13-05-2023 – 08h:02

Bento Batista*

Um dos atrativos da Serra do Cipó, a 100 quilômetros de Belo Horizonte, é subir a chamada “Trilha dos Escravos”, construída por eles próprios, por volta do século 18. Por meio da trilha, 600 metros de comprimento todo calçado de pedras arredondadas e na vertical, tornou-se possível transportar as riquezas minerais – ouro e diamante – extraídas da Serra do Espinhaço, naquele histórico período.

Nós subimos essa trilha várias vezes. Esta foi só mais uma e espero que possamos subir em futuras ocasiões, porque é um lugar bonito, com flores silvestres em quantidade.

Não perdi a oportunidade e retratei todas que encontrei pela trilha. Mas, antes, convém informar que a trilha tem cerca de quatro metros de largura. Em certos pontos foram assentados lajões, mas no geral as pedras estão em pé, o que facilita a subida para quem está calçado. Na época dos escravos, não sei do calçado deles, mas, atualmente, é bom subir com botinas.

A paisagem vista do alto da trilha, depois de uma suada subida, é deslumbrante. Retratei o máximo que pude, flor por flor, muitas delas de aroma acre doce e por isso visitadas por abelhas.

De lá de cima se pode divisar o horizonte, uma serra atrás da outra, até lá no fundo onde a última delas parece se encontrar com o céu. As tonalidades de cores das serras e o verdor das florestas dão à gente uma sensação de estar a absorver um lenitivo para a alma.

Lá do alto pudemos rever também o Morro da Pedreira, lugar do qual participei do abraço que gerou o tombamento daquele monumento, composto de granito. E que depois subimos, como se diz, “na unha”, até o seu topo, e sobre o qual espero falar noutro texto.

Ao mesmo tempo, como não podia deixar de ser, se pode imaginar as agruras dos escravos daquela época, no árduo trabalho de calçar com lajotas pesadas a trilha.

É possível que muitos tenham morrido na empreitada e outros tantos ficaram feridos e inválidos, até serem concluídos os 600 metros da trilha, tendo em vista a satisfação do “poder econômico”.

Essas são marcas indeléveis, mas no presente momento, o que os visitantes como nós podem fazer de melhor é contemplar as paisagens, e como beija-flores ou borboletas, cheirarmos uma por uma, cada flor, e levar de recordação por meio de fotos.

Lá na Serra do Cipó a atmosfera é primaveril o tempo todo.