24-08-2023 às 14:10h

Alberto Sena*

Foi quando o jornalista Helcio Zolini e eu tocávamos o jornal impresso semanário intitulado Beagá-Savassi, criado com o intuito de alavancar a região, no ano de 2007, que entrevistamos a grande artista Teuda Barra, Teuda Magalhães Fernandes batizada, mineira nascida em Belo Horizonte em novembro de 1941.

Ela é uma das fundadoras do internacionalmente conhecido Grupo Corpo e os seus espetáculos teatrais.

Foi uma bela entrevista, mas não é o caso de resgatá-la neste momento, porque a intenção é contar que nunca mais vi Teuda Barra, depois daquela entrevista na casa dela, na Rua Carangola, quase esquina de Avenida do Contorno, em Belo Horizonte.

Pensando bem, 18 anos se passaram e eis que na terça-feira desta semana descia a pé pela Rua Carangola, do lado direito da calçada, quando na altura do prédio onde é o apartamento de Teuda, quem vejo sentada numa cadeira, na calçada?

Ela, Teuda, em carne e osso, sentada numa cadeira que deve ter saído da sala de jantar da casa dela, como se estivesse no tempo de antigamente, quando as famílias costumavam sentar-se às portas das casas com os vizinhos, em confraternização, coisa que a gente não vê mais por essas e outras plagas.

Eu podia tê-la abordado, mas percebi que ela estava concentrada em algo no celular e com a cabeça baixa. Capaz de ela nem se lembrar de mim, tantos devem ter sido os contatos dela depois disso.

Contive o ímpeto, mas se a tivesse abordado, gostaria de saber de “como foi a sua participação no Cirque du Soleil”, ao qual iria se integrar quando da nossa entrevista e prometia fazer piruetas no trapézio, o que seria uma façanha e tanto devido ao seu peso corporal.

Nem foi preciso abordá-la para mais uma vez constatar. o semblante dela é o mesmo, de uma mulher bonachona, que ama o viver e transmitir sua arte aos jovens, principalmente, a fim de perpetuar a espécie de artistas incisivos tais e quais a ela.

Teuda está de volta para apresentar “Luta”, um espetáculo que ficará em cartaz no Sesc Palladium e ainda passará por mais três palcos em Belo Horizonte, com apresentações gratuitas – no Centro Cultural Lindéia-Regina, a Usina Centro de Cultura e o Centro Cultural Urucuia.

O mais crível de tudo isso é que Teuda Barra está com 82 anos de idade, tida como uma das maiores atrizes do teatro nacional. Ela acaba de receber o Prêmio Shell. Por tudo que já fez e faz pela arte teatral, merece todos os elogios.