23-09-2023 às 18:25

Alberto Sena

O Diário de Minas foi, hoje, 23, oficialmente o primeiro dia de primavera, à Avenida Prudente de Morais, em Belo Horizonte, a fim de contemplar a exuberante mostra natural dos ipês rosas, fenômeno que se repete todo ano antes do anúncio da mudança de estação.

Vale o prazer de se arrancar de casa só para apreciar a beleza do espetáculo gratuito.

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) ou alguma agência de turismo da capital podia pôr no calendário de eventos da cidade, a singular mostra dos ipês para atrair turistas, que porventura apreciem esse tipo de espetáculo.

A sugestão quem dá é a ambientalista Márcia Valadares Mello Franco, baseado no que ela já viu em suas viagens pela Europa. Aqui, é ainda maior. E está, como se diz, de bandeja para quem optar por capitalizar o espetáculo.

Espetáculo que pode ser estendido ao Parque Jornalista Eduardo Couri, também conhecido como lago da Barragem Santa Lúcia, que não estava tão florido quanto a Avenida Prudente de Morais, mas sempre é um lugar bom onde passar algum tempo a caminhar por seus 800 metros de circunferência.

E foi lá no parque onde Abílio, andarilho que, no momento, molhava uma goiabeira utilizando-se de uma vasilha. Ele retirava água de um dos canais alimentadores do lago e num gesto largo aguava a goiabeira. “Ninguém nunca fez isso”, ele assegurou.

Abílio disse que é de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde tem família, mas passa o tempo a andar de uma cidade para outra. Ele afirmou ter 70 anos de idade e tudo que faz é a pé, de modo que desfruta de muita vitalidade. “Não tomo nenhum remédio” – ele disse.

Um detalhe importante é que Abílio toma conta de um espaço ali no parque, o que é notado pelo cuidado dele ao utilizar-se de cocos verdes que seriam jogados no lixo, para ornar o redor de árvores e mudas.

Os gestos de Abílio demonstram ser ele uma pessoa enfronhada na questão de preservar o meio ambiente. Disse ter estudado só até o primário, mas conhece algumas palavras em inglês, japonês e italiano. E provou ao falar algumas, mas não se podia aprofundar em nenhuma língua.

Ele falava e ao mesmo tempo jogava água em outras plantas também porque na ocasião fazia calor de 30°C, sentia a dificuldade delas, demonstrando a sua sensibilidade. Ao final da conversa, ele disse que houve “empatia entre nós”, o que foi uma conclusão interessante, em se tratando de ser uma pessoa simples.

É sabido que abaixo do asfalto da Avenida Prudente de Morais corre o Ribeirão do Leitão, e é possível que isso explique o vigor dos ipês roxos, que ali estão a se mostrar até despertar o interesse de uma ação maior para promover o espetáculo natural.

Convém dizer também que de modo geral, a capital das Minas Gerais fica linda nessa época do ano porque os ipês são vistos em outros pontos da cidade, bastando para isso ter olhos de ver e alma para contemplar.