23-04-2023 – 17h:04

De Inhotim

Soelson Barbosa Araújo*

O Instituto Inhotim, no município de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG), é a verdadeira conjunção e harmonia entre o Céu e a Terra, onde se encontra muita energia e inteligência do homem. Lá, o universo da arte em suas diversas faces interage magistralmente, diante da rica flora contrastando com as obras de artistas renomados, desde as fotografias, passando pelas apresentações teatrais, exposições de obras literárias com um forte apelo ao equilíbrio entre as belezas naturais.

Quem assistiu e acompanhou a tragédia dos trabalhadores da empresa mineradora, Vale S.A., vitimando e comprometendo a região e moradores circunvizinhos de Brumadinho, lembra que chocou o Brasil e o mundo inteiro, com a perda de centenas de vidas.

Ao transitar pelas ruelas com calçamento de lapa natural (uma espécie de granito retirado da beira dos rios) entre ricas vegetações e lagos maravilhosos, ornamentados pelas palmeiras, que cedem parte de seus troncos para as samambaias e uma diversidade de orquídeas, a gente não imagina que esse mesmo homem é também capaz de destruir essa mesma natureza para auferir lucros e mais lucros em suas empresas, colocando em risco a vida humana.

O Instituto Inhotim é considerado o maior museu a céu aberto do mundo; ele é composto de várias galerias que leva o nome de artistas contemporâneos, onde a Mata Atlântica e do Cerrado estão presentes, além de espécies vindas de várias partes do planeta.

O Instituto Inhotim foi idealizado na década de 1980 pelo empresário Bernardo Paz, mas em 2006 é   que foi efetivamente criado, e sua área geográfica transformada em museu, onde passou a abrigar sua coleção e arte modernistas, entre elas, Di Cavalcante, Portinari e Guignard.

Depois de dois anos Inhotim foi transformado em OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – pelo governo de Minas Gerais, sem fins lucrativos.

O empresário Bernardo Paz, idealizador de Inhotim, após a tragédia da mineradora Vale em Brumadinho ficou em evidência por diversos problemas judiciais; ele foi dono da mineradora Itaminas e diversas outras empresas focadas na área minerária e de siderurgia. Em 2010 a Itaminas foi vendida por 1,2 bilhão de reais para o grupo chinês GCI e em 2022, ele doou, definitivamente, 330 obras e 140 mil hectares de área que abriga em Brumadinho.

*Diretor do DM e autor do livro “Sobrevivente da Esperança”.