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Montes Claros sofre de Alzheimer urbano e a vez do Automóvel Clube está chegando

Montes Claros sofre de Alzheimer urbano e a vez do Automóvel Clube está chegando

A foto de autoria do designer Cléber Caldeira é, num cometimento de pleonasmo, o retrato do Automóvel clube de hoje, em pleno ano de 2023

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27-05-2023 – 18h:20

Direto da Redação

Antes de qualquer coisa, é de bom alvitre dizer, nada há contra quem ocupou parte do frontispício do Automóvel Clube de Montes Claros, muito antes pelo contrário. Já que o imóvel está abandonado mesmo, acaba sendo um bom lugar para se fixar temporariamente, pelo menos do lado de fora, porque jamais entraria no recinto noutros tempos.

A foto de autoria do designer Cléber Caldeira é, num cometimento de pleonasmo, o retrato do Automóvel clube de hoje, em pleno ano de 2023. Noutros tempos, ali pela década de 1960, quando tudo começou, e eu adolescente acompanhei e depois da construção usufrui desse lugar da melhor maneira.

Foram gritos de carnaval memoráveis, durante anos. Foram horas-dançantes incontáveis, numa época em que a cidade não dispunha de nenhuma outra opção, a não ser o Clube Montes Claros. As horas-dançantes eram em casas de famílias, geralmente em comemoração à aniversários.

Recordos há quando se convivia com o amigo apelidado de “Brasa Mora”, expressão cunhada por Roberto Carlos, nos tempos da Jovem Guarda, que acabou servindo como epíteto de Marlúcio, quase vizinho de quando a família morou na Rua Correa Machado, quase esquina de Rua João Pinheiro.

Ele, “Brasa Mora”, tinha a incumbência firmada num acordo tácito entre nós de todo dia informar onde seria a hora-dançante da noite. Houve uma vez, que ao incursionarmos pelo alto da Rua Melo Viana, fomos recebidos, numa hora-dançante, por um cara armado de faca que chegou a nos atacar e então fomos embora.

Mas, com o advento do Automóvel Clube, as horas-dançantes em casas de família foram se rareando e ficamos com duas opções desta feita. E era muito bom e há lembranças do quanto ali foi vivido e os companheiros da época, como Reinaldinho Oliveira, Aroldo Tourinho. Chico Gomes, Rubens Sena, Geraldo Santana Machado, dentre outros.

Hoje, deparar com a foto de Cléber, estando aqui, na capital e desconhecia o tamanho do abandono do clube, não dá para imaginar o que poderia vir a ser esse lugar de festas suntuosas de Lazinho Pimenta, Theodomiro Paulino, casamentos e encontros políticos, depois desse abandono.

Sem querer exagerar, mas exagerando, é como se o lugar tivesse alma e o mais assustador é não saber o que será ali, se um estacionamento de carro, caso venha a ser derrubado, ou um prédio de vários andares, ou o quê?

A Prefeitura de Montes Claros não poderia comprar o prédio e ali fazer alguma relacionada com cultura, como escola, ou outra coisa, desde que preserve o imóvel, sem igual numa cidade que já nem tem mais memória urbana.

Imagem da Galeria O Automóvel Clube de Montes Claros fechado tornou-se abrigo de mendigos
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