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São João abriu o portão e as portas do interior do Palácio da Liberdade

São João abriu o portão e as portas do interior do Palácio da Liberdade

Logo na entrada havia uma fogueira para lembrar os costumes de quando se podia – e ainda pode – dançar quadrilhas com as roupas características. Que bom manter esse costume mineiro.

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24-06-2023 – 17h:

Alberto Sena*

O Diário de Minas foi hoje, 24, dia de São João, ao Arraiá Liberdade, no Palácio da Liberdade, que abriu o portão principal e as portas de suas dependências para o público, além dos jardins, até um certo ponto, onde uma dupla de seguranças avisou: “Não pode passar desse cone”.

A visita do DM começou pelos jardins do palácio e visualmente pudemos identificar algumas espécies de árvore como pau-rei (Pterygota brasiliensis), pau-ferro (Libidibia férrea), palmeiras várias, e veio então a ideia de sugerir ao governador Romeu Zema mandar identificar cada uma delas e assim transformar os jardins numa aula de botânica.

Para visitar o interior do palácio era necessário antes dar o nome a uma das duas jovens sentadas diante de seus notebooks. Fizemos parte da segunda turma de 30 pessoas a serem conduzidas ao interior do palácio durante 30 minutos.

Antes, porém, cada um precisou deixar suas respectivas bolsas em um armário de um anexo nos fundos do palácio e só podia entrar com o celular.

É importante frisar que os jardins do palácio estavam preparados para comemorar o São João, com direito a barraquinhas com guloseimas várias, inclusive doces de Serra Negra

A primeira pessoa a nos atender foi Are, nome árabe, que quer dizer “poderoso”. Ela nos levou à Beatriz e foi quem nos conduziu ao interior do palácio. Evidentemente, o DM já subira aquela escadaria de ferro de origem belga noutras ocasiões, quando jornal impresso, em coberturas jornalísticas, mas desta vez foi muito diferente.

O leitor pode se indagar, diferente como? Num átimo, enquanto pisava aquele tapete vermelho pela cabeça passavam nomes como o do governador Juscelino kubitschek, o famoso JK, de Diamantina, que veio a construir Brasília como presidente da República; o de Magalhães Pinto, que articulou a derrubada do poder do presidente João Goulart, Jango, quando este estava no auge da popularidade.

Foi como se visse o então governador indicado pelos militares, Aureliano Chaves subindo as escadarias, ele que na década de 1970 mandou abrir um “rigoroso inquérito” para apurar os autores das torturas que inutilizaram o operário Jorge Defensor, caso que teve repercussão nacional e internacional.

Passou principalmente o nome de Tancredo Neves e até fizemos questão de ir à sacada de onde ele proferiu o discurso quando eleito governador, vendo aquela beleza de enfileiradas palmeiras imperiais, marca indelével da Praça da Liberdade.

Pudemos no interior daquela obra magnífica ver os candelabros em bronze dourado, o piso em parquet, seus lustres em cristal, os painéis alegóricos, seus torreões.

Impressionante o salão de reuniões com uma enorme mesa e mais de 30 cadeiras. Dá até para imaginar ouvir o vozerio dos políticos discutindo os destinos de Minas Gerais. Parece até que as paredes a mesa e as cadeiras estão impregnadas dos ecos das vozes.

O mais charmoso, no entanto, são os aposentos da rainha, onde ficou o casal rei Alberto, quando tinha 45 anos, e a rainha Elisabeth, aos 44 anos. Foram hospedados naquele quarto onde a cama está devidamente pronta para receber algum hóspede que talvez nunca apareça.

Não era permitido entrar no quarto, mas só espiar da porta. E com um detalhe importante, sempre lembrado por cicerones, “não pisar fora do tapete vermelho”.

A arquitetura do palácio é eclética. Ele foi projetado pelo arquiteto José de Magalhães, com influência do estilo francês, nos requintes de acabamento e rica decoração. De fato, a escadaria de ferro e mármore, projetada no Brasil e construída nas oficinas Accières Brugges, na Bélgica, é linda com flores e folhagens de ferro batido.

Importante essa estratégia do governo mineiro de abrir o Palácio da Liberdade e os seus jardins para visitação. O lugar é histórico até onde não pode mais e essas história ainda está sendo contada ali dentro e para isso seria necessário viver mais tempo cada um daqueles cômodos e principalmente o salão de reuniões onde a mesa e as cadeiras ali estão como testemunhas mudas de vários estilos de governos e seus auxiliares.

As visitas espontâneas ao interior do edifício e aos jardins acontecem de quarta a sexta-feira, de 12h às 17h30, sendo que o último horário é às 17h. Sábado e domingo, de 10h às 17h, com último horário de entrada às 16h30.

Visitas mediadas ao interior do edifício acontecem de quarta a sexta-feira, às 16h30; sábado e domingo, às 11h e às 15h

Do lado de fora, a Praça da Liberdade esbanjava beleza com os ipês roxos floridos, que compunham uma beleza característica daqui onde o patrimônio arquitetônico é o mais rico por metro quadrado.

*Editor Geral do DM

Imagem da Galeria São João foi comemorado no maior estilo, com as portas do Palácio da Liberdade abertar ao público
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