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Uma Academia de Letras Feminina nascida em pleno Sertão do Norte de Minas

Uma Academia de Letras Feminina nascida em pleno Sertão do Norte de Minas

Pertencer a uma Academia de Letras é de um valor enorme, além do convívio com o mundo cultural e a possibilidade de publicação de nossos escritos em livros ou no meio virtual

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24-06-2023 – 12h:42

Marta Verônica Vasconcelos Leite*

“Entre o “abismo” de querer e conseguir... eu plantei flores!” (Lu Andrade).

Era um sonho de uma Mestra, que começou a escrever para jornais assinando com pseudônimo, porque em sua época, mulher não se atrevia a tanto.  Seu nome: Yvonne de Oliveira Silveira. Viveu cem anos, se impôs como intelectual, foi professora de literatura de muitas gerações de norte mineiros.  Há muitos anos presidente da Academia Montes-Clarense de Letras, sonhava com uma Academia de Letras exclusiva para mulheres. Poucos a animavam no seu intento, homens faziam piadas: “Então teremos que criar também uma Academia para homens?” Ela não se abalava. Tinha em mente objetivos claros: convidou amigas escritoras para reuniões, pediu ajuda, falou da pouca ou quase nenhuma oportunidade de tantas escritoras de gavetas, que comentavam com ela sobre seus escritos e a não possibilidade de publicação. Nunca duvidem dos sonhos de uma mulher corajosa!

A Academia Feminina de Letras de Montes Claros foi fundada no dia 29 de junho de 2009, tendo como patrona Nossa Senhora da Pena, sendo idealizadora, a professora Yvonne de Oliveira Silveira, tornou-se nossa Presidente de Honra. A Academia congrega intelectuais femininas, com atividades literárias em prosa e verso – romancistas, poetisas, cronistas, trovadoras, humanistas, biógrafas, ensaístas, professoras, estudiosas da língua portuguesa.

Compõe-se de 40 cadeiras efetivas, cujas patronas imutáveis, falecidas e brasileiras, foram professoras e intelectuais de raro saber em várias áreas do conhecimento humano. Contamos também com sócias correspondentes em Belo Horizonte, em outras cidades do Brasil e logo mais no exterior.

No dia 26 de setembro do mesmo ano, D.Yvonne deu posse à 40 escritoras, numa bonita festa, no Automóvel Clube de Montes Claros. Sonho realizado, hora de colocar em prática o estatuto da nova instituição. Em eleição direta foi eleita nossa primeira presidente Maria da Glória Caxito Mameluque, após dois anos, a presidente do segundo biênio, com muita honra, Marta Verônica Vasconcelos Leite, em seguida Angela Vera Tupinambá de Castro, Evany Brito Calábria, Felicidade Patrocínio, Terezinha Campos, sendo a atual presidente, também Secretária de Cultura Júnia, Veloso Rebello.

Entre os feitos da Academia feminina de Montes Claros, destaco, o prêmio entregue anualmente a uma mulher montes-clarense que muito tenha feito por nossa cultura.  Criamos uma Biblioteca do Autor Montes-Clarense que funciona na Sede da Academia, à Rua Justino Câmara, centro histórico de Montes Claros. Publicamos desde 2012 Antologias que contribuem com à historiografia local e especialmente sobre universo do mulher norte mineira. Conta dessa Coleção preciosa, os títulos: Testemunhas da História, onde 14 escritoras contam a história da Universidade Estadual de Montes Claros e da criação do Ensino Superior na nossa cidade, sob a ótica feminina, considerando que a história até então, fora contada por homens. Depois adentramos o Universo Feminino, sendo esse o título da segunda antologia, seguida por A mulher e o Trabalho (2013); Caminhos de Montes Claros (2014); A mulher e a Música (2015); Flores do Cerrado (2017); Antologia (2018); Elas por Elas (2020); Escrever, Amar e Esperar (2021); e, por último escrevemos e publicamos no Segundo Festival do Autor Montes-clarense um livro exclusivo de Contos (2023). Sendo o Festival I e II, também grandes eventos com assinatura das duas Academias de Letras, Unimontes, outras entidades e editoras de Montes Claros.

Pertencer a uma Academia de Letras é de um valor enorme, além do convívio com o mundo cultural e a possibilidade de publicação de nossos escritos em livros ou no meio virtual, onde celebramos história e pessoas, que talvez nunca seriam lembradas, especialmente mulheres sertanejas que abriram caminhos para que nós estivéssemos aqui, ocupando esses espaços, participando da Feira do Livro de Lisboa, maior feira de lusofonia no mundo, com a @redesemfronteiras,  e também da Associação de escritoras e jornalistas do Brasil-AJEB. Gratidão à coragem da professora Yvonne de Oliveira Silveira!

* Marta Verônica Vasconcelos Leite é professora, jornalista e pesquisadora.

Imagem da Galeria Dona Yvone, com a autora deste artigo; ela em Montes Claros é sinônimo de Cultura
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