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Encontro marcado com o doutor Sebastião Gusmão e o prefeito Juscelino, afilhado de JK

Encontro marcado com o doutor Sebastião Gusmão e o prefeito Juscelino, afilhado de JK

Éramos três à mesa, na casa do neurocirurgião mais requisitado do Brasil e no mundo inteiros, em um bate papo cordial, numa Diamantina (MG) vibrante, culta e musical

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13-07-2023 – 09h:00 - Primeira de duas

Alberto Sena*

Quando cheguei à frente da casa do doutor Sebastião Gusmão, em Diamantina (MG) faltavam cinco minutos para as 18h. O nosso encontro foi marcado para as 18h, em ponto. Ele, especialista em neurocirurgia, é solicitado no mundo inteiro, e penso não ter tempo a perder.

Como profissional de imprensa, agora virtual, tenho por costume nunca chegar na hora em qualquer evento, não chego na hora nem depois. Chego antes. Esse costume é bom, faz bem para mim. De modo que apertei a campainha da casa e aguardei resposta.

Veio um cão grande recepcionar e até achei que estava no endereço errado, não por causa dele, então perguntei a uma pessoa numa clínica próxima se era ali mesmo a casa do doutor Sebastião Gusmão.

Confirmado o endereço, nem bem havia acabado de sair do estabelecimento, vi chegar um carro de cor cinza. Entrou na garagem e quando percebi que ele já havia adentrado a casa confortável, ao acender a luz, apertei a campainha e logo apareceu o doutor Sebastião e à frente o cão Max chamado, grande e pesado que saltou sobre mim, certamente querendo algum carinho, mas senti o peso das patas dele, logo advertido pelo dono.

Gentilmente, ele me convidou para entrar e notei, a casa é como se fosse o retrato dele, de sua marcante personalidade.

Logo me convidou a ir para a cozinha, o que me lembrou os tempos da minha meninice, quando a cozinha tinha fogão a lenha e era considerada o melhor lugar da casa porque a família se reunia ao redor para se aquecer, no inverno, principalmente, em torno de bacias de biscoitos fofão, bolos e demais.

Eu sabia que, naquele momento, em meio aos latidos de um cão menor que o labrador Max da recepção, estava diante de um médico, neurocirurgião, cientista, professor, historiador, inventor e escritor Sebastião Natanael Silva Gusmão, Sebastião Gusmão chamado. Autor de 27 livros, dentre os quais “Neurologia e Neurologia na Arte”, considerado livro raro, edição bilingue; “História do Brasil”, “Redação do Trabalho Científico, na Área Biomédica”, “História da Neurocirurgia no Brasil”, “Estudo da Hidrodinâmica da Drenagem Ventricular e sua Importância”; dentro outras obras.

Um homem simples, com graduação em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, mestrado em Cirurgia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutorado em Medicina (Neurocirurgia) pela Universidade Federal de São Paulo.

Falar mais sobre as aptidões do doutor Sebastião daria para escrever livros de tanto que ele já contribuiu e contribui para a saúde e o bem estar de um sem número de pessoas com o coração e as mãos próprias. Os conterrâneos, lá em Itamarandiba, Vale do Jequitinhonha devem sentir-se orgulhosos dele.

O objetivo da visita do Diário de Minas à sua casa era usufruir uma hora marcada no relógio, da intimidade desse grande personagem, de uma maneira descontraída, um bate papo com esse homem solicitado pelo mundo todo. Hoje, ele está aqui, mas logo estará voando pelo Brasil ou para algum país a fim levar os seus conhecimentos.

Ali estávamos, portanto, porque na ocasião, a redação itinerante iniciava o projeto em Diamantina histórica, berço da personalidade mineira, a primeira dentre outras tantas, porque a intenção é mostrar Minas aos mineiros.

Logo chegou o prefeito de Diamantina, Juscelino Brasiliano Roque, recepcionado também pelo cão Max e foi tomando assento à mesa, quando o doutor Sebastião sugeriu bebida que poderia ser cachaça ou cerveja, que ganhou a preferência.

Pessoalmente, não conhecia o doutor Sebastião, nem o prefeito Juscelino, que me entregou um calendário de eventos da Prefeitura de Diamantina, informando, desde janeiro a dezembro deste ano quase tudo já acontecido e por acontecer na cidade em termos de atrações turísticas.

Esse encontro aconteceu na quinta-feira, final de junho, e logo no primeiro dia de julho, sábado aconteceria, como aconteceu, a 24ª Vesperata e se podia observar a movimentação maior nas ruas da cidade.

Ali estava mesmo com o intuito de conhecer de perto os dois, prefeito e o médico famoso, neurologista, intelectual de cultura altruística, político, autor de livros, como já é sabido e articulista do Diário de Minas.

Mais ainda: ele aceitou escrever o prefácio do meu livro sobre o professor Darcy Ribeiro, no qual relato o nosso relacionamento, quando ele veio para Belo Horizonte a fim de implantar em Minas Gerais uma fábrica de escolas com ensino de tempo integral para “desasnar” as nossas crianças e não pôde nem dar o primeiro passo devido a ciumeira dos que controlam o ferro e o aço.

As escolas de Darcy eram de argamassa armada, daí a reação contrária.

Mas, como dizia parágrafo atrás, éramos três e nos sentamos à mesa e à referência de bebida, o prefeito logo disse que não bebe pinga e foi quando me recordei do ex-colega de redação, Hélio Ferreira César, que tinha o costume de “tomar meu remédio” às 10h. E saía dizendo: “Pinga eu tomoétendo, não tendo, não tomo”. Rimos juntos.

O prefeito foi logo se desculpando afirmando ter recebido um telefonema do companheiro deste jornal, Soelson Araújo, mas não havia podido atender no momento e retornou à ligação e conversou com ele.

Foi quando eu disse que o DM é gerido por nós três, Tito Guimarães Filho incluso, e o doutor Gusmão se recordou e comentou ser parente de Tito, “o avô dele era Itamarandiba”, mas o companheiro nascera em Teófilo Otoni.

“O avô dele era irmão da minha avó”, disse o doutor Gusmão. Perguntei a ele se soubera desse parentesco com Tito há mais tempo e ele disse que sabia, mas não conhecia Tito pessoalmente. “O avô dele era dentista”, disse.

Ao ser perguntado, disse eu ao prefeito me encontrava em Diamantina para lançar o projeto itinerante da Redação do Diário de Minas.

O prefeito de qualquer uma das 853 cidades mineiras que quiser aderir ao nosso projeto, a Redação do DM é transferida para lá e poderá fazer edições especiais sobre a cidade, dando a ela mais visibilidade, considerando que o nosso jornal é hoje campeão de acessos tanto na Microsoft como no Google.

Naquela quinta-feira mesmo havia postado nas três posições de destaque da nossa plataforma, matérias sobre Diamantina. E uma delas foi sobre a casa de Juscelino Kubistchek, e disse que até tinha me lembrado dele, prefeito, que herdou o nome. Contei que havia me encontrado com Serafim Jardim, administrador da Casa e JK ele se dizia meio chateado porque não recebera ajuda de ninguém, nem dos governos.

Ao que o prefeito disse: “Recebeu sim, muito, mas ele é gastador”.

Contei já ter ido à casa de Chica da Silva e o doutor Gusmão sugeriu ir também ir ao Mercado e ao Memorial ou Museu do Tropeiro.

Foi quando passou a bola para o prefeito dizendo ter sido quem criara o museu e exaltou o de Ipoema (MG).  

O prefeito disse ter vivido uma criação pobre durante a qual sofreu carência de quase tudo e quando adolescente, vinha para o Centro da cidade a fim de trabalhar como engraxate, ou de cobrador. Os médicos davam as consultas e ele fazia a cobrança dos honorários.

Ele disse que sempre “mexi com cavalos e batia esterco e levava os cavalos dos tropeiros para o pasto, que era perto e o doutor Gusmão, que viaja o mundo sempre ganha ou compra alguma coisa relativa ao tropeiro”.

O doutor então provocou dizendo: “Ele já fez várias expedições”.

Juscelino confirmou já ter feito expedição a cavalo até Brasília (DF), Parati e Porto Seguro. Ele e mais 17 cavaleiros.

Daí a relação forte com o meio tropeiro que o levou a encabeçar a criação do museu, que contou também com a participação do doutor Gusmão. Os dois, pelo que se pôde constatar, são muito amigos. Amizade de longa data. São parceiros.

Eles fazem o Memorial do Tropeiro” ou “Museu do Tropeiro”.

Foi quando o doutor me sugeriu ir lá para conhecer e procurar a Tainara, dizendo que ela daria informações e mostraria tudo.

“Nós estamos fazendo o memorial justamente na casa do tropeiro”, disse.   

Em seguida o doutor, em tom de lamento, contou que estava vindo da Santa Casa, onde um companheiro dele encontrava-se internado com cirrose. “É o Dario, trabalha com joias, mexeu com joias comigo, não me pareceu bem”. E para lá ele ia voltar assim que acabasse o nosso encontro.

“Mas eu estou vindo da Santa Casa – a daqui é de 1790. Só para você ter uma noção, o primeiro hospital de Minas foi feito em Diamantina. E o primeiro hospício de Minas Gerais também foi feito em Diamantina. E a segunda Santa Casa de Minas nasceu em Diamantina”, disse o doutor com autoridade.

“Quando se pergunta, lá em Belo Horizonte, qual foi o primeiro hospício de Minas, as pessoas acham que foi em Barbacena (MG). Não! Foi o de Diamantina, em 1891. O de Barbacena foi em 1903”, disse o doutor Gusmão.

A personalidade mineira foi construída em Minas, eu perguntei e ele concordou.

E então o prefeito aproveitou a deixa para dizer que era afilhado de JK. “Tem até um telegrama dele agradecendo ao meu pai pela homenagem. Tenho foto, tenho tudo que pensar de JK, eu tenho, e na verdade, ele veio de uma safra”.

Nesse seguinte momento, o prefeito virou-se para o doutor Gusmão e o informou ter descoberto “a casa do Henrique Dumont”, o pai de Alberto Santos Dumont, ele era de Diamantina.

Então, a conversa seguiu no rumo da valorização de Diamantina no cenário de Minas tendo o diamante como esteio, mas tudo começou, como disse o prefeito, pela economia, e se não podia fugir à economia, mas a personalidade mineira, ela se fundia através do diamante.

“Jk é um ícone”, disse. Afirmou ter tantos outros, com Dom Pedro I, na Independência do Brasil, quem era o confessor dele? O confessor guiava e era o Padre Belchior, diamantinense.

No Sul, o Domingos José de Almeida, fundando uma cidade no Uruguai e Pelotas, saiu daqui com o pai dele para negociar burros e fundou as duas cidades e fez a “Guerra dos Farrapos, para você ver, ajudou a emancipar o Sul do País, junto com Bento Gonçalves”.

O Padre Belchior de Pontes foi um sacerdote jesuíta que teve destacado papel no processo de colonização e catequização de várias cidades, trabalhou por volta de 40 anos em várias regiões do Brasil.

“É o caso do Gusmão”, disse o prefeito. “A melhor neurocirrugia que há hoje no País é aqui, Sebastião Gusmão, ele é uma referência no mundo, nós que montamos, aqui; Diamantina é uma referência”.

“Estou voltando da Santa Casa, estou precisando fazer algumas coisas lá, mas tem o dinheiro R$ 22 milhões de emenda; ninguém, nenhuma cidade tem uma igual, nem Belo Horizonte”, disse.

Ele faz o que gosta. “Gosto e amo o que faço, não sou bonzinho, não! Vim da inciativa privada e sempre trabalhei no social”. Como prefeito diz continuar servindo e está dando certo, porque ele tem meta e governança pública, tem projetos, e trabalha com pessoas competentes; tem zelo pela coisa pública. “A cadeia a gente ajuda, tenho um trabalho muito forte e tenho a honra e a satisfação de estar, aqui, com Gusmão.

Diz trabalhar pensando o município. Tudo está dando certo e é gratuito, “o carro é meu, o motorista sou eu. A cidade está limpa, é fonte de turismo forte, turismo de qualidade, não vem quem estraga a cidade; é segura, quesito importante, com musicalidade e cultura, reconhecida mundialmente.

O doutor Gusmão deu um palpite; “Ele foi reeleito com 80% dos votos”.

A intenção dele é ficar no Vale, e depois de terminado o mandato “aprender com todos”.

Aproveitei a deixa do prefeito para dizer sobre o propósito do DM em relação ao Vale, “é abrir os olhos da população”. O povo é pacato, cordato e acaba aceitando tudo e é explorado sem que haja uma contrapartida justa. Agora, com a empresa Sigma Lithum instalada, é possível que as coisas mudem porque a CEO Ana Cabral Gardner foca ações sociais e a empresa faz a diferença na região.

“As pessoas não exercem a cidadania”, disse o prefeito e passou a criticar a má qualidade da educação formal, “educação degradante; aqui, no município, estamos trabalhando muito, mas no geral, a coisa está feia. Investimos em todo o setor para dar condições às pessoas de aprenderem; investimos na base”.

“Essa moçada que aí está, grudada no celular está diminuindo a capacidade mental”, disse o doutor Sebastião. Está havendo um emburrecimento das crianças e dos adultos também, eu disse e o doutor emendou que “as crianças estão nascendo já com um celular na mão e não absorvem o hábito de ler livros e escrever”.

E ele disse mais: “Com a rapidez como as informações estão chegando não dá para gravar nada na memória”.

Juscelino retomou a palavra para dizer que “a situação na prefeitura é boa, tem muita gente boa, mas tem outras que se pedir para redigir um texto não sabem”.

“Leitura é um hábito que se cria na infância”, disse o doutor Sebastião. “A questão do exemplo”, disse ele, “isso é muito importante”. Segundo eles as crianças viciadas em informática comprometem o intelecto, “ficam num vazio, cheio”.

“Tudo depende de atitude se não tiver, não se faz nada, com atitude você pode aprender de tudo, ler e escrever; somos a cidade mais premiada no País”, disse o prefeito.

Doutor Gusmão disse que a cidade é hoje segura e conta com uma cultura e musicalidade extraordinárias.

Diamantina está entre os100 destinos do mundo em Turismo. Um grupo grande de artistas, poetas, músicos, e eles tocam pela cidade inteira, tem conservatório, casa de música, banda sinfônica e outras coisas mais, tudo bancado pela prefeitura; inclusive presos em regime fechado trabalhando na rua.

Nesse momento Gusmão perguntou se a minha missão era fazer uma matéria com o prefeito e ele para o Diário de Minas e como não anotava nada, ele fez a observação. Eu disse que já estava fazendo a matéria, e apontei para o celular gravando tudo.

(Amanhã, a segunda parte).

Imagem da Galeria O famoso médico Sebastião Gusmão, Alberto Sena e o prefeito de Diamantina Juscelino
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