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Do cafeeiro nada se perde, nem as folhas

Do cafeeiro nada se perde, nem as folhas

Desde lá dos primórdios do consumo de café é sabido de seu uso medicinal, dotado de poder para curar vários males. E é para falar dessa capacidade do café que o DM escolheu este sábado

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04-11-2023 às 08:55h.

Direto da Redação

Enquanto você, leitor do Diário de Minas, leva à boca a xícara de café de todo dia, por sua cabeça não passa de onde veio o pó com o qual coou essa bendita bebida sorvida em toda a parte do mundo. Nem também passa pela sua cabeça como é que, afinal, se descobriu o café.

Reza a lenda que foi na região da Cafa, na Etiópia, e pode ter sido mesmo, o nome se parece com café. Um pastor percebeu que suas cabras ficavam diferentes, um tanto agitadas toda vez ao consumir as folhas de café, que ainda não tinha esse nome não.

Da Etiópia, o café foi levado para Arábia, e os árabes até tentaram segurar a planta como se fosse deles, mas não conseguiram. Imagina o leitor que o cafeeiro era considerado milagroso, de uma função social grande, e ficou ainda maior com associação ao pão nosso de cada dia.

Desde lá dos primórdios do consumo de café é sabido de seu uso medicinal, dotado de poder para curar vários males. E é para falar dessa capacidade intrínseca ao café que o DM escolheu este sábado para dar a notícia de que as folhas que lá no início as cabras comeram e ficaram diferentes têm potencial para tratar o mal de Parkinson, doença neurodegenerativa que afeta o sistema nervoso.

Pelo menos é o que indica uma pesquisa publicada por meio de um artigo no periódico científico International Journal of Molecular Sciences, em agosto de 2023.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Café (INCT do café) financiaram o trabalho.

O mais espantoso diante de uma revelação dessa é o quanto de dinheiro desperdiçado pelos cafeicultores ao longo de todo esse tempo, quando podiam estar comercializando também as folhas do cafeeiro. Claro, no caso atual, é necessário que eles aguardem os resultados finais deste trabalho, no mínimo alvissareiro.

As folhas são consideradas subprodutos, e descartadas, mas têm um composto chamado Levodopa (ou L-DOPA) usado como fármaco. Foi a Universidade Federal de Lavras (Ufla), no Sul de Minas, que constatou essa capacidade.

Vários outros compostos de importância medicinal também foram observados pelos pesquisadores nas folhas, mas isso requer estudos aprimorados.

“Esperamos que a pesquisa abra caminho para a utilização dessas folhas com importantes usos medicinais. Dessa forma, muitos brasileiros que dependem do cultivo do café podem ser beneficiados pela colheita não só dos frutos, mas também das folhas dessa valiosa espécie agronômica”, disse Thales Henrique Cherubino Ribeiro, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia Vegetal (PPGFV/UFLA), principal pesquisador do estudo.

Eles apuraram que em regiões cafeeiras é comum nas comunidades o costume de preparar e consumir o chá feito a partir das folhas do cafeeiro. Claro, antes é recomendável verificar se estão livres de agrotóxicos. Chá de folhas de café “é fonte inestimável de nutrientes”, constataram.

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