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Vereador Gabriel preside reunião para discutir abertura de processo de sua cassação

Vereador Gabriel preside reunião para discutir abertura de processo de sua cassação

Resultado, ele conseguiu empurrar a plenária com a barriga, com o apoio dos seus aliados, e não encontrou dentro do tempo regulamentar, um espaço para colocar o pedido em votação

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01-09-2023 às 17:25h

Direto da Redação

Poderia ter sido trágica, se não tivesse sido cômica a reunião plenária da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), hoje, marcada para discutir a abertura de processo de cassação do presidente da Casa, vereador Gabriel Azevedo (Sem Partido), iniciada às 15h para terminar três horas e meia depois e foi prorrogada por mais duas e terminou, de maneira pífia, às 20h30, sem que fosse posta em votação o objetivo do encontro.

Claro que a reunião, que acabou não discutindo nada, teve várias interpretações, a partir do inusitado de o próprio presidente da Casa ter dirigido os trabalhos. Ele usou de uma tática que deu certo, afinal, o tema central da reunião não aconteceu, isto é, a votação da abertura do processo de cassação de Gabriel Azevedo.

Ele e os aliados dele empurraram a reunião com a barriga, ou a manteve em banho maria, até esgotar o tempo regulamentar para que o assunto fosse discutido na segunda-feira, conforme recurso apresentado pela vereadora Marcela Trópia, justiçando que todos ali estavam desde às 15h, cansados, inclusive a imprensa, segundo ela, e o mais sensato seria concluir a reunião deixando para segunda-feira a discussão.

Uma outra maneira de interpretar a reunião da forma como foi realizada, cumprindo rigorosamente o regimento interno da Câmara, partiu do vereador Júlio Lopes. Ele foi curto e claro ao dizer que o presidente da Casa nunca havia presidido uma sessão da forma com fez hoje, enrolando o tempo com a conivência dos aliados. “Vossa excelência está com medo” – ele indagou em certo momento.

Os aliados do vereador Gabriel fizeram de tudo, dentro do regimento interno, com o fito de preencher o tempo discutindo “questão de ordem”, impetrando recurso e cada vez o presidente punha em votação nominal para ao final algum vereador pedir recontagem para esticar ainda mais e o tempo passar.

Até canto de “parabéns” pelo aniversário de dois parlamentares e alguém da administração foi apresentado ali durante o que seria uma reunião para discutir a abertura do processo de cassação do presidente.

Quem estava em casa e assistia a transmissão, como a Promotoria de Justiça e os telespectadores, cada um deve ter feito a sua interpretação da reunião. A Promotoria certamente viu que nada de anormal aconteceu, o regimento foi obedecido à risca e ninguém alterou um com o outro, tudo dentro do respeito mútuo.

Mas, o telespectador menos arguto deve ter ficado, como se diz, com a “cara de tacho” sem entender o que aconteceu e o porquê de o tema não ter sido posto em votação. Este deve ter achado que perdera tempo de ficar acompanhando tudo, aquela coisa enfadonha.

Entretanto, é necessário explicar que ali estava sendo realizado um ato político e Gabriel Azevedo seria muito ingênuo se ele, como presidente presidindo a plenária, colocasse em votação o pedido de abertura de cassação dele mesmo.

Para rememorar o caso, tudo começou a partir de um pedido de cassação protocolado pela deputada federal Nely Aquino (Podemos) contra o ex aliado Gabriel Azevedo (Sem Partido). O vice-presidente da Câmara, Juliano Lopes (Agir) aceitou o pedido e o movimento de afastamento e até de cassação do presidente teve início.

A deputada acusa o ex aliado de quebra de decoro parlamentar. Ele teria cometido atos que ela classifica como “incompatíveis com a dignidade do cargo”, como abuso de autoridade, agressões verbais contra outros vereadores, atuação irregular em CPI e exoneração de funcionários por perseguição política.

Mas, com a decisão da Justiça, quem achava que esta sexta-feira, 1° de setembro, seria “dia fatal” para o presidente da Câmara, acordou nesta manhã com a notícia da decisão judicial.

A 1ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública Municipal de Belo Horizonte concedeu uma liminar e impediu a Câmara de votar o afastamento do presidente da Casa e uma possível cassação.

Mas, 24 horas depois, a liminar de Gabriel Azevedo foi cassada e a reunião foi realizada hoje e deu no que deu, isto é, em nada. Enquanto isso, o presidente ganhou tempo para se preparar, porque ele não se livrou e se não encontrar um meio de se safar, o dia fatal dele é só uma questão de tempo. Ou não.

Imagem da Galeria Plenário da Câmara de Vereadores de BH
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