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Abaixo as etiquetas, elas são “ferrinho de dentista” ou “pedra no sapato”

Abaixo as etiquetas, elas são “ferrinho de dentista” ou “pedra no sapato”

Devia haver um lugar mais apropriado para elas. Ou, simplesmente, elas não deveriam existir. Sem o incômodo das etiquetas, o viver seria mais agradável. As pessoas se sentiriam mais livres

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03-09-2023 às 09:55h

Anes Otrebla*

Abaixo as etiquetas! A partir deste momento, iniciamos um movimento contra as etiquetas de todo tipo. Elas só existem para atrapalhar a vida da gente. São como pedra no sapato. Ou ferrinho de dentista. Algumas delas até provocam dores. Devia haver um lugar mais apropriado para elas. Ou, simplesmente, elas não deveriam existir. Sem o incômodo das etiquetas, o viver seria mais agradável. As pessoas sem etiquetas iriam sentir mais livres e menos incomodadas.

Quem nunca se sentiu incomodado por causa de uma etiqueta na roupa levanta o dedo. Como ninguém levantou o dedo, todos já se sentiram incomodados e poderão então fazer parte desse movimento político, porém apartidário, que visa tornar a vida dos brasileiros menos incômoda possível. Repetindo: abaixo as etiquetas!

Num país como o nosso (sem etiquetas) com etiquetas demais nas roupas, enquanto os políticos deitam e rolam no congresso se desfazendo de nós; numa nação como a nossa, onde há pequenos e grandes corruptos, país no qual o transporte rodoviário nas perigosíssimas BRs brasileiras é privilegiado em detrimento do transporte ferroviário; aqui, onde em se plantando tudo dava, nasceram as ervas nocivas da passividade que se vão alastrando e perdurando até não se sabe quando.

Fazer papel de bobo, para muita gente, deve ser mais cômodo ou menos incômodo do que os incômodos das etiquetas de camisas, calças e, principalmente de cuecas.

Temos tanta coisa a nos incomodar no dia a dia. Temos o trânsito de veículos que torna a vida nas grandes cidades um inferno. Temos uma classe política que consegue nos envergonhar (indignar) a cada ação do congresso (com “c” minúsculo). O congresso ainda irá levar o troco, escrevam isso. Não temos nem ideia mais de até onde os políticos brasileiros possam chegar.

Outro incômodo, mais incômodo que o das etiquetas, é o transporte coletivo em Belo Horizonte. Se fôssemos computar o tempo que perdemos aguardando um ônibus chegar ao ponto, não haveria dinheiro que pagasse. Além da demora e da má qualidade dos veículos, o serviço prestado é de baixa qualidade. Muitos motoristas trabalham como se estivessem transportando gado. Ao passarem a marcha, o gesto é tão brusco que o veículo arranca do jeito como o sapo pula.

São tantos os incômodos que as pessoas vão impondo umas às outras. O barulho é um deles. Os indivíduos despidos de bom senso e de respeito ao semelhante, que fazem da traseira dos seus carros usina de som. Quem desperdiça água tratada lavando calçadas e o asfalto com mangueira ou bomba hidráulica; os que ocupam as calçadas impedindo os pedestres de transitarem em segurança. E vamos por aí afora.

Mas, convém retomarmos o que dissemos no início desta nossa conversa, quanto ao movimento contra todo tipo de etiquetas. Essas coisinhas incômodas colocadas em gola de camisas, em cós de calças e de bermudas e também de cuecas. Há etiquetas que espetam a nuca e a cintura do usuário. Umas são colocadas de modo a impedir a retirada delas sem estragar o tecido.

*Jornalista e escritor

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