomitantemente à conclusão da reforma do vapor. E ele, evidentemente, está interessado em se reeleger. A reforma concluída funcionará com cabo eleitoral do prefeito, que parece ser bem quisto pela população.

Além de histórico para o povo, o vapor é o único do mundo movido à lenha. Existem muitos, mas todos a motor. É o diferencial do Benjamim Guimarães que mais sobressai em meio ao imbróglio, que parece estar no fim.

*Editor Geral do DM

Uma noite no vapor Benjamim Guimarães

Alberto Sena

Ao ver a bela foto do vapor Benjamim Guimarães, atracado no porto de Pirapora, de autoria de Nilton Antunes Figueira, amigo neste Facebook, eu me lembrei de uma noite em que dormi nele, no início da década de 1970.

Na ocasião, era repórter do O Jornal de Montes Claros, na cobertura de Esportes, e fui acompanhar o time do Cassimiro de Abreu numa cobertura de uma partida amistosa com uma equipe de Pirapora. Já não me recordo do nome do time adversário.

Sei que fomos de ônibus e a estrada ainda nem era asfaltada. Chegamos lá já no fim da tarde, e nos dirigimos diretamente ao vapor. O nível do Rio São Francisco era baixo e o vapor ali estava para passar por uma reforma.

Cada um de nós ocupou uma cabine. A mim me pareceu estar vivendo uma experiência no mínimo interessante, passar a noite em um vapor, mesmo estando ele atracado.

Diga-se de passagem, um vapor cheio de histórias.

Todavia, melhor seria se ele estivesse em movimento.

Fui imaginando situações, principalmente quanto aos bons tempos do velho vapor rumando rio abaixo, com todo o seu poder de navegação.

Antes de dormir, fomos ao Bambuzinho um bar e restaurante praticamente dentro do rio, para comermos alguma coisa. Foi quando me lembrei das vezes em que passei horas debaixo das duchas das imediações de onde estava, numa época em que as águas do rio ainda não eram poluídas. O então jorro d’água batia forte nos ombros e transmitiam gostosa sensação de bem estar. Era relaxante.

Quando chegou a hora de dormir fomos para o vapor e eu me acomodei como pude diante das opções oferecidas. Senti a falta de um cobertor, mas nem me importei com isso, achando que não faria falta.

Mas fez. E como fez falta, porque ao cair da madrugada gelou. Quase me congelei ou sofri hipotermia.

Pela escotilha eu via sair da água do rio o vapor gélido.

Para me safar, foi necessário ficar deitado de roupa e torcer para a manhã seguinte chegar logo, imaginando um dia de sol para me refestelar no rio logo cedo.

O jogo estava marcado para às 16h.

O Benjamim Guimarães foi construído em 1913, nos Estados Unidos, pelo estaleiro James Rees & Com.

O vapor navegou no Rio Mississipi e pelos rios da Bacia Amazônica, até chegar ao Rio São Francisco, em Pirapora.

Fazendo as contas, o vapor Benjamim Guimarães fez 107 anos.

Quanto à foto de Nilton Antunes Figueira, ele a sacou em 19 de março de 2016. Linda tomada do vapor histórico, no qual posso repetir, passei uma noite de frio no Rio São Francisco.

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