30-04-2023 - 08h:00

Direto da Redação

A poluição da lagoa da Pampulha não é novidade nenhuma há décadas, entra prefeito sai prefeito, o problema vai sendo empurrado com a barriga e aquele deslumbrante logradouro continua a ser poluído como sempre.

Não precisa ser técnico para dizer que a solução do problema é fácil, desde que se enquadre os responsáveis por poluir os córregos que diretamente deságuam na lagoa; estes recebem águas de 44 córregos – AABB, Água Funda (Bom Jesus, em Contagem), Braúnas, Mergulhão, Olhos D’água, Ressaca, Sarandi e Tijuco.

Desta feita, há um Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga possíveis irregularidades nos contratos com os responsáveis pela limpeza da lagoa da Pampulha, uma história antiga. Os integrantes da CPI questionam a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) dizendo que os dados apresentados, os números e as explicações dadas não têm conexão com a realidade.

O relator da CPI é o vereador Bráulio Lara (Novo), resume em duas palavras o que para ele está acontecendo nesse trabalho de despoluição da lagoa, “estão enxugando gelo”. É ele quem diz: “A prefeitura está mantendo contratos bilionários que não resolvem o problema e não atacam as causas”.

O vereador argumenta que a lagoa da Pampulha é um bem tombado, além de ser um dos nossos cartões portais “e está sendo mutilado”.

A CPI já vai completando três meses e pelos cálculos dos vereadores está na metade, mas já dá para eles perceberem que houve “um descumprimento geral dos termos de referência das licitações; são contratos muito altos, contratos que não atingiram em vários momentos as metas que estavam estabelecidas nas licitações e mesmo assim receberam os pagamentos”, disse ele.

E estranha que mesmo tendo a comprovação de que a técnica utilizada na despoluição da lagoa não conseguia atingir o nível necessário de qualidade, ainda assim se manteve o contrato, ignorando a concorrência que oferecia novas tecnologias.

Ana Paula Fernandes Viana Furtado engenheira responsável pela gestão de águas urbanas da PBH, nega intervenção política ou econômica na questão da limpeza da lagoa. Ela assina o laudo técnico para escolha do processo de tratamento, dizendo que a tecnologia escolhida teve embasamento técnico.

E mais: quando as medições não alcançam os índices desejados, os pagamentos não são realizados. Ela argumentou que variações podem ocorrer em função dos períodos climáticos. “Só tem um produto permitido pelo Ibama para uso no Brasil, e esse produto tem exclusividade de uma empresa”, justificou.

José Fernandes Bezerra Neto, biólogo da UFMG diz “o que a gente vê é “um grau de estabilização”. Para ele, a lagoa da Pampulha está com contaminação fecal. enriquecimento orgânico e presença de substâncias tóxicas. Se o reservatório está sendo alimentado de coisas ruins, lá dentro também está ruim”, ele enfatizou.

Para a PBH o contrato com o Consórcio Pampulha Viva vem sendo desempenhando a contento, e as metas estão sendo alcançadas. E a qualidade da água está melhorando como disse Ricardo Aroeira, diretor de gestão de águas urbanas da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura.

No entanto, o presidente da CPI, vereador Juliano Lopes, diz que caso o acordo entre Copasa, Belo Horizonte e Contagem fosse cumprido poderia resolver o problema da lagoa da Pampulha. Se reduzir o lançamento de esgoto na lagoa, a despoluição avança.

É bom lembrar que o prefeito de BH, Fuad Noman e a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT) mais o presidente da Copasa, Guilherme Duarte assinaram acordo para acabar com o lançamento de esgoto na Pampulha. Com investimento de R$ 146.5 milhões, é a Copasa a responsável pelas obras, dentro de um prazo de cinco anos. “Então, se Copasa a conseguir cumprir esse compromisso que ela fez, vai ajudar muito”, disse.