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Pela primeira vez na história da humanidade, os filhos não são melhores do que os pais

Pela primeira vez na história da humanidade, os filhos não são melhores do que os pais

Cabem aos senhores pais, disciplinar, com a maior urgência, o uso de televisão, computadores e celulares dos filhos pequenos, senão eles vão crescer com “mente preguiçosa”.

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21-03-2023

08h:07

Bento Batista*

“A fábrica de cretinos digitais”, é o título de livro do neurologista francês, Michel Desmurget por meio do qual ele constata que, pela primeira vez na humanidade os filhos não demonstram ser melhores do que os pais.

A causa disso, segundo ele, pode estar ligada a uma série de fatores como a poluição atmosférica, o uso excessivo de agrotóxicos encontrados nos alimentos. Mas ao final, ele mete o dedo numa ferida que os pais não querem ver ao dizer que a causa maior é o tempo dos nossos jovens perdidos diante de uma tela de computador ou de celular.

Empiricamente, ao comentar a conclusão do neurologista, nem era necessário fazer estudos acerca do assunto quando se pode constatá-lo ao vivo e em cores todos os dias logo depois de a tecnologia substituir aquilo que as gerações anteriores faziam e funcionava bem como um propulsor para catapultar as gerações de uma para outra.

Nós que já estamos na terceira infância sabemos o quanto foram importantes todas essas histórias de fadas, lendas, fábulas e a leitura de livros na infância, assim que fomos alfabetizados.

Mais ainda, estar em contato telúrico, os pés descalços no chão em meio à natureza, ouvir músicas, apreciar as artes e a prática de esportes. Tudo isso funcionava como exercício à criatividade para uma infância saudável, porque estava intimamente relacionado com o crescimento mental e neurológico.

Isso somado às brincadeiras da infantis, os jogos de bente altas, pegador, salva bandeira, bolinha de gude, finca e empinar papagaio de papel, tudo isso funcionou como alicerce mental para a geração que começa a dobrar o cabo da boa esperança.

As crianças dos nossos dias não brincam as brincadeiras próprias para elas. Não andam descalças na terra.

Passam horas entretidas com os joguinhos de computador, quando não na internet mesmo atraídas pelas novidades. Veem, mas não criam nada, recebem tudo pronto. Fazem isso e muito mais sem saírem do lugar, sentadas, quando podiam estar praticando algum esporte ou lendo um livro.

Diante dessa situação vivida nos nossos dias, ou os senhores pais entram numa de disciplinar o uso dos eletrônicos diariamente, substituindo-os por livros e atividades físicas e estimulantes da criatividade ou teremos em pouco tempo uma geração que se enquadra no título do livro com o qual iniciei este texto.

Isso somado aos analfabetos funcionais que as escolas têm formado, as perspectivas de um Brasil sonhado pelo educador professor Darcy Ribeiro serão natimortas.

Os pais de crianças não podem mais achar que televisão ou celular e computador são babás eletrônicas. É fundamental atentar para essa questão, que é nova, fruto de uma sequência ininterrupta de atividades que estão a tornar a mente das crianças preguiçosas. Muitas saem das escolas sem saber redigir um bilhete, o que é no mínimo uma lástima.

Essa situação está a exigir uma tomada de posição por parte dos educadores de modo geral. Não se trata de impedir o acesso das crianças aos computadores e aos celulares. Necessário se faz estabelecer um tempo para o uso, o que o neurologista Michel Desmurget sugere, uma hora por dia.

Ou essas iniciativas paternas sejam tomadas o mais depressa possível, ou não haverá mais tempo de salvar a formação mental de milhões de crianças. Quem será prejudicada são elas próprias e a sociedade, que estará fadada a conviver com gente a sofrer de “menosquência”.

*Jornalista e escritor.

Imagem da Galeria É importante prestar atenção nas nossas crianças porque o QI delas está baixando
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