Serra do Curral fica livre da Tamisa, o Iphan anulou a licença prévia da empresa
A Serra do Curral sempre foi o fascínio dos mineradores. Só a título de recordação, na década de 1970, a MBR, hoje Vale S.A., quase destruiu o cartão postal de BH
Direto da Redação
22-03-2023
17h:51
Desta vez, ao que parece, a Serra do Curral, cartão postal de Belo Horizonte, ficará livre da Taquaril Mineração S.A (Tamisa), que teve anulada a licença prévia que a autorizava a dar início às atividades minerárias.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tornou nula a autorização por descumprimento de “ritos administrativos”, segundo o presidente do Iphan, Leandro Grass.
Um documento neste sentido foi enviado ao governo do Estado por intermédio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) e também à Tamisa, que não cumpriu ritos do regulamento do Iphan.
Divulgado no início como “um dos maiores projetos de minério de ferro do país” teve três fases controversas e seria implantado ao longo de três décadas. Quando foi apresentado pela Cowan uma das proprietárias, ela remodela o projeto na tentativa de se moldar às exigências ambientais. Mas, ao final, encontrou o Iphan no meio do caminho.
A Serra do Curral sempre foi o fascínio dos mineradores. Só a título de recordação, na década de 1970, o Brasil sob ditadura militar, a empresa Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), quase destrói o frontispício do cartão postal, não fosse a reação da imprensa da época.
A intenção da empresa, hoje da Vale S.A, era abrir o buraco que abriu atrás da serra, na frente, de modo que em 15 anos de exploração segundo estudos da Fundação João Pinheiro, o terreno ficaria ao mesmo nível da Praça da Rui Barbosa, Praça da Estação chamada.
A impressa da época denunciou a barbaridade e o poeta Carlos Drummond também, diretamente do Rio de Janeiro, de modo que a MBR não alternativa, foi à Europa buscar tecnologia para operar na serra sem destruir o frontispício.
Resultado, abriu o buraco atrás da serra – e quê buraco! – de cerca de 300 metros de profundidade. Há anos o buraco está sendo alimentado por um córrego e só ficará cheio, segundo previsão, em 2025.
Mas a Serra do Curral sempre despertou a cobiça porque é rica de minério de ferro e em seu meio, ouro. É o que dizem.