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Domingo, quem puder e se dispuser, correi a celebrar Roberto Drummond na Savassi

Domingo, quem puder e se dispuser, correi a celebrar Roberto Drummond na Savassi

Ele tinha criatividade à flor da pele. Escrevia uma coluna no caderno de Esportes, editado pelo saudoso Hélio Fraga, e de vez em quando pedia para fazer a coluna no lugar dele.

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23-06-2023 - 11h:52

Direto da Redação

Alberto Sena*

Sob a batuta do jornalista e cineasta Breno Milagres será realizado neste domingo, das 10h às 13h, na Rua Antônio de Albuquerque, 453, o evento Celebrando Roberto Drummond, jornalista, escritor, que hoje em dia está plantado ali na Savassi, na condição de uma escultura em bronze feita pelo escultor Léo Santana.

Para celebrar Roberto Drummond está programado um encontro com música, poesia, leitura de texto, bem no estilo dele, que, mais que ninguém amou e propagou a Savassi para o mundo. Mas, é claro que a Savassi do tempo dele era bem melhor.

Recordo-me do Roberto Drummond, do convívio de redação de jornal, de uma vez quando na Editoria de Cultura, ele pediu para apurar o caso de um homem de boa feição, de olhos verdes. Na penúria de fazer dó, ele se dizia disposto até a vender um olho.

O tema rendeu uma reportagem interessante. O homem confirmou a sua disposição e foi feito um apelo em favor dele por meio do jornal e a matéria teve uma grande repercussão e certamente o indigitado poupou o olho verde.

Outro tema foi uma reportagem sobre a Serra do Curral, quando a empresa Minerações Brasileiras Reunidas (MBR) quis explorar o nosso cartão portal, de modo que a área ficaria no mesmo nível da Praça Rui Barbosa, Praça da Estação chamada.

Um estudo da Fundação João Pinheiro fazia a denúncia e então, a pedido do Roberto, foi produzida uma página sobre a questão e ele deu um título assim: “A Serra do Curral pede socorrooo...”.

O poeta Carlos Drummond de Andrade, que tinha uma coluna no jornal, à época, leu a matéria e fez aquele poema intitulado “Triste Horizonte, que, por ironia, está gravado no aço logo na entrada do Parque da Serra do Curral, que fica na outra extremidade do Parque das Mangabeiras.

O resultado de tudo isso é que a MBR desistiu de seu intento e a serra, que ela já havia começado a explorar, foi salva, pelo menos o seu frontispício, porque atrás dela a empresa, hoje Vale S.A., fez um buraco de mais de 200 metros de profundidade, que está sendo cheio já faz mais de uma década e só ficará completo em 2025.

Roberto era um camarada de criatividade à flor da pele. Tinha uma coluna no caderno de Esportes, editado pelo saudoso Hélio Fraga, e de vez em quando pedia para fazer a coluna no lugar dele.

A diferença de etária era razoável, mas se podia perceber no olhar dele, era de quem sabia distinguir talentos e investia nesses profissionais. Ele tinha um jeito especial de ser.

Certos medos que faziam dele um caso particular, como por exemplo, não tomava o elevador, nem do jornal para ir à redação, não viajava de avião, e outros.

Mas gostava de tomar um cafezinho. Descíamos juntos e íamos tomar um no bar do Chico, na Rua Goiás, no Centro de BH. Na verdade, cafezinho era só o pretexto para alguma conversa, como o envolvimento dele com o livro Sangue de Coca Cola.

Muita gente passa pelo planeta sem deixar marcas ou pegadas, mas certas pessoas não, como Roberto Drummond. Ele vivia a paixão das gentes, porque tinha sensibilidade e isso lhe conferia a condição de grande jornalista e escritor.

Ele, dentre os escritores mineiros, era do tipo que sabia fazer o próprio marketing. Escrevia os livros e saía de livraria em livraria, como a extinta Pax, na Praça Sete, conferindo a exposição deles nas vitrines, sempre em ponto de destaque.

*Editor Geral do DM

Imagem da Galeria O jornalista e escritor Roberto Drummond vai ser celebrado domingo na Savassi
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