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As cidades precisam parar de crescer

As cidades precisam parar de crescer

Como conhecemos o antes, o durante e vivendo o depois, caímos na real e podemos dizer sem o receio de errar, a qualidade de vida na capital mineira caiu aos mais baixos níveis.

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07-01-2024 às 09:29h.

Anes Otrebla*

O meu conceito de cidade é muito simples. Deve ser um lugar construído para bem servir à sua população, afinal é quem sustenta as despesas públicas.

Fico com a ideia do navegador e escritor Amyr Klink, o brasileiro que já esteve na Antártida dezenas de vezes, muitas delas sozinho: “As cidades precisam parar de crescer”.

Ele me disse isso, aqui, em Belo Horizonte, quando eu fazia a cobertura jornalística para um jornal sobre um evento do qual participava.

E disse mais o Klink, os administradores deviam investir na qualidade de vida sob todos os aspectos tendo em vista o bem estar da população.

Todavia, não é isso que assistimos nas cidades brasileiras de modo geral. Mas, como vivo em Belo Horizonte, vou me ater à “ex-Cidade Jardim”. Até quando era chamada assim, não tinha lugar melhor para a gente viver.

Como conhecemos o antes, o durante e vivendo o depois de tudo isso, caímos na real e podemos dizer sem o receio de errar, a qualidade de vida na capital mineira caiu aos mais baixos níveis.

As chamadas autoridades estão naquela de “vai, vai que estou olhando”. E ficam olhando. Agora passaram a ouvir também, o quanto a poluição sonora aumentou. Continuam olhando...

Hoje, qualquer pessoa que tenha condição de comprar um microfone ou um alto-falante, e se trabalha (ilegalmente) no comércio ambulante, sai por aí anunciando os seus produtos e da forma a mais irritante possível, com gravação que não para de repetir a venda de ovos, de alho roxo...

A bagunça está generalizada. As questões relativas à civilidade e o respeito nas relações humanas, já foram, como se diz, “pras cucuias” há muito tempo.

Só porque o camarada adquiriu uma aparelhagem de som se acha no direito de impor o volume da altura em que bem quer a qualquer hora do dia ou da noite e não há nenhuma autoridade capaz de socorrer o cidadão pagador de impostos e praticante da civilidade.

A qualidade da prestação de serviços públicos, como é o caso da Polícia Militar, a gente já chegou à conclusão de que melhor não chamar, ou chamar o bandido porque ninguém aparece. E olhe que eles são pagos com o dinheiro dos impostos para nos dar segurança.

E como todos estão, como disse, naquela de “vai, vai que estou olhando”, agora estão a ouvir também, mas nada fazem para pôr cobro ao desrespeito e aos abusos vividos no dia a dia.

O cidadão cumpridor das leis e dos seus deveres já não tem mais os direitos porque há uma tribo por aí, de emergentes, que se impõe como se fora o quarto poder.

Com os poderes abalados, e as pessoas no dia a dia buscando fora o que se encontra dentro de si, e cada vez mais a alimentar maus sentimentos, o viver por aqui, por essas plagas, está mais difícil.

Vivo em Beagá mais tempo do que vivi na terra onde (22 anos), nasci. Aqui estou desde 1972, e acho que posso dizer muito bem, tanto a capital como a minha terra natal precisam passar por uma readequação, tendo em vista o dizer de Amyr Klink, com o qual iniciei este texto.

E as chamadas “autoridades”, que procurem, em 2024, fazer jus aos proventos retirados dos impostos pagos pelos cidadãos e passem a melhorar a prestação de serviços à população principalmente no tocante a segurança pública e a contenção de toda forma de poluição – a sonora, então, está sem limites.

Enquanto isso, o prefeito Fuad Noman (PSD), mais envolvido com a vontade de se reeleger, anunciava dias atrás que mantém concomitantemente em execução 300 obras. Algumas delas de contenção de enchentes, que as pancadas de chuvas testaram e algumas delas não passaram no teste. A pressa muitas das vezes é inimiga do trabalho.

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