24-07-2023 – 08h:00

Direto de Turmalina

Soelson Araújo

Em Turmalina, cidade do Alto Jequitinhonha, não poderia ser diferente. Uma semana antes tem inicio com as novenas (rezas ao Divino em residências diversas), e depois, no dia 21 de julho, o ponto alto da festa começa com um leilão de bezerros, quando os empresários e pecuaristas do município doam a fim de angariar fundos para as obras sociais da paróquia de Nossa Senhora da Piedade, padroeira da cidade. E vai seguindo noite adentro, até chegar o momento da famosa Alvorada, quando a banda de música Euterpe Homero Maciel anuncia os festejos e o Divino Espírito Santo, sempre acompanhada previamente pelo tambozeiro do Divino, senhor Ildeu Viana.

Com seus belos dobrados tradicionais a banda toca pelas ruas e avenidas; no sábado, 22 de julho, o dia foi de Caminhada da Paz, com todos os participantes vestidos de branco, andando pelas ruas e avenidas da cidade levando mensagens e apelos de solidariedade e paz entre as pessoas e o mundo.

Mais tarde, a praça da Matriz, que foi reformada pela administração municipal, tendo recebido um novo designer para eventos de grande porte é tomada pela multidão para ouvir a missa e pedir graças ao Divino para suas vidas; e logo após, a praça fica repleta, com as pessoas assistindo o hasteamento da bandeira do Divino Espírito Santo acompanhado pela queima de fogos, simbolizado por uma pomba com adereços vermelho e branco.

Em seguida, o grande momento fica por conta da banda de música Euterpe Homero Maciel que se posiciona no hall do Hotel Avenida para dar boas-vindas aos turmalinenses ausentes e aos visitantes, que se encantam magistralmente com as canções executadas pelos seus jovens componentes, entre 10 e 18 anos de idade, sob o comando do maestro Valdir Alves, que, em passado recente, levou essa corporação musical, fundada em 1840, a ocupar uma posição de segunda melhor banda de música de Minas Gerais. Atualmente, com um repertório bastante eclético, enche os olhos e os ouvidos da criançada que já sonha um dia estar ali participando, trajando um uniforme de gala e tocando um instrumento. Não tem como não se emocionar com as belas melodias arranjadas pelo mestre Valdir Alves. Em seguida, o restante da noite é sob animação de bandas de músicas populares brasileiras de sucesso.

No domingo, o dia é revestido de um desfile de pessoas com vestes de gala da Idade Média e dos tempos romanos, quando o cristianismo se firmou como principal religião em comunhão com os reis e imperadores. Esses personagens diversos, enfileirados formam um cortejo que homenageia o reinado, representado pelo festeiro, que, com suas vestes deslumbrantes simboliza o imperador, acompanhado de sua imperatriz, com príncipes e princesas como naqueles tempos, além do bloco de violeiros, dos indios mirins (cacequins), que cantam uma canção centenária, ou seja: "Eu sou cacequim do mato! eu sou cacequim do mato! Eu não bulo com ninguém! Eu não bulo com ninguém!"). E tudo acontece através do trabalho voluntário da comunidade

Terminado o cortejo do reinado, as pessoas, aos milhares ocupam novamente a praça da matriz para um almoço no estilo da época dos reinados, com muito churrasco de carne de boi e porco no rolete, arroz, farofa bebida e sobremesa, até o final da tarde, e à noite é marcada por mais shows na praça.

Parabéns aos festeiros e Imperadores  Sr Francisco e Renata; Gilmar Sousa, Caixeiro e Folião do Divino; Diácono Joaquim e padre José Willian, paróco da paróquia de Nossa Senhora da Piedade de Turmalin e a todos que se voluntariaram para esse acontecimento.