Ele veio à capital para participar da entrega de 53 viaturas às forças de segurança mineiras e trazer recursos para o Estado, mas o governador alegou “incompatibilidade de agenda”.

22-08-2023 – 08h:00

Direto da Redação

Uma das faculdades intrínsecas a quem professa a profissão de jornalista é saber fazer leitura das coisas, dos acontecimentos e, enfim, mais importante, ler gente. Observar o comportamento, as ações, porque é comum as pessoas dizerem isto e aquilo, mas as atitudes contrariam o que dizem.

É baseado nessa faculdade de leitura de gente que se pode recomendar a quem seja da relação do governador Romeu Zema (Novo), que vai “pegando mal”, como se diz, algumas das atitudes dele, como a de maltratar os nordestinos, e essa, agora, de dizer que o ministro da Justiça Flávio Dino seria bem-vindo a Minas, Belo Horizonte, no caso – isso no dia anterior – e no dia da visita, nesta segunda-feira, Zema alegou conflito de agenda e não recebeu o ministro.

E olha que o ministro não veio à capital para uma visita qualquer, ele fez a entrega de 53 viaturas às forças de segurança mineiras, o que significa renovação de parte da frota, mais R$ 19 milhões para investimentos na área, até o final deste 2023.

E quem estava do lado do ministro nessa cerimônia? O prefeito da capital Fuad Noman (PSD). Zema havia confirmado presença, mas não apareceu por “incompatibilidade de agenda”.

Para quem sabe fazer leitura de gente, o comportamento do governador em relação ao ministro da Justiça não foi compatível com a cortesia dos mineiros. Até para demonstrar ser pessoa simpática, independentemente da questão partidária, Zema podia recepcionar o ministro e depois dizer que tinha outro compromisso e ficava tudo bem.

Mas fazer como fez, o governador ficou mal na fita e este é o segundo comportamento dele criticado em poucos dias.

Ou o governador está querendo “fazer tipo” se comportando assim achando que pode ser considerado pelos seus como estratégia política, baseada no comportamento de um personagem conhecido, destituído de poder, essa estratégia pode vir a ser um tiro no pé.

Se não for nada disso, e ele tem se comportado assim naturalmente, alguém das relações dele deve chamar-lhe a atenção. O momento é de apelar para a fraternidade e melhorar as relações humanas.

O ministro, com o seu jeito bonachão, lamentou a ausência de Zema e cortesmente disse que o governo mineiro ali estava representado pelo secretário de Estado de Segurança e pelo comandante da Polícia Militar. E minimizou a ausência dele dizendo que em outro momento político iam se encontrar destacando que o Ministério da Justiça e Segurança Pública tinha as portas abertas para o governador.

Flávio Dino esteve no Aeroporto da Pampulha onde participou da inauguração de um hangar da Polícia Rodoviária Federal (PRF), quando informou que o Estado já recebeu de R$ 20 milhões de um total de R$ 39 milhões para investimento em segurança pública.

Está aberta a temporada de bons exemplos, principalmente nas relações políticas. Recepcionar o ministro Flávio Dino não diminuiria o governador Romeu Zema em nada. Pelo contrário, só o engrandeceria e ele poderia confirmar a natureza mineira de bem recepcionar os visitantes, na paz.