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Convém o MPMG examinar os casos de envenenamento por agrotóxico no Vale do Jequitinhonha

Convém o MPMG examinar os casos de envenenamento por agrotóxico no Vale do Jequitinhonha

A população ao redor dos maciços de eucaliptos está sendo envenenada, pelo ar, pela água e pelo que comem. Cânceres e doenças neurológicas aumentaram, é preciso fazer alguma coisa.

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30-03-2023 – 08h:00

Direto da Redação

Alberto Sena*

Ao presidente do Ministério Público mineiro, o montes-clarino Jarbas Soares Júnior convém examinar, com a maior urgência, a possibilidade de iniciar investigação dos empresários responsáveis pelo mar de monocultura de eucalipto plantado no Vale do Jequitinhonha (MG).

Mar esse que, além dos males causados por si só, como o empobrecimento cada vez maior da terra, que já não era boa, ao envenenamento dos lençóis freáticos e dos rios com os venenos também chamados de agrotóxicos usados na monocultura.

Neste momento em que o texto é escrito, os do Vale do Jequitinhonha estão comendo e bebendo veneno, literalmente.

Numa apuração, o Ministério Público irá perceber que o crescente número de doenças neurológicas e de cânceres têm causa relacionada aos venenos das monoculturas de eucalipto. Então, é justo os proprietários arcarem com indenizações para as pessoas afetadas.

Toda semana vem um ônibus do Vale cheio de gente com problemas de saúde para se tratar em Belo Horizonte, porque lá não há hospital para atendimento.

É o caso de o Ministério Público mover uma ação para que os donos dos eucaliptais, que vivem no conforto das capitais, arquem com a construção de um hospital bem aparelhado, a fim de atender esses pacientes, para evitar que tenham de viajar 18 horas toda semana, ida e volta, para tratamento na capital mineira.

A questão do perigo dos agrotóxicos vem desde décadas, no Brasil e me lembro bem disso porque na de 1970, o então presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, veio ao Brasil. Os assessores dele vieram na frente e o entregaram um livreto contendo o que devia e não devia fazer aqui.

Uma das coisas era não comer legumes, verduras e frutas com casca, porque continham resíduos de venenos-agrotóxicos.

E para quem ainda não sabe, o uso dos venenos nas lavouras começou depois da Segunda Guerra Mundial, quando as potências envolvidas tinham em depósitos armas químicas, e então alguém mais esperto do que os outros, perguntou:

- O que vamos fazer com isso?

O outro indagou e ele mesmo respondeu:

- Isso não mata gente? Então vamos jogar nas lavouras para matar inseto.

Desse dia em diante, a Alemanha por exemplo pôde acabar com os seus depósitos de armas químicas e como todos perceberam que a estratégia dera certo, Bayer, por exemplo, começou a vender tanto o veneno como o remédio. “Se é Bayer, é bom”, lembremos da publicidade.

Só que o governo Bolsonaro liberou 2.182 marcas de agrotóxicos em quatro anos, um recorde! Dessa quantidade assustadora, 98 são chamados de inéditos e 366 biológicos, de baixo impacto no ambiente.

Mas o que se sabe é que nenhum outro presidente aprovou tantos produtos, baseado na série histórica do Ministério da Agricultura.

Venenos que são espargidos até por avião; os insetos morrem e também os humanos, numa guerra fraticida. Carreados pelas chuvas para os rios e os lençóis freáticos, as consequências aumentam cada dia mais.

Numa situação dessa, os habitantes do Vale do Jequitinhonha devem recorrer a todos os meios legais para examinar a questão, dentro do aspecto humano, de saúde, alguém deve pagar por isso, daí já recorrer ao Ministério Público, que zela pelo bem da sociedade mineira.

Será que os empresários não têm olhos de ver o que estão fazendo deliberadamente com a população?

Normal seria o governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente estar ciente do problema e buscando uma solução. Mas como não é novo o problema e se agrava, o momento então exige uma ação jurídica do Ministério Público mineiro.

Com a palavra o presidente Jarbas Soares Júnior, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

*Editor Geral.

Reportagem da TV Record a 6 anos atrás ilustra bem a preocupação do Diário de Minas.  Apesar da gravidade, até hoje nada foi feito.

https://youtu.be/2bFHVPlEsUI

 

 
 

 

Imagem da Galeria Os rios, os ribeirões e os lençóis freáticos estão envenenados e envenenam o povo
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