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Clima de guerra no ambiente da Câmara de BH

Clima de guerra no ambiente da Câmara de BH

Tudo porque está em curso uma comissão processante com o fito de cassar (ou não) o mandato do presidente da Casa, vereador Gabriel Azevedo, acusado de quebra de decoro e abuso de poder.

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10-11-2023 às 11:10h.

Direto da Redação

O clima de guerra no qual o mundo foi envolvido se manifesta também no ambiente da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), evidentemente, guardadas as proporções, porque lá no Legislativo a munição não é de balas e bombas, mas de palavras, numa animosidade que leva qualquer cidadão dotado de bom senso e título de eleitor a pensar melhor antes de votar.

O começo de tudo foi a partir das denúncias contra o presidente da Casa, vereador Gabriel Azevedo (sem partido), formuladas por sua ex-aliada, deputada federal Nely Aquino (Podemos), acusando-o de quebra de decoro e abuso de poder, e pedindo a cassação do mandato dele.

O pedido da deputada gerou a criação de uma comissão de três vereadores, sendo que a relatoria da comissão processante ficou com a vereadora Professora Marly Aro (PP) mãe do secretário da Casa Civil do governo de Minas, Marcelo Aro (PP), com quem Gabriel Azevedo tem divergências desde quando os dois frequentaram os bancos acadêmicos.

Iniciadas as oitivas de testemunhas tanto de um lado como do outro, no terceiro dia, eis que Gabriel saiu disparando contra o secretário Aro e o vereador Juliano Lopes, seu vice-presidente, insinuando que os dois estariam recebendo dinheiro dos concessionários de ônibus urbanos.

Em virtude dessa insinuação, o secretário Aro, mesmo estando na China com o governador Romeu Zema, entrou com uma queixa-crime contra Gabriel e a mesma coisa fez o vereador Juliano Lopes, acusando-o de injúria, o que fez sair mais fumaça ainda no ambiente da Câmara,

O episódio mais recente aconteceu nesta quinta-feira, 09, e foi protagonizado por um ex-integrante do gabinete de Azevedo – agora exonerado. Ele acusava o diretor-geral da Câmara, Rafael Dayrell – e por consequência o presidente – de participar de uma “prática criminosa”, de um suposto esquema de “rachadinha”. Na prática isso significa devolução de parte do salário de assessores em cargos comissionados, para o chefe.

A partir desse disparo, o ambiente da Câmara ficou ainda mais quente do que pode acontecer aqui na capital com a temperatura beirando os 40 graus conforme a previsão da Meteorologia. Gabriel reagiu chamando tudo de “uma farsa” contra ele. “Todo mundo sabe, e sabe com muita convicção, que eu não sou corrupto. Tentar pegar isto em mim é uma ação frustrada”, disse.

Com a habilidade política que Gabriel possui, ele acabou por inverter a situação dizendo que o denunciante pedira dinheiro emprestado a integrantes de diferentes setores da Câmara depois de haver simulado um incêndio em sua casa com o intuito de provocar doações tanto físicas como virtuais.

“Eu próprio, quando soube do incêndio, levei-o ao meu apartamento, cedi para ele cama, utensílios, ajuda, porque fiquei sensibilizado com a questão. E não narrei nada disso para vocês (vereadores) por ser uma questão de foro íntimo – todo mundo aqui já ajudou alguém”, narrou Azevedo.

A partir da narrativa do presidente da Casa, outros vereadores também se manifestaram sobre o tema. Um deles, Sérgio Fernando Pinho Tavares (PL), disse ter ajudado o denunciante a se empregar na Câmara Municipal. E se confessou chateado e responsável por esse quadro.

“Eu preciso, antes de mais nada, pedir desculpas a vossa excelência (Gabriel) e ao Rafael Dayrell porque o rapaz que está envolvido nesta situação veio para a casa por um pedido meu. A mãe dele é uma pessoa da minha relação pessoal e, tão logo assumi o mandato, ela me procurou e me pediu que eu o ajudasse com uma oportunidade. Eu, então, procurei o presidente da Casa e pedi que ele me ajudasse, porque eu queria ajudá-lo de alguma forma. O vereador Gabriel foi extremamente solícito e me disse que não teria condição de acolhê-lo na Presidência, mas que o faria no próprio gabinete, e o fez”, explicou.

A pedido de Rafael Dayrell, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) divulgou uma certidão informando que não foi instaurado qualquer procedimento interno porque o denunciante não ratificou representação de qualquer natureza perante o órgão.

Até o dia 04 de dezembro, dentro dos 90 dias de duração do processo, a comissão processante – vereadoras Janaína Cardoso (União Brasil, presidente; Professora Marli (PP), relatora; e Iza Lourença (Psol) – deverá apresentar o relatório final.

A contar do término das oitivas, Gabriel tem cinco dias de prazo para apresentar sua defesa por escrito. Em seguida, a Professora Marli entrega o parecer sobre o pedido de cassação, que será votado pela Comissão Processante.

O ato final ficará por conta do plenário da Câmara. Dentre os 41 vereadores, se 28 votarem a favor da cassação, Gabriel perde o mandato.

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