15-11-2023 às 07:42h.

Direto da Redação

Mais de meio bilhão de reais para descomissionar barragens no Estado, com tecnologia desenvolvida aqui, em Minas, por empresa chinesa, que segundo fonte do governo mineiro, auxiliar empresas do ramo minerário a se livrar de barragens à montante.

A notícia chega em um momento importante, quando a Vale S.A. se encontra às voltas com o perigo do rompimento de uma barragem de rejeitos em Mariana, onde se deu a primeira tragédia, cuja lama matou 19 pessoas e destruiu propriedades, enlameou o Rio Doce com a lama poluidora.

Como o governador Romeu Zema divulgou ainda em Pequim, na China os investimentos serão feitos por meio de uma parceria entre as empresas mineiras Gaustec, PST Holding e a chinesa Jingjin Equipment, considerada a maior produtora de filtros prensa do mundo, tecnologia que possibilita o empilhamento a seco de rejeitos da mineração de ferro, e elimina barragens.

Será de R$ 510 milhões o investimento para ampliar a implantação de uma tecnologia inédita, capaz de ajudar as mineradoras a acelerar o processo de descomissionamento de barragens de rejeitos alteadas a montante. Ao mesmo tempo faz com que os resíduos sejam reutilizados para produzir minério de ferro.

Uma nova empresa vai surgir para investir nos próximos cinco anos R$ 360 milhões em dez módulos de produção no município de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), prometendo gerar 600 vagas diretas. Essa parceria, segundo a assessoria do governador, põe Minas Gerais na dianteira como praticante de mineração cada vez mais sustentável.

Os R$ 150 milhões restantes serão aplicados na implantação de um centro de montagem. De distribuição de equipamentos e peças sobressalentes. Um hub de produtos e serviços para atendimento às atividades de mineração, saneamento, indústria química e alimentos.

Segundo disse o governador Romeu Zema a iniciativa terá apoio e suporte ativo do Governo do Estado porque é de fundamental importância para o Estado de Minas Gerais.

“No meu primeiro mês de governo” – ele disse – “enfrentei a tragédia de Brumadinho, e um dos meus primeiros compromissos como governador aos mineiros foi o de que eu faria de tudo para que nunca mais tivéssemos desastres como os de Mariana e Brumadinho", rememorou.

“Por isso determinamos o descomissionamento das barragens, mas esse se mostrou um processo muito mais complicado que o previsto inicialmente. Como não sou de me acomodar com problemas, viemos à China buscar soluções tecnológicas que vão solucionar a questão”, disse Zema.

Ele acredita que essa tecnologia, com DNA mineiro, ajudará a acelerar o processo de descomissionamento e descaracterização de barragens de rejeitos da mineração. “Apesar de ser uma obrigação legal, as mineradoras têm tido dificuldades técnicas de cumprir os prazos legais e essa solução surge como uma excelente alternativa para atingir os objetivos da lei que criamos”, comenta.

Depois das duas tragédias ocorridas em Minas, as mineradoras que operam no Estado foram obrigadas, por novas leis, a desativar seus reservatórios de rejeitos à montante. Entretanto, com dificuldades técnicas, esse processo está atrasado, o que levou as empresas a firmarem um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público.

Para João Paulo Braga, o presidente da Invest Minas, essa tecnologia anunciada, além de solucionar os problemas das barragens, pode tornar Minas Gerais uma referência global.

“Essa é uma tecnologia que está 100% alinhada com as políticas ambientais discutidas em nível mundial, como no caso da COP 28, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, e pode ser exportada para outros países mineradores na América do Sul, Canadá e Austrália”, disse Braga.