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Dia de alegria com misto de tristeza

Dia de alegria com misto de tristeza

Eu sou Belo Horizonte e no dia do meu aniversário não ganhei nenhuma festa, mas de presente, recebo um letreiro com o meu nome no alto da Praça do Papa.

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12-12-2023 ÀS 14:30H.

Direto da Redação

Bom dia! Hoje é o meu dia. A maioria dos mais de 2,5 milhões de belo-horizontinos não sabem que hoje é o meu dia.

Eu sou a cidade de Belo Horizonte e faço 126 anos no dia de hoje. Para o ser chamado de humano, 126 anos de idade é gente velha demais. Poucos até agora conseguiram essa façanha, se é que em meio às mais de 8 bilhões de almas viventes no planeta alguém já viveu tanto.

Para uma cidade, a minha idade é de uma jovem, mas uma jovem que precisa urgentemente passar por algumas cirurgias plásticas, que os administradores costumam chamar de “revitalização”, e eu chamo de requalificação. Já fui bonita quando mais moça, na época em que tive um encontro marcado com o escritor Fernando Sabino, quando ele se atrevia a andar por cima do arco do Viaduto Santa Tereza e o compositor Rômulo Paes lançava “A minha vida é essa, subir Bahia e descer Floresta”.

Tanto tempo depois, hoje às 20h, eu vou ganhar de presente de aniversário um letreiro no alto da Praça do Papa; papa João Paulo Segundo, de onde ele, ao vislumbrar a Serra do Curral, disse “Que belo horizonte”.

Não sou de lamentar, porque sei que o queixume faz mal, mas não posso deixar de registrar aqui, considerando a visibilidade do meu aniversário, algumas questões que me incomodam.

O prefeito Fuad Noman (PSD) e o presidente da Câmara Municipal, vereador Gabriel Azevedo e vice-versa precisam parar de bater boca para pôr em prática as medidas que são do interesse meu e da minha população, essa gente que necessita de assistência sob todos os aspectos.

Pelo que acabei de ler aqui, no Diário de Minas, a Câmara aprovou um Orçamento para 2024 “no vermelho”, e como é que as badaladas 300 obras da PBH serão tocadas. Xiii... Vai ser danado porque é ano de eleição municipal.

Que me desculpem quem estiver na escuta ou na assistência, mas eu já fui mais bem cuidada antes, principalmente no dia do aniversário. Não é que aprecio badalações, não, é pela importância que as próprias pessoas inocularam em mim.

Eu não tenho praia – tenho a Pampulha, cujas águas nunca são despoluídas apesar dos gastos públicos – mas, em compensação, tenho milhares de bares e botecos o que fazem da vida noturna e dos noctívagos a felicidade dos momentos.

A intenção não é estender a falação porque não é o caso. Mas queria o poder de voz pelo menos uma vez na vida, a fim de expressar a minha alegria misturada com uma dose de tristeza porque não venho tendo a devida atenção. Ouço mais discurso do que confirmação prática da falação.

Boas práticas, é disso que estou carente. 

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